O Outono chegou e a seca continua. Reservas do Minho e do Douro com “mínimos históricos”
A severidade da seca costuma atenuar com a chegada do Outono, mas este ano há um agravamento, diz o IPMA. A escassa precipitação e consequente seca extrema afectam a quantidade de água disponível na península.
As reservas de água das bacias hidrográficas do Douro e do Minho registam “mínimos históricos”, avançou o El País nesta terça-feira, com base na análise dos dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura espanhol, que mantém o registo desde 1990: o Douro está a 29,8% da sua capacidade total e o Minho a 38,6%. Só tinham sido registados valores similares em 1994 e 1995, mas não nesta altura do ano.
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As reservas de água das bacias hidrográficas do Douro e do Minho registam “mínimos históricos”, avançou o El País nesta terça-feira, com base na análise dos dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura espanhol, que mantém o registo desde 1990: o Douro está a 29,8% da sua capacidade total e o Minho a 38,6%. Só tinham sido registados valores similares em 1994 e 1995, mas não nesta altura do ano.
A justificação é a seca, que não afecta só Espanha: os dados mais recentes do IPMA mostram que quase todo o território continental português está numa situação de seca extrema, algo que não é normal no início do Outono e que surge como consequência da diminuição da precipitação média anual.
A seca foi a responsável por não haver vestígios de água na nascente do rio Douro, nos Picos de Urbión, na província espanhola de Soria, conforme noticiou o PÚBLICO na semana passada. “Nunca tinha visto uma coisa assim num mês de Novembro e a maioria dos vizinhos da zona também não”, disse à agência Efe o autarca da região, Alberto Abad.
O estado desta nascente alertou para a problemática da seca e para as consequências nos caudais dos rios, razão que leva Portugal e Espanha a debaterem este tema numa reunião agendada para 27 de Novembro, no Porto, segundo a Lusa. O encontro é promovido pela Comissão para a Aplicação e o Desenvolvimento da Convenção de Albufeira (CADC), responsável pela coordenação da gestão das águas dos rios comuns.
Tal como em Espanha, a situação em Portugal é grave. “Todo o território de Portugal continental encontra-se em situação de seca severa (24,8%) e seca extrema (75,2%), lê-se no Boletim Climatológico relativo ao mês de Outubro, emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que refere ainda que Outubro foi o mês “mais seco dos últimos 20 anos”. No mesmo relatório diz-se ainda que o mês passado “foi extremamente seco e excepcionalmente quente”, tendo sido o mês de Outubro “mais quente dos últimos 87 anos”.
Ao contrário do “desagravamento significativo” da severidade da seca registado em anos anteriores no início do Outono, em 2017 “verificou-se em igual período um agravamento das classes de maior severidade”, escreve o IPMA. E o agravamento da situação afecta “quase todo o território”. Até ao final de Outubro, “os valores de água no solo eram inferiores a 20%” em grande parte das regiões do interior e Sul do país, ainda segundo o relatório do IPMA.
A seca em Portugal tem-se tornado evidente em diversas barragens do país e o Governo anunciou medidas para mitigar o problema que vão desde a gestão de albufeiras (com o reforço de reservas em todas elas ou a retirada de peixe) até à abertura de furos e à pré-contratação de camiões-cisterna para fazer face a algum problema de abastecimento de água.
“Este Governo orgulha-se do que fez, tem feito e vai fazer” relativamente à seca, disse na semana passada o ministro do Ambiente, José Matos Fernandes, ainda que reconheça que o problema da seca vá perdurar durante os próximos anos. Também Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os autarcas e o Governo estão a fazer "o que podem" para resolver o problema o mais rapidamente possível.