Merkel admite dificuldades em cumprir metas do Acordo de Paris
Na conferência do clima em Bona chanceler alemã promete, no entanto, que o país vai trabalhar para o fazer.
A chanceler alemã, Angela Merkel, já foi conhecida como “a chanceler do clima” pelo seu papel nas negociações para metas ambiciosas de redução de emissões de CO2. Mas na Conferência do Clima em Bona (COP23), Merkel é a anfitriã cujo país pode não cumprir a meta de emissões estabelecida e mais, é a política que está a negociar um Governo em que um partido ecologista já aceitou diminuir as suas exigências em relação ao fim de centrais eléctricas a carvão e automóveis a gasolina e diesel.
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A chanceler alemã, Angela Merkel, já foi conhecida como “a chanceler do clima” pelo seu papel nas negociações para metas ambiciosas de redução de emissões de CO2. Mas na Conferência do Clima em Bona (COP23), Merkel é a anfitriã cujo país pode não cumprir a meta de emissões estabelecida e mais, é a política que está a negociar um Governo em que um partido ecologista já aceitou diminuir as suas exigências em relação ao fim de centrais eléctricas a carvão e automóveis a gasolina e diesel.
No seu discurso, Merkel admitiu que é preciso mais acção contra o aquecimento global do que as medidas previstas no Acordo de Paris – que o Presidente norte-americano, Donald Trump, pretende agora deixar. “Sabemos que o acordo de Paris é um começo”, disse a chanceler. “Também sabemos que de acordo com os compromissos actuais, não vamos cumprir o objectivo de 2 ou 1,5 graus”, disse, referindo-se à meta de limitar o aumento médio da temperatura para abaixo dos dois graus em relação à média dos anos 1990. Trump não esteve presente na cimeira, em que a Alemanha é anfitriã juntamente com as ilhas Fiji, onde são sentidas as consequências da subida do nível das águas provocada pelo aquecimento global.
A cimeira e a altura em que decorre foi uma oportunidade para críticas a Merkel, e não só. O diário Die Zeit chamava a atenção para que a promessa de reduzir as emissões de CO2 em 40% até 2020 deverá ficar-se pelos 32%. O jornal vai tão longe que compara Merkel e Trump – “Ambos fazem muito pouco”.
Aproveitando também o timing, a associação ambientalista Greenpeace enviou uma carta ao partido ecologista alemão criticando a decisão de aceitar, demasiado cedo, uma cedência na data para a retirada das centrais a carvão da rede de produção eléctrica – a carta do responsável da organização ambientalista Martin Kaiser foi obtida e divulgada pelo diário Süddeutsche Zeitung.
Merkel esteve presente na cimeira durante um pequeno intervalo nas conversações para a coligação de Governo que entraram numa fase de maratona decisiva, prevendo-se que esta primeira fase termine esta quinta-feira – durante o dia ou já à noite. Admitindo que “não é fácil” cumprir as metas estabelecidas, Merkel sublinhou que é preciso ter em conta que há uma “questão social e de postos de trabalho” ligada à redução de emissões, e ainda à possibilidade de “ter energia que possa ser paga”, mas prometeu que o país "vai trabalhar para isso".
Sublinhando que esta é uma questão central nas pré-negociações para Governo, alvo de “discussões intensas”, Merkel diz que “o modo exacto como vamos fazer isso [diminuir as emissões sem prejudicar a sociedade] é o que vamos discutir nos próximos dias”.