Primeiro-ministro libanês demite-se invocando “ameaças” à sua vida
Saad Hariri, que já está fora do país, diz que havia plano para o matar.
Comparando o clima no Líbano hoje ao que existiu antes do assassínio do seu pai, Rafiq Hariri, o primeiro-ministro Saad Hariri anunciou a sua demissão num discurso televisivo feito a partir de um local não especificado. “Senti que havia um plano que tinha como alvo acabar com a minha vida”, declarou.
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Comparando o clima no Líbano hoje ao que existiu antes do assassínio do seu pai, Rafiq Hariri, o primeiro-ministro Saad Hariri anunciou a sua demissão num discurso televisivo feito a partir de um local não especificado. “Senti que havia um plano que tinha como alvo acabar com a minha vida”, declarou.
Saad Hariri ocupava o cargo desde Dezembro de 2016, tendo antes sido chefe de Governo entre Novembro de 2009 e Junho de 2011.
O seu pai, Rafiq, uma figura poderosa e emblemática da política libanesa, foi assassinado num grande atentado em Beirute em 2005, que está a ser julgado num tribunal internacional com sede na Holanda – cinco membros do movimento xiita libanês Hezbollah foram acusados.
A Síria, que então dominava grande parte da vida no Líbano, acabou por se afastar na sequência do ataque, pelo qual muitos libaneses apontaram o dedo ao vizinho poderoso. No entanto, o tribunal internacional não encontrou uma ligação a Damasco.
O Líbano esteve anos a fio num impasse político, sem presidente durante dois anos e meio, o que é importante quando os cargos são divididos por comunidades religiosas (o primeiro-ministro é sempre um muçulmano sunita, o Presidente um cristão, o presidente do Parlamento um muçulmano xiita, segundo o acordo que terminou com a guerra civil de 1975-1990).
Hariri-filho nunca conseguiu ter um poder comparável ao do pai; o xiita Hezbollah rapidamente se tornou a força dominante. No anúncio da demissão, Hariri criticou o Irão, que apoia o Hezbollah, e o movimento xiita libanês. Ambos participam na guerra na Síria, apoiando o regime de Bashar al-Assad.
A demissão de Hariri e a cada vez maior divisão entre sunitas e xiitas (o facto de a maior parte dos refugiados sírios no Líbano serem sunitas e o envolvimento dos xiitas libaneses no conflito na Síria) deixa o país exposto à rivalidade maior na região entre Arábia Saudita e Irão, que se joga ainda no Iémen, Bahrein e Iraque.
Hariri voou para a Arábia Saudita na sexta-feira e o Presidente Michel Aoun disse que o primeiro-ministro lhe comunicou a decisão já fora do Líbano.