Um país de vacas felizes
Numa altura em que todos os países procuram criar a sua própria Silicon Valley, a Dinamarca procurou inovar e aliar um conceito tão recente como o de empreendedorismo com um tão antigo como a agricultura
Empreendedorismo: atitude de quem, por iniciativa própria, realiza acções ou idealiza novos métodos com o objectivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer actividades de organização e administração. Num mundo cada vez mais voltado para este conceito e para um campo lexical que inclui palavras como tecnologia, investimento, startup ou inovação, será possível a agricultura entrar neste espaço?
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Empreendedorismo: atitude de quem, por iniciativa própria, realiza acções ou idealiza novos métodos com o objectivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer actividades de organização e administração. Num mundo cada vez mais voltado para este conceito e para um campo lexical que inclui palavras como tecnologia, investimento, startup ou inovação, será possível a agricultura entrar neste espaço?
Um pequeno país no Norte da Europa, com cerca de 5,6 milhões de habitantes, diz que sim. Com um valor de exportações associado à indústria alimentar a crescer de ano para ano, podendo atingir os 23 mil milhões em 2020, a Dinamarca tem-se tornado um autêntico “gigante da agricultura”, não só a nível europeu como também mundial.
Numa altura em que todos os países procuram criar a sua própria Silicon Valley, a Dinamarca procurou inovar e aliar um conceito tão recente como o de empreendedorismo com um tão antigo como a agricultura. E como é isto possível? Através da criação de um cluster de investimento no centro do país, suportado sobretudo por indústrias agrícolas. Tal como na Califórnia, a inovação, a tecnologia, o aumento da produtividade, a criação de emprego e o empreendedorismo andam no ar, só que aplicados à agricultura, a empreendedores que vêem o futuro na carne e no leite.
Apesar da indústria alimentar ser considerada pouco atractiva tanto para investidores como para empreendedores, devido à sua apertada regulamentação e necessidade de capital, no país nórdico é fértil. Cada vez mais surgem novas empresas apostadas em singrar neste meio e que apostam em ferramentas e tecnologias inovadoras para desenvolver campos de produção, estábulos, suiniculturas ou pragas.
Para além disto, este movimento acaba por se alargar a todos os sectores e a diferentes franjas da Dinamarca. As universidades dinamarquesas encontram-se na vanguarda da indústria agrária, enquanto o governo dinamarquês cria cada vez mais apoios e investe nesta área, tendo como expoente máximo o Parque Agrícola e Alimentar de Aarhus, localizado no coração do país.
O mote está lançado e a palavra que atravessa toda a Dinamarca é inovação. As maiores empresas alimentares estão a construir centros um pouco por todo o país de forma a desenvolver novos produtos. A Arla, maior produtora de lacticínios da Dinamarca, investiu cerca de 36 milhões de euros no Parque Agrícola e Alimentar de Aarhus. O sucesso tem sido tal que o gigante alimentar americano DuPont inseriu a Dinamarca na sua rede global, que inclui ainda Austrália, China e Estados Unidos da América.
Dois conceitos aparentemente tão afastados no tempo acabam por se conjugar, tornando a Dinamarca uma das principais potências a nível da indústria agrária e alimentar, fazendo do cluster alimentar dinamarquês um exemplo a seguir. Outros países, como a China, já identificaram o modelo deste país nórdico como tal, procurando impactar a sua economia de forma semelhante. Será possível trazer outras indústrias, aparentemente esquecidas, de volta ao futuro? Só o tempo e a criatividade dos empreendedores o dirá; até lá, é caso para dizer: a Dinamarca é um país de vacas felizes.