Shhhh! Vamos tentar o silêncio, agora

Temos de encontrar o nosso Pólo Sul. É esse o lema do norueguês Erling Kagge, explorador, editor, coleccionador de arte contemporânea e escritor que nos aproxima do silêncio num mundo cheio de ruído.

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Simon Skreddernes

Erling Kagge, o primeiro explorador a atingir os “três pólos” (o Norte, o Sul e o Evereste), tem muitas histórias para contar, mas escolheu o silêncio.

Em 1992/93, foi a primeira pessoa a chegar, sozinha, ao Pólo Sul, após uma travessia de 52 dias a esquiar. A companhia proprietária do avião que o transportou até à orla norte da Antárctida obrigou-o a levar um rádio a pilhas. Antes de sair do avião, Kagge deitou as pilhas para o lixo.

A Antárctida, de todos os lugares onde já esteve (e foram muitos), é o lugar mais silencioso do mundo. Enquanto caminhava, sozinho até ao Pólo Sul, à parte os ruídos que ele próprio fazia, não se ouvia mais nenhum ruído humano.

Em Oslo, onde vive, sentia que passava os dias em piloto automático e dificilmente encontrava esse silêncio de outrora. Foi por isso que, depois de ter tido uma conversa sobre a importância do silêncio com as filhas — Ingrid, Solveig e Nor —, resolveu escrever um livro sobre o tema: Silêncio na Era do Ruído, editado em Portugal pela Quetzal.

É essa a razão que nos leva a estarmos sentados no chão, encostados a uma das paredes da movimentada sala dos agentes literários na Feira do Livro de Frankfurt, às duas da tarde de uma quinta-feira, um dia atarefado como são todos naquela feira na Alemanha. Entre reuniões, o editor Erling Kagge arranjou tempo para conversar sobre o livro que o tem levado a percorrer o mundo, em promoção e a dar palestras, e o trará a Lisboa esta semana para conversar com jornalistas.

“As minhas três filhas adolescentes pouco sabem sobre o que é o silêncio. Conhecem o silêncio quando não recebem respostas nos seus telemóveis. Se somos adolescentes, na Noruega e acredito que em Portugal também, é como se os iPhones fizessem parte do nosso corpo. O silêncio para elas é quando nada acontece, quando não há amigos a quem dar respostas, quando não há interacção nas redes sociais. Isso é o silêncio, que é também sinónimo de aborrecimento, solidão, tristeza, frustração”, conta Erling, que entretanto já se descalçou e abandonou os ténis brancos ao seu lado.

Com formação em Direito e Filosofia, o editor da Kagge Forlag, uma das editoras mais lucrativas da Noruega, que fundou em 1996 com o intuito de conseguir vender literatura de qualidade em supermercados, sabe hoje, ao contrário do que pensava quando era mais novo, que “o estado normal do nosso cérebro é o caos”.

Muitas vezes opta por fazer não importa o quê, em vez de tentar enfrentar-se em silêncio. Ou como dizia o filósofo e físico francês Blaise Pascal, que cita no livro: “Todos os problemas da humanidade decorrem da incapacidade de o homem ficar tranquilamente sentado sozinho no seu quarto.”

Como administrador de uma casa que publica mais de cem livros por ano — desde as obras da Nobel da Literatura 2015, Svetlana Alexievich, a best-sellers como o livro de Lars Mytting Norwegian Wood: Chopping, Stacking and Drying Wood the Scandinavian Way sobre como melhor preparar madeira para a lareira —, tem sempre alguma coisa para fazer.

“Há sempre alguém a mandar-me mensagens à espera que eu lhe responda. Por isso, também eu estava a viver uma vida em alguma medida sem silêncio interior. Quando dei uma conferência sobre silêncio àqueles alunos na Escócia, de que falo no livro, percebi que estavam, não posso dizer desesperados, mas quase, para saber mais sobre silêncio. Como já tinha escrito vários livros, podia dedicar-me ao tema. Tinha três perguntas— O que é o silêncio? Onde é que se encontra? Por que razão é agora mais importante do que era antes? — e passei um ano e meio a encontrar 33 tentativas de respostas”.

