Sarampo: DGS diz que não há razões para alarme, mas devemos estar atentos

Directora-geral da Saúde diz que "a prova dos nove de que as vacinas são efectivas é que não temos a doença em circulação endémica em Portugal".

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Graça Freitas: “Sempre que temos um surto, fazemos uma campanha de repescagem de vacinação” Jornal Publico

"Não há razão para alarme, mas devemos estar atentos” aos dados sobre sarampo em Portugal e em toda a Europa, e, eventualmente, fazer estudos específicos para esclarecer aspectos "menos esperados”, defendeu nesta terça-feira a directora-geral da Saúde. O sarampo é uma doença "traiçoeira", uma vez que é "altamente contagiosa", disse Graça Freitas.

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"Não há razão para alarme, mas devemos estar atentos” aos dados sobre sarampo em Portugal e em toda a Europa, e, eventualmente, fazer estudos específicos para esclarecer aspectos "menos esperados”, defendeu nesta terça-feira a directora-geral da Saúde. O sarampo é uma doença "traiçoeira", uma vez que é "altamente contagiosa", disse Graça Freitas.

A médica desdramatizou os resultados do 3.º Inquérito Serológico Nacional 2015-2016, que indicam que a imunidade contra o sarampo (proporção de pessoas com um nível de concentração de anticorpos acima do qual  se pensa que estão protegidas contra a infecção) diminuiu ligeiramente em Portugal face ao anterior inquérito (2001-2002), passando de 95,2% para 94,2%.  

No relatório deste inquérito nacional promovido pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge sublinha-se que “este valor é inferior a 95%, proporção de indivíduos seropositivos necessária para que ocorra imunidade de grupo”, que protege não só os vacinados, mas também os não imunizados, os quais beneficiam com a não circulação do vírus.

A médica discorda desta conclusão, mas admite que fará sentido promover estudos adicionais, como recomendam os autores do trabalho. “O problema da interpretação que surge no relatório é que trata uma questão de saúde pública como se fosse matemática pura”, enfatiza Graça Freitas.

Se não houvesse imunidade de grupo contra o sarampo em Portugal, sustenta, “não teríamos tido este ano apenas dois pequenos surtos da doença”, um no Algarve e outro em Lisboa, que resultou na morte de uma adolescente que não estava vacinada.

“A prova dos nove de que as vacinas são efectivas é que não temos a doença em circulação endémica em Portugal. Estes resultados [do inquérito serológico] são importantes, dão-nos pistas, mas o que conta para a imunidade de grupo é a cobertura vacinal, que em Portugal é superior a 95%”, diz ainda.

Por que motivo então se encontraram proporções tão baixas de indivíduos imunes contra o sarampo no grupo etário dos 20 aos 29 anos (77,9%) e também baixos, ainda que menos, nos adolescentes? “Provavelmente são aquelas gerações que estão entre dois mundos: não apanharam a doença [porque o vírus não está em circulação] e já foram vacinadas há muito tempo”, por isso têm níveis de anticorpos inferiores aos desejáveis, explica a médica.

Nos últimos anos, lembra Graça Freitas, a Direcção-Geral da Saúde tem promovido campanhas de revacinação destes grupos etários. “Sempre que temos um surto, fazemos uma campanha de repescagem de vacinação”, sublinha.

Este 3.º Inquérito Serológico Nacional, que avaliou (com análises sanguíneas) uma amostra de 4866 pessoas, foi realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge graças ao financiamento dos EEA Grants (655 mil euros doados pela Islândia, o Leichenstein e a Noruega). O Estado português contribuiu com 15% do financiamento necessário.

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