Kim chamou-lhe “velho”, Trump responde: “Nunca lhe chamaria baixo e gordo”
O Presidente norte-americano “tweetou” que tenta arduamente ser amigo do homólogo coreano, num ano de ameaças crescentes da Coreia do Norte.
O Presidente dos Estados Unidos disse, num tweet que publicou neste domingo, que o líder norte-coreano Kim Jong-un o insultou, chamando-lhe “velho”, e acrescentando que nunca chamaria “baixo e gordo” ao líder norte-coreano.
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O Presidente dos Estados Unidos disse, num tweet que publicou neste domingo, que o líder norte-coreano Kim Jong-un o insultou, chamando-lhe “velho”, e acrescentando que nunca chamaria “baixo e gordo” ao líder norte-coreano.
Numa série de tweets depois de participar da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla inglesa) no Vietname, em que também disse que o Presidente chinês, Xi Jinping, estava “a avaliar sanções” contra a Coreia do Norte, Trump mostrou-se magoado. “Por que Kim Jong-un me insulta, chamando-me de ‘velho’, quando eu nunca o chamaria de ‘baixo e gordo’? Bem, eu tento arduamente ser seu amigo - e talvez algum dia isso aconteça!”
Um tom quase infantil que contrasta com a voz grossa que usou no discurso perante a Assembleia Nacional da Coreia do Sul, na terça-feira, dirigido à Coreia da Norte: “Não nos subestimem. E não nos testem. As armas que vocês estão a adquirir não vos vão tornar mais seguros, antes estão a colocar o vosso regime em grave perigo. Cada passo dado nesse caminho sombrio aumenta o perigo que vocês enfrentam”.
No sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte emitiu um comunicado duro de resposta às mensagens que Trump tem deixado no périplo pela Ásia: “As observações imprudentes de um velho lunático como Trump nunca nos assustarão nem pararão o nosso avanço. Pelo contrário, tudo isso nos torna mais seguros de que a nossa escolha de promover o desenvolvimento económico em simultâneo com o desenvolvimento de nossa força nuclear é ainda mais justa, e empurra-nos para acelerar o esforço de completar a nossa força nuclear”.
No domingo, após a série de tweets em que se dirige a Kim Jong-un, Donald Trump admitiu aos jornalistas que seria possível vir a ser amigo do líder coreano, mas não estava certo de que isso viria a acontecer: “Isso pode ser uma coisa estranha, mas é uma possibilidade. Se acontecer, pode ser uma coisa boa, posso dizer-lhe, para a Coreia do Norte, mas também pode ser bom para muitos outros lugares e bom para o resto do mundo. Poderia ser algo que poderia acontecer. Eu não sei se vai acontecer, mas seria muito, muito bom”.
A troca de insultos e ameaças acontece em plena escalada de tensões sobre os programas nucleares e de mísseis de longo alcance de Pyongyang. A Coreia do Norte realizou o seu sexto e mais poderoso teste nuclear a 3 de Setembro, o que conduziu a mais sanções da ONU ao país.
Nessa altura, Kim descreveu Trump como “caquético americano mentalmente perturbado” a quem ele “domaria com fogo”. Comentários que surgem depois de o Presidente dos EUA ter ameaçado, no seu primeiro discurso nas Nações Unidas, “destruir totalmente” o país de 26 milhões de pessoas se os Estados Unidos estivessem sob ameaça.
Depois do ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Ri Yong Ho, se ter dirigido à Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro, Trump reagiu desta forma no Twitter: “Se ele faz eco do pensamento do Pequeno Rocket Man, eles não vão andar por aí muito mais tempo”.
Durante a visita de Trump a Pequim na semana passada, Xi reiterou que a China se esforçaria para a desnuclearização da península coreana, mas não deu qualquer pista de que a China mudaria a estratégia face à Coreia do Norte, país ao lado do qual lutou contra os EUA na guerra da Coreia de 1950-53.
Trump quer mediar disputas no mar da China
A passagem do Presidente dos Estados Unidos pelo Vietname fica também marcada por se ter oferecido ao seu homólogo vietnamita para ser mediador nas disputas territoriais no Mar do Sul da China. Trump disse a Tran Dai Quang que tinha conhecimento da disputa do Vietname com a China sobre as águas estratégicas, e sublinhou ser “um muito bom mediador e muito bom árbitro”, disposto a ajudar.
O Presidente norte-americano falava com o homólogo vietnamita no início dos seus encontros em Hanoi, penúltimo destino no périplo pela Ásia, que termina nas Filipinas. Trump disse que a Coreia do Norte “continua a ser um problema” e espera que o Presidente chinês Xi Jinping seja “uma tremenda ajuda”, bem como a Rússia.
O Governo chinês reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, incluindo zonas perto das costas do Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei, Tailândia, Cambodja, Birmânia, Laos, Indonésia e Singapura. Nos últimos anos, Pequim reforçou a presença neste mar estratégico através da construção de ilhas artificiais que podem ser usadas como bases militares, apesar de o tribunal internacional de Haia ter considerado as reivindicações marítimas chinesas ilegítimas.
Trump e Quang falaram brevemente aos jornalistas após a chegada do chefe de Estado norte-americano ao palácio presidencial em Hanoi, com Trump a prometer “uma tremenda quantidade de comércio” com o Vietname, envolvendo “milhares de milhões” de dólares.