Quem matou Sharon Stone?
Mosaic não é bem uma série de televisão nem um filme. “É outra coisa”, diz Steven Soderbergh. Um policial que permite aos espectadores escolher o seu próprio caminho até ao assassino.
O Google sabe: o nome de Steven Soderbergh, realizador da trilogia Ocean, está a ser associado ao “futuro” da forma como contamos histórias. Umas das sugestões que o motor de pesquisa nos apresenta à medida que vamos escrevendo o nome do cineasta é “Steven Soderbergh future of storytelling”. O motivo é Mosaic, uma série de televisão pensada para ser interactiva e permitir que os espectadores percorram caminhos narrativos distintos.
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O Google sabe: o nome de Steven Soderbergh, realizador da trilogia Ocean, está a ser associado ao “futuro” da forma como contamos histórias. Umas das sugestões que o motor de pesquisa nos apresenta à medida que vamos escrevendo o nome do cineasta é “Steven Soderbergh future of storytelling”. O motivo é Mosaic, uma série de televisão pensada para ser interactiva e permitir que os espectadores percorram caminhos narrativos distintos.
Os momentos revolucionários são raros. E talvez este não seja um deles. Mosaic é uma série criada para ser vista e manobrada através de uma aplicação para smartphones (disponível para iOS e Apple TV, nos EUA), com capítulos de duração variável encadeados a gosto. As palavras-chave são “aplicação” e “smartphone”, porque o resto está aí há décadas. O público português lembrar-se-á, por exemplo, de uma versão rudimentar: o programa Agora Escolha, que Vera Roquette apresentou na RTP entre 1986 e 1994.
O interesse pela ficção “interactiva” nunca foi muito. Há, contudo, quem argumente que este é o tempo certo para narrativas não-lineares. E que Mosaic é o projecto que o pode aproveitar: é bastante mais sofisticado do que uma votação por telefone (ou do que outras tentativas mais recentes), tem um elenco com alguns actores bem conhecidos e ainda a chancela da HBO — que vai passar a produção como uma série normal em Janeiro nos EUA.
Na íntegra, Mosaic tem sete horas e meia. Soderbergh e o co-argumentista Ed Solomon (Redenção) escreveram e filmaram os capítulos tendo em conta todas as combinações que podem ser feitas, para que tudo encaixe sem revelar inadvertidamente parte da história e para que seja possível escolher caminhos ou voltar atrás de cada vez e ver sempre todas as opções.
Os criadores não gostam de olhar para isto como um jogo. Nem como uma série ou um filme. “É outra coisa”, disse Soderbergh ao The Verge. É um mistério. Um policial, que tem como ponto de partida o assassínio da personagem interpretada por Sharon Stone, e que é construído sem esquecer a forma. Como se desenrola a investigação ao homicídio é opção do espectador. Afinal, “as escolhas que faz, os lados que escolhe, têm consequências”.
A rubrica Tecnologia encontra-se publicada no P2, caderno de Domingo do PÚBLICO