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O verdadeiro luxo serve-se em camadas

Até agora, Silêncio na Era do Ruído, cujos direitos de publicação foram já vendidos para 29 países, é o terceiro livro de não-ficção mais vendido na Noruega (em primeiro está A Expedição da ‘Kon-Tiki’ em Jangada pelos Mares do Sul do norueguês Thor Heyerdahl e em segundo O Livreiro de Cabul da jornalista norueguesa Åsne Seierstad).

Erling sabe que no mercado editorial existem muitos outros livros sobre o silêncio — leu muitos deles —, mas nenhum conseguiu este feito. Quando se inicia a leitura, podemos ser levados a pensar que se trata de um livro de auto-ajuda. Não nos revela nada de extraordinário, mas à medida que se vai avançando fica mais complexo.

Se fizermos o que autor nos vai desafiando a fazer — ir ao YouTube ver John Cage a falar sobre o silêncio e ouvir a sua peça 4’33’’; ir assistir às gravações das performances da artista Marina Abramovic, que transformou o silêncio em arte; ou investigar os vários filósofos que cita, bem como as 36 perguntas que o psicólogo Arthur Aron formulou para conseguir que pessoas que não se conheciam se apaixonassem numa experiência de laboratório (pedindo-lhes também que ficassem quatro minutos em silêncio olhos nos olhos) —, percebemos que o livro tem várias camadas.

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Erling quis "escrever um pequeno mas profundo ensaio filosófico sobre uma coisa que realmente acho importante"

Ao escrevê-lo, Erling não o quis tornar demasiado complicado, quis usar uma linguagem simples e ser breve. Conseguiu. “Não queria que as pessoas passassem as noites a ler sobre o silêncio”, sorri. “Queria escrever um pequeno mas profundo ensaio filosófico sobre uma coisa que realmente acho importante. Se não nos relacionarmos com o livro, pode ser considerado básico. Mas se nos relacionarmos com aquilo sobre que estou a escrever, é realmente complicado.”

A única explicação que encontra para o sucesso mundial desta obra é o facto de muitos leitores terem a mesma experiência que ele, no sentido de sentirem que o silêncio é muito mais assustador para nós do que o luxo, a que se atribui muitas vezes um estatuto de felicidade, por exemplo.

“Muitos acham que o luxo são malas de plástico feitas pela Louis Vuitton. Mas o silêncio é o verdadeiro luxo do nosso tempo. Não se trata de uma tendência. Não é o equivalente a ter-se decidido há três anos começar a comer salada de couve, este ano decidir-se entrar em recolhimento e experimentar o silêncio e daqui a três anos estar-se a fazer outra coisa qualquer. Não é disso que se trata”, contrapõe, acenando a um colega da editora que passa apressado à nossa frente.

No livro conta que ficou encantado quando uma das filhas definiu o silêncio da seguinte maneira: “É a única necessidade que aqueles que andam sempre em busca da última tendência de luxo nunca conseguirão satisfazer.”

O silêncio “é profundamente humano e precisamos dele”, diz. Lembra que não é só agora, acontece desde sempre. Mas hoje tudo é extremo, com todos os barulhos à nossa volta. “Não se trata só de sons, são também distracções e expectativas. O telemóvel constantemente a fazer bip-bip, o barulho do rádio nos carros que circulam na rua, tudo faz parte do ruído que nos rodeia. Se compararmos com o que acontecia há três anos, tudo se tornou ainda mais extremo.” Mas acredita que os seres humanos são todos muito parecidos e precisam todos da mesma coisa, e que essa “abundância de actividades” pode levar “ao sentimento de pobreza experiencial”. A ideia de que o nosso aborrecimento pode ser evitado procurando sempre algo de novo ou estando disponível o dia inteiro “é ingénua”.

