Nem muçulmano, nem "antifa": as mentiras sobre o autor do massacre no Texas
Boatos e imagens falsas do atirador do Texas tentam lançar a confusão e promover determinadas agendas políticas nas redes sociais.
Perfis falsos nas redes sociais, nomes incorrectos e informações fradulentas. São vários os boatos que correm sobre o autor do ataque de domingo a uma igreja baptista no estado norte-americano do Texas, com o propósito de desinformar, de promover determinadas agendas políticas ou mesmo de gerar visitas a sites. E são partilhados como verdades absolutas e citados até por políticos ou figuras com alguma credibilidade.
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Perfis falsos nas redes sociais, nomes incorrectos e informações fradulentas. São vários os boatos que correm sobre o autor do ataque de domingo a uma igreja baptista no estado norte-americano do Texas, com o propósito de desinformar, de promover determinadas agendas políticas ou mesmo de gerar visitas a sites. E são partilhados como verdades absolutas e citados até por políticos ou figuras com alguma credibilidade.
O BuzzFeed fez uma lista com algumas das histórias falsas que estão desde domingo, quando pelo menos 26 pessoas foram mortas a tiro em Sutherland Springs.
1. Não, não foi (outra vez) o Sam Hyde
Uma das histórias que começaram a circular logo no domingo era a de que o autor do atentado seria Sam Hyde. A referência a este nome não é inédita, e repete-se a cada novo massacre em solo norte-americano, como já tinha contado a Forbes em Junho de 2016.
Trata-se de uma partida com origem no fórum 4chan: Sam Hyde é apenas um humorista norte-americano sem qualquer relação com estes crimes (ou com o 4chan). No entanto, o nome foi referido na CNN pelo político republicano Vicente González.
2. O youtuber desaparecido
Esta mentira não está directamente relacionada com a identidade do atirador, mas é mais uma espécie de partida que se repete a cada tragédia deste género: a divulgação de imagens de um jovem alegadamente desaparecido que não responde às tentativas de contacto de familiares e amigos.
A imagem corresponde a um jovem youtuber, que está a salvo e bem longe do local do ataque de domingo. Tal como também estava em segurança quando o seu suposto desaparecimento foi falsamente noticiado no ataque após o concerto de Ariana Grande em Manchester, no Reino Unido, em Maio deste ano.
3. Uma vítima apresentada como atacante
A conta BNL News, associada a um grupo de apoiantes de Trump, apesar de se apresentar como uma conta responsável pela partilha de notícias, tem divulgado várias informações não verificadas ou falsas. Uma delas foi a de que o atirador seria um homem identificado como Chris Ward. Na realidade, trata-se uma das vítimas do ataque de domingo.
4. Supostas ligações ao movimento "antifa"
Alguns grupos e personalidades da extrema-direita têm alegado que o atirador tem ligações aos "antifas", uma constelação difusa de indivíduos que se opõem ao fascismo, racismo e sexismo, e que têm contestado as medidas da Administração Trump contra a imigração e a entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana nos EUA, por vezes com recurso a actos de vandalismo e violência física. Esta acusação baseia-se em imagens falsas de supostos perfis do atirador nas redes sociais. De acordo com as autoridades norte-americanas, não existe qualquer prova de ligações entre Devin Kelley e este movimento de extrema-esquerda.
5. Supostas militância no Partido Democrata
Outros grupos e indivíduos, também com base num perfil falso no Facebook, afirmam que Devin Kelley era um apoiante do Partido Democrata.
6. Terrorismo jihadista?
Um outro site identifica o atirador como um norte-americano que se teria convertido ao islamismo, uma acusação que já tinha sido feito em relação ao autor do massacre em Las Vegas. A teoria foi partilhada por uma conta de Twitter falsa de Julian Assange.