Central termoeléctrica de Sines é a mais poluente a nível nacional
Há quase 300 centrais a carvão por encerrar na Europa e a Zero quer que o Governo planeie o fim deste tipo de instalações em Portugal para muito antes de 2030.
Dados do registo do comércio europeu de licenças de emissão (CELE) relativos a 2016, confirmam que as centrais termoeléctricas de Sines e do Pego estão à frente de uma lista onde figuram as 10 principais unidades responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa em Portugal. Sines acolhe a 18ª central a carvão com maiores emissões na União Europeia, embora registe maior eficiência por comparação com outras centrais utilizando o mesmo combustível.
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Dados do registo do comércio europeu de licenças de emissão (CELE) relativos a 2016, confirmam que as centrais termoeléctricas de Sines e do Pego estão à frente de uma lista onde figuram as 10 principais unidades responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa em Portugal. Sines acolhe a 18ª central a carvão com maiores emissões na União Europeia, embora registe maior eficiência por comparação com outras centrais utilizando o mesmo combustível.
As duas centrais, quando comparadas com as emissões totais do país em 2015, “são responsáveis por 17,6% do total de emissões de dióxido de carbono-equivalente”, refere a associação ambientalista Zero exigindo que as mesmas sejam substituídas “com urgência” por centrais de ciclo combinado a gás natural.
A Zero reafirma a necessidade do governo “definir uma data limite para o funcionamento das centrais de Sines e Pego, bem antes de 2030”, ano com que o primeiro-ministro e o ministro do Ambiente já se comprometeram publicamente.
Comentando a proposta do Governo no Orçamento de Estado para 2018 sobre a queima de carvão, a organização ambientalista espera que “não haja cedências na aplicação do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) e da taxa de adicionamento do carbono ao carvão utilizado na produção de electricidade”.
Se a totalidade do actual montante previsto no ISP e taxa de adicionamento de carbono fossem desde já aplicadas, “o custo por tonelada de carvão queimado seria de aproximadamente o dobro do que as instalações actualmente pagam no quadro do comércio europeu de licenças de emissão”, realça a Zero.
Os ambientalistas defendem um entendimento “à escala europeia ou pelo menos ibérica, para uma forte subida do preço do carbono, de modo a assegurar que não há uma transferência de emissões de Portugal para Espanha”, onde há igualmente centrais térmicas a carvão.
Em 2015, o conjunto das centrais a carvão na União Europeia “foi responsável por aproximadamente 19.500 mortes prematuras e 10.000 casos de bronquite crónica em adultos”, denuncia a Zero, acrescentando que os custos para a saúde associados ao uso do carvão são igualmente “surpreendentes”, ascendendo até 54 mil milhões de euros no mesmo período. E destaca uma afirmação de Kathrin Gutmann, diretora da campanha Europe Beyond Coal: “Está a criar-se todo um momento para que a Europa esteja livre do carvão até 2030, e a sociedade civil está a trabalhar em conjunto para que isso aconteça e aconteça mais cedo”.
Desde 2016, “as organizações da coligação 'Europa após o carvão' ajudaram a retirar 16 centrais a carvão em toda a Europa”, observam os ambientalistas, frisando que há 39 centrais com encerramento previsto nos Países Baixos, Reino Unido, Finlândia, França, Portugal e Itália, “devendo todos estes países encerrar todas as centrais a carvão até 2030, o mais tardar”. A campanha está a colocar os seus esforços no encerramento das restantes 293 centrais da Europa.