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cortesia Simon Skreddernes

Para cada um, o seu silêncio

Quando começou a sua pesquisa, Erling Kagge achava que poderia encontrar o silêncio absoluto e queria saber se o silêncio total existe. Leu vários livros sobre pessoas que tentavam encontrar o mais silencioso dos sítios, iam para mosteiros, praticavam mindfulness e meditação, iam para o deserto. Tudo isto era muito interessante, mas não era aquilo em que ele estava interessado. “Era tudo demasiado complicado, devia ser mais simples. Depois descobri que o silêncio absoluto, para os meus standards, não existe. É tudo o mesmo barulho.”

Foi ao IRCAM — Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique em Paris, ao pé do Pompidou, experimentar o quarto anecóico (sem eco). “Entrei naquele quarto e é muito estranho, porque realmente não há barulho exterior, mas ouvimos o som do nosso coração a bater, o sangue a circular nas veias, a nossa respiração. São esses os sons que ouvimos. Então, comecei a falar com pessoas, a ler o que outros tinham escrito, mas também os meus diários das viagens e cheguei à conclusão de que o silêncio exterior é interessante, é alguma coisa de que precisamos, mas era no silêncio interior que me queria focar.”

Mas quando estamos em silêncio, há sempre uma voz interior, contrapomos. “Ou talvez não haja voz nenhuma”, afirma Erling rapidamente. “A sério?”, insistimos. “É importante referir, de vez em quando há uma voz interior, mas nem sempre: muitas vezes quando estou a caminhar na natureza ou mesmo hoje de manhã, aqui em Frankfurt, deitei-me a apanhar sol e não havia voz nenhuma.” Mas há uma técnica para isso? “Não, é muito simples.”

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O explorador numa imagem de campanha da Rolex nos anos 90

No seu livro, conta que tenta fazer hipnose quando está deitado na cama e se vê sair de si próprio, a flutuar. Um estado a que talvez nem todos consigamos chegar, afirmamos. “Eu, pelo contrário, acho que é muito simples. As pessoas dizem que estão muito ocupadas, ‘Sou demasiado importante’, ‘O meu tempo é precioso, não posso experimentar o silêncio’. Muitas vezes não é o que se passa. Claro que todos podemos usar técnicas para experimentar ficar em silêncio, mas o silêncio importante está aqui presente o tempo todo. É por isso que o consigo experimentar, como fiz hoje de manhã, lá fora. Pus a minha almofada improvisada debaixo da cabeça, deixei-me estar deitado no chão, as pessoas passavam por mim, indo e vindo, fiquei assim uns dez minutos, vazio total, sem nenhuma técnica.”

Com os seus olhos azuis expressivos e os cabelos cinza, meio despenteados, Erling continua a explicar que o silêncio nunca é entendido como a mesma coisa. Cada um tem uma experiência diferente. “O silêncio interior é muito individual, porque, quando o sentimos, encontramo-nos a nós próprios. Talvez não completamente, mas em parte.”

Depois de o livro já ter sido publicado na Noruega, o escritor ficou sentado num jantar ao pé da artista Marina Abramovic. Ela disse-lhe: “Sabe, afinal, não precisava de ter escrito esse livro. Bastava ter pegado num papel branco, tê-lo colocado numa máquina fotocopiadora, fazer uma cópia e segurar as duas assim, lado a lado.” Erling conta isto exemplificando com as mãos (no pulso, traz um Rolex Explorer II relativo às suas conquistas e expedições e a correia tem as cores da bandeira da Noruega, recordação de ter sido nos anos 90 imagem da marca suíça). Estaria Marina a dizer que o silêncio é sempre igual? E por que é que não acrescenta nenhum comentário no seu livro? “Era uma coisa bonita de se dizer e acho que cabe ao leitor pensar por que é que ela o disse”, diz Erling Kagge a rir-se.

