May substitui ministro da Defesa mas pressão para agir contra assédio mantém-se

Denúncias de comportamentos impróprios e assédio alastram em Westminster. Primeira-ministra desafiada a pôr fim a "mentalidade de balneário" que ainda domina a política.

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Gavin Williamson EPA/NEIL HALL

Gavin Williamson, até agora líder da bancada parlamentar do Partido Conservador, é o novo ministro da Defesa britânico, substituindo Michael Fallon que se demitiu quarta-feira, reconhecendo que teve comportamento impróprio em relação a algumas mulheres.

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Gavin Williamson, até agora líder da bancada parlamentar do Partido Conservador, é o novo ministro da Defesa britânico, substituindo Michael Fallon que se demitiu quarta-feira, reconhecendo que teve comportamento impróprio em relação a algumas mulheres.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, optou por substituir apenas o ministro da Defesa, um dos nomes mais experientes do actual executivo, afastando a hipótese de uma remodelação governamental mais ampla que terá chegado a equacionar após as legislativas de Junho. Williamson, de 41 anos, é deputado apenas desde 2010, tendo sido assessor parlamentar do ex-primeiro-ministro David Cameron, antes de assumir no ano passado a liderança da bancada dos tories em Westminster.

Fallon foi o primeiro de vários políticos britânicos cujos nomes foram citados nos últimos dias pela imprensa a admitir que o seu comportamento “ficou aquém” do exigido a um eleito. No início da semana o agora ex-ministro pediu desculpa à jornalista Julia Hartley-Brewer por lhe ter posto repetidamente a mão no joelho durante uma conversa em 2002.

Quando a notícia veio a público, Hartley-Brewer assegurou que o caso tinha ficado resolvido na altura, mas amigos do ministro disseram ao jornal Guardian que terá havido outros incidentes mais recentes. Na carta de demissão que entregou a May, ele próprio escreve que foram postas a circular várias acusações e, apesar de negar algumas delas, admite que o seu comportamento “nem sempre esteve à altura dos padrões elevados exigidos às Forças Armadas” que chefiava.

“A cultura mudou. Aquilo que era aceitável há dez ou 15 anos já não o é hoje”, disse depois Fallon numa entrevista à BBC. Um comentário que Hartley-Brewer considerou lamentável: “Nunca foi aceitável colocar a mão no joelho de alguém por baixo da mesa sem permissão”.

Mas na esteira do furacão gerado pelos abusos sexuais protagonizados pelo produtor norte-americano Harvey Weinstein, é pouco provável que as denúncias feitas contra políticos britânicos se fique por aqui.

Entre muito ruído mediático – alguns jornais noticiaram a existência de uma lista com os nomes de 40 deputados conservadores que terão tido comportamentos impróprios, ainda que na maioria dos casos sem gravidade ou tão só mexericos – há acusações graves a ser feitas. É o caso de uma assessora parlamentar que denunciou ao Guardian ter sido sexualmente atacada por um deputado, ou o de uma activista do Labour que revelou ter sido violada por um dirigente partidário num evento realizado em 2011 e posteriormente aconselhada a manter-se em silêncio.

A primeira-ministra britânica pediu também uma investigação interna ao vice-primeiro-ministro, Damian Green, que foi acusado por uma militante do partido de a ter tocado indevidamente num bar e de lhe ter enviado mensagens sexualmente explícitas. O ministro nega as acusações, mas Theresa May está sob crescente pressão, dentro e fora do partido, para fomentar novas linhas de conduta para os eleitos.

“A barragem rompeu-se e estas profissões dominadas por homens, onde ainda prevalece uma cultura de balneário e em que tudo se resume a uma piada, tem de parar”, afirmou a Ruth Davidson, líder do Partido Conservador na Escócia.