Museu da Música vai dividir-se entre o Palácio Foz e o Palácio de Mafra
No Palácio de Mafra ficará o barroco. O Palácio Foz, em Lisboa, acolherá o espólio do período romântico. A ideia é desconcentrar infra-estruturas culturais.
O Museu da Música irá dividir-se em dois pólos. Um dos pólos funcionará no Palácio Foz, em Lisboa, o outro ficará instalado no Palácio de Mafra, soube o PÚBLICO junto de um responsável governamental ligado ao processo de transferência e instalação do museu a funcionar actualmente em instalações alugadas pelo Estado ao Metro de Lisboa, na estação do Alto dos Moinhos.
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O Museu da Música irá dividir-se em dois pólos. Um dos pólos funcionará no Palácio Foz, em Lisboa, o outro ficará instalado no Palácio de Mafra, soube o PÚBLICO junto de um responsável governamental ligado ao processo de transferência e instalação do museu a funcionar actualmente em instalações alugadas pelo Estado ao Metro de Lisboa, na estação do Alto dos Moinhos.
A decisão de dividir o Museu da Música em dois pólos foi tomada pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e será anunciada em breve. A opção contraria a iniciativa de transferir este museu na sua totalidade para Mafra, anunciada em 2014 pelo Governo de Passos Coelho e então assumida pelo seu secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.
A medida foi determinada por um factor de ordem financeira. Transferir todo o Museu da Música do Alto dos Moinhos para o Palácio de Mafra ficava caro e a tarefa seria irrealizável até ao fim de 2018, data em que acaba o contrato com o Metro de Lisboa, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO junto do mesmo responsável governamental.
A divisão em dois pólos obedece também à opção do Governo de apostar na desconcentração dos serviços e do património cultural e histórico, nomeadamente museológico. Uma política de desconcentração que procura interagir com o tecido cultural regional e local.
Esta lógica prende-se com a reforma da descentralização da administração pública e dos serviços do Estado. O Governo pretende, no sector da Cultura, colocar na esfera do poder local o que é local. Daí que haja museus que passarão a ser geridos por municípios, outros pelas comunidades intermunicipais. Mas haverá também a aposta em desconcentrar os museus nacionais, dividindo-os em pólos. Neste caso, a instalação de um pólo do Museu da Música em Mafra é feita em conjunto com a Câmara Municipal.
A medida agora em fase de finalização inscreve-se ainda na política do Governo de aumentar a autonomia de gestão do património museológico dentro do que é o perfil legislativo actual, já que uma alteração profunda só será possível mediante uma reorganização da estruturação da administração do Estado, explicou ao PÚBLICO o mesmo responsável governativo.
Expor o não visto
A divisão do espólio do Museu da Música em dois pólos irá obedecer a critérios de periodização histórica. Em Mafra ficará o barroco, no Palácio Foz o romântico. Uma lógica que permitirá expor património que não está em exibição actualmente, bem como recolher espólios distribuídos por outras instituições.
No Palácio de Mafra o Museu ocupará dois pisos. Um primeiro piso albergará a colecção de charamelas reais, ou seja, as fanfarras reais. Este espólio virá do Museu dos Coches. No mesmo piso ficarão instaladas as filarmónicas militares e civis. Nos dois casos a exposição incluirá os fardamentos e não apenas instrumentos e partituras. Com esse objectivo, a direcção do Palácio de Mafra está a fazer a recolha das partituras das filarmónicas.
Em Mafra, um segundo piso acolherá a colecção de instrumentos do barroco agora em exibição no Alto dos Moinhos. Esta instalação ficará assim em ligação com os seis órgãos da Basílica e com os carrilhões, cujo restauro, anunciado há anos, está agora previsto no Orçamento do Estado para 2018. Neste segundo piso será exibido também o espólio de paramentos religiosos da Basílica e os livros de música da Biblioteca do Palácio de Mafra.
Já no Palácio Foz, em Lisboa, o pólo do Museu da Música ficará instalado em divisões agora devolutas. Aí será exibida a colecção sobre música palaciana do século XIX, bem como o espólio das escolas de música criadas em Lisboa. Entre este espólio destaca-se o património existente do Conservatório Nacional criado por Almeida Garrett em 1836, o qual inclui instrumentos e outros objectos históricos que não têm estado em exibição pública.
Um dos tesouros nacionais que ficará em exposição no Palácio Foz é a partitura original de A Portuguesa, o hino nacional desde 1911, da autoria de Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça, composto em 1890. Outra peça que integra os tesouros nacionais e que será exposta no Palácio Foz é o violoncelo Stradivarius que pertenceu ao rei D. Luís.