Empresa espanhola terá pago milhões de euros à Fundação Eduardo dos Santos
Em causa estão comissões pagas durante a construção de um mercado em Luanda. Cidadão português será intermediário da operação.
A empresa pública espanhola Mercasa terá pago milhões à fundação do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, avança o jornal El Mundo. Segundo uma investigação levada a cabo pela unidade de combate à corrupção do Ministério Público espanhol, foi entregue à fundação 2% do valor facturado na construção de um mercado de abastecimento em Luanda. Segundo a procuradoria, o valor da empreitada poderá ter ascendido aos 533 milhões milhões de euros, o equivaleria a uma comissão de 10 milhões de euros para a Fundação Eduardo dos Santos (Fesa).
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A empresa pública espanhola Mercasa terá pago milhões à fundação do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, avança o jornal El Mundo. Segundo uma investigação levada a cabo pela unidade de combate à corrupção do Ministério Público espanhol, foi entregue à fundação 2% do valor facturado na construção de um mercado de abastecimento em Luanda. Segundo a procuradoria, o valor da empreitada poderá ter ascendido aos 533 milhões milhões de euros, o equivaleria a uma comissão de 10 milhões de euros para a Fundação Eduardo dos Santos (Fesa).
Os advogados da fundação afirmam que a facturação da empreitada teve um valor menor que o indicado, uma vez que havia um contrato maior, no valor de quase 200 milhões de euros, que acabou por ser cancelado. Se a afirmação se verificar correcta, o valor da empreitada do mercado terá mesmo assim superado os 300 milhões de euros, o que significa que estaria em causa uma comissão ainda assim superior 6 milhões de euros paga à Fesa, diz o El Mundo.
Segundo o mesmo jornal, crê-se que estes 2% tenham tido origem em fundos públicos angolanos pagos ao consórcio público-privado da Mercasa, a empresa que construiu o mercado. Suspeita-se que o pagamento da comissão tenha tido como intermediário Guilherme Taveira, um cidadão português. A casa do suspeito, em Linda-a-Velha, Portugal, tinha sido alvo de buscas em 2014 devido a outra investigação judicial, esta relacionada com uma venda de armas em que desapareceram 100 milhões de euros. Naquela operação foram encontrados dados bancários e anotações sobre diferentes pagamentos, tendo sido também analisada troca de correspondência electrónica. É partir daí que terá nascido este novo processo.
Taveira, que é suspeito de ter remetido à Fesa o dinheiro recebido, é alvo de um mandado internacional de detenção, sendo o seu paradeiro incerto.