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cortesia erling kagge

Três aventureiros na família

Talvez o sorriso tão franco e  tão simpático venha de já ter estado em situações de extrema solidão. Filho de Aase Gjerdrum, uma tradutora e especialista em ficção estrangeira na editora Cappelen (que José Saramago refere nos Cadernos de Lanzarote, porque o levou ao museu de Edvard Munch), e de Stein Kagge, escritor e crítico de jazz, Erling é o mais novo de três irmãos. Todos aventureiros.

Um deles, Leif Kagge, fez a travessia de Nordkapp para Oslo em canoa. O outro, Gunnar Kagge, escritor e jornalista do Aftenposten, durante a última campanha para as eleições norte-americanas atravessou os Estados Unidos: 72 dias de bicicleta, de Washington DC até Seattle. Da reportagem, um retrato da América profunda, resultou o livro Kunsten å sykle USA på Tvers (A arte de viajar pelos Estados Unidos de Bicicleta, numa tradução literal).

Por isso, não é de estranhar que Erling Kagge, anos antes de ter sido o primeiro a chegar sozinho ao Pólo Sul, tenha, também em 1990, com os amigos Borge Ousland e Geir Randby (que teve de desistir a meio), feito uma outra expedição, dessa vez ao Pólo Norte, viajando pelo gelo do Árctico, sem qualquer apoio exterior. Foram também os primeiros a fazê-lo. A expedição começou na ilha Ellesmere, no Canadá, e terminou 58 dias depois. Em 1993, Erling apareceu na capa da edição internacional da revista Time e, um ano mais tarde, subiu ao Monte Evereste, tornando-se a primeira pessoa a chegar aos “três pólos” (sobre as suas viagens escreveu vários livros, entre os quais Philosophy for Polar Explorers).

Mais tarde, quando lhe perguntámos por email se alguma coisa na educação destes três irmãos os levou à aventura — cresceram sem TV, mas muitas outras pessoas nas mesmas condições não acabaram dedicados a estas coisas —, Erling, que foi diagnosticado disléxico aos 8 anos, responde: “Nope.”  

Mas as suas expedições (que o levaram a estar no Guinness Book of World Records) não ficam por aqui. Depois de ter estado de férias em Portugal com a mãe e os irmãos, voltou aos 20 anos, ficou em Lisboa uns 15 dias a preparar-se para atravessar o Atlântico de barco. Uma viagem que passou por Porto Santo, na Madeira, por Cabo Verde, pelas Caraíbas, pelas Bermudas e também pelos Açores.

Em 2010, resolveu que queria ver Nova Iorque “como ninguém antes a vira”, “de dentro para fora e do alto das pontes”. Com Steve Duncan, explorador urbano e fotógrafo, fez uma expedição através dos túneis subterrâneos de Manhattan. Vários dias a chapinharem na água, merda e papel higiénico, tendo por companhia ratazanas, garrafas de plástico e as pessoas que vivem ali. Sobre o feito publicou Under Manhattan, que se lê como um livro de aventuras, onde escreve que ao fim de quatro dias no subsolo já perguntava a si mesmo: “Mas que raio é que estou a fazer aqui?”

Na viagem pela Antárctica, conta no livro, não se sentiu aborrecido nem interrompido. “Estava só comigo e com os meus pensamentos e ideias. O futuro deixara de ser relevante. Não pensava no passado. Estava presente na minha própria vida”, escreve. Ia vendo a paisagem a mudar de cor e sentia que o seu corpo não terminava nos dedos, como se fosse um prolongamento da natureza. Foi similar a uma experiência mística ou com drogas? “Não, mas podia ser”, responde. “Acontece a quem passa muito tempo na natureza ou nos oceanos.”

Mas se fizermos caminhadas nas montanhas, acontece o mesmo, assegura. “Se estivermos ali por um longo período de tempo, sem sermos perturbados, sentimo-nos como se fôssemos unos com a natureza. Sem precisar de tomar drogas, nada de muito espiritual, sem rezar ou fazer outra coisa qualquer, sentimos que somos só um. Essa é uma experiência que todos os que andam na natureza partilham. Ou se nos deitarmos no chão, à noite, a olhar para o céu e para as estrelas.”

