Bombas de insulina e medidores de glicose: o que muda na vida de um diabético

Há dispositivos mais cómodos para administrar insulina e medir a glicose no sangue de pessoas com diabetes tipo I, agora, comparticipados pelo Estado. São alternativas às picadas diárias nos dedos e canetas de insulina.

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Manuel Roberto

O Estado vai comparticipar a 85% um medidor de glicose no sangue que evita as sucessivas picadas nos dedos a que estão sujeitos as pessoas com diabetes tipo I. Como anunciou esta segunda-feira a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), o dispositivo médico FreeStyle Libre, da empresa Abbott, deve chegar a cerca de 15 mil diabéticos tipo I durante o primeiro ano e pode ser usado por todos os doentes com mais de quatro anos.

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O Estado vai comparticipar a 85% um medidor de glicose no sangue que evita as sucessivas picadas nos dedos a que estão sujeitos as pessoas com diabetes tipo I. Como anunciou esta segunda-feira a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), o dispositivo médico FreeStyle Libre, da empresa Abbott, deve chegar a cerca de 15 mil diabéticos tipo I durante o primeiro ano e pode ser usado por todos os doentes com mais de quatro anos.

Há cerca de um ano, dez mil pessoas já tinham assinado uma petição a pedir a comparticipação deste dispositivo.

Como funciona e o que muda isto na vida de um diabético? “Este dispositivo, que é colocado debaixo da pele e é mudado ao fim de 15 dias, está sempre a medir os níveis de glicose no sangue. Evita assim várias picadas no dedo ao longo do dia e permite um maior controlo das baixas de açúcar” no sangue (hipoglicemias), explica Cristina Valadas, coordenadora do Programa Nacional para a Diabetes.

O doente pode ver “quantas vezes quiser” os seus valores de glicose passando um dispositivo de leitura, semelhante a um telemóvel, naquela zona posterior do braço onde é colocado o dispositivo.

Custava 170 euros

Este dispositivo custava, logo à partida, 170 euros, mais 120 euros para as renovações todos os meses. Esta comparticipação “é um grande avanço” e por ser o fim dos tradicionais glicómetros, tece Cristina Valadas.

A diabetes tipo I é a forma menos frequente da doença (menos de 10% dos casos totais de diabetes), mas a que provoca total dependência de injecções de insulina diárias para controlar os níveis de glicose. É uma doença auto-imune, causada pela destruição das células produtoras de insulina do pâncreas pelo sistema de defesa do organismo.

Bombas de insulina

Medida a glicose, pode ser necessário injectar insulina. “O que as pessoas normalmente fazem com uma caneta, pode ser feito com uma bomba de insulina”, um aparelho electrónico que é programado pelo médico para administrar microdoses de insulina directamente para o organismo. O que também evita múltiplas picadas. E estará na posse de todas as crianças e jovens com diabetes tipo I até ao final de 2019, caso seja cumprido o plano da Direcção-Geral de Saúde.

Denominados como sistemas subcutâneos de perfusão contínua de insulina (dispositivos PSCI), estes dispositivos incluem a bomba propriamente dita, onde fica reservatório de insulina, que é administrada através de um pequeno tubo e uma agulha, trocados a cada dois ou três dias. A bomba pode ser colocada no bolso, presa à cintura ou uma peça de roupa.

Neste momento e até ao final do ano, estão a ser entregues bombas de insulinas às crianças até aos 10 anos. No próximo ano, são abrangidas as crianças até aos 14 anos. No prazo de dois anos, todos os diabéticos em idade pediátrica devem ter as suas bombas de insulina.

Em 2015, havia em Portugal 3327 crianças e jovens (dos 0 aos 19 anos) com diabetes tipo I, de acordo com o relatório anual do Observatório Nacional da Diabetes, o que corresponde a 0,16% da população pediátrica portuguesa.