Nas páginas de Silêncio na Era do Ruído estão reproduzidas fotografias e quadros. Em Oslo, na sua casa Villa Dammann —  desenhada pelos arquitectos Arne Korsmo e Sverre Aasland em 1932 e que também pertenceu ao arquitecto Sverre Fehn, prémio Pritzker 1997 — Erling vive rodeado de obras de arte. Em 2004 comprou por 50 mil dólares o quadro Surfing Nurse, de Richard Price. Quatro anos mais tarde vendeu-o num leilão por mais de 4 milhões de dólares. Entre as telas reproduzidas no livro estão duas de Ed Ruscha — Noise e Talk About Space, ambas de 1963 — que “infelizmente” não tem na sua colecção. “É interessante, porque é um quadro onde vemos a palavra Noise. É absolutamente tranquilo, sem sons, sem nada. É sobre o silêncio e só diz barulho. Pintado nos anos 60, foi revolucionário. De alguma maneira mostra as frustrações de Ed Ruscha, o seu mau humor, as suas experiências, a sua solidão, os seus problemas, os desafios da vida, a sua falta de confiança, tudo isso está nesse quadro.”

Nada disto é ideia sua, questionou o artista norte-americano sobre o assunto, acabou por não o colocar no livro. Conta que há alguns dias lhe enviou um email e recebeu uma resposta do atelier a dizer que ele estava no deserto, a relaxar, a não fazer nada, de alguma maneira a trabalhar as memórias e ideias para depois regressar a Los Angeles e pintar. “Ele tem uma profunda ligação ao silêncio, mandei recado para que ele ficasse lá mais tempo.”

Lembramos que, tal como ele conta no seu livro, Marina Abramovic foi para o deserto e aconteceu-lhe exactamente o contrário. “É uma experiência que muitos podem ter, não necessariamente ao irem para o deserto. Querem ter silêncio, querem relaxar e só ouvem vozes nas suas cabeças. Esta ideia ingénua de que se se for para o deserto, e se se fizer tudo para o conseguir — sonhar com isso, falar sobre esse desejo e viajar —, se chega lá e há silêncio. Depois Marina conseguiu experimentar o silêncio e a sua arte está muito relacionada com ele.”

O silêncio é mais perceptível na arte abstracta? Ou tem uma cor? “Não, para mim”, responde. “O quadro O Grito, de Edvard Munch, com que cresci é sobre um silêncio brutal. Se for ler o diário de Munch, ele conta que estava a passear calmamente e ouviu um grito terrível. No diário diz que acha que o imaginou e depois pintou o quadro. Mais tarde alguém disse que estavam a matar porcos numa quinta ao lado — e que foi isso que ele ouviu. Não sei o que aconteceu”, conta Erling que é também autor de A Poor Collector’s Guide to Buying Great Art, escrito do ponto de vista de um coleccionador, mostrando que se pode começar a coleccionar com pouco dinheiro. 

Não tem artistas portugueses na colecção e não tem uma obra preferida. “Se temos animais de estimação, podemos ter preferidos, com a arte é diferente. Muda. Eu vivo com arte [em casa] e mudo-a constantemente.”

Tem a teoria de que todos nascemos exploradores e todos temos de encontrar o nosso Pólo Sul. “É impossível achar que já se experimentou tudo na vida. Ou que somos totalmente felizes. Não é possível sê-lo todo o tempo. O que temos de pensar é que as melhores coisas da vida perduram”, afirma.

Já no fim da conversa, quando lhe perguntámos por que é que decidiu parar com as expedições, ao contrário de alguns colegas que continuam a fazê-lo, responde:

“Quanto a mim, nunca senti que parei.”
— Porquê?
“Porque nunca senti que comecei.”

Este artigo encontra-se publicado no P2, caderno de domingo do PÚBLICO