Rio diz que faria igual ou "pior" do que Maria Luís Albuquerque

Candidato à liderança do PSD disse que manteria o rumo da ex-ministra, o que gerou polémica entre os deputados.

Foto
LUSA/HUGO DELGADO

A frase caiu como uma bomba durante a intervenção de Rui Rio perante os deputados, esta segunda-feira à noite, na sessão que decorreu à porta fechada, em Braga. O candidato à liderança do PSD respondia a uma pergunta sobre a mudança de linha de rumo do partido, caso seja eleito. Rio assegurou que não vai haver mudança de estratégia e deu o exemplo da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, com quem teve divergências mas que, no seu lugar, seguiria a mesma linha, faria "igual" ou faria “pior” do que a governante.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A frase caiu como uma bomba durante a intervenção de Rui Rio perante os deputados, esta segunda-feira à noite, na sessão que decorreu à porta fechada, em Braga. O candidato à liderança do PSD respondia a uma pergunta sobre a mudança de linha de rumo do partido, caso seja eleito. Rio assegurou que não vai haver mudança de estratégia e deu o exemplo da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, com quem teve divergências mas que, no seu lugar, seguiria a mesma linha, faria "igual" ou faria “pior” do que a governante.

A frase, segundo relatos feitos ao PÚBLICO, criou algum burburinho na sala, e deixou gelados alguns deputados que defendem que o partido deve descolar da imagem de austeridade. A pergunta tinha sido feita por Paulo Rios de Oliveira, apoiante do ex-autarca do Porto, sobre como é que, caso seja eleito, Rio vai trabalhar com uma bancada parlamentar que foi orientada para determinada estratégia. O candidato assegurou que não haverá rupturas no partido – essa é aliás uma preocupação que os seus colaboradores têm nos contactos que fazem aos militantes e dirigentes do partido –  e dirigiu-se directamente a Maria Luís Albuquerque, que estava sentada à sua frente na sala. Assumiu que a criticou publicamente enquanto ministra – e Rio presidia à Câmara Municipal do Porto – mas disse que faria igual ou “pior”. Um piscar de olhos a Maria Luís Albuquerque, que é vice-presidente do partido, e que ainda não tomou posição pública sobre os candidatos à liderança do PSD.

Em declarações à Lusa, Rio disse não se lembrar se utilizou mesmo a palavra “pior”, mas que o sentido que quis dar era o de rigor. “Comigo se estivesse nesse lugar [da ex-ministra] o rumo seria inalterável. Não sei se disse ‘pior’, eventualmente mais inflexível no rigor”, afirmou, acrescentando que sempre foi o que defendeu toda a sua vida.

Na mesma resposta aos deputados, o antigo autarca do Porto deu uma nota de firmeza: “Digo o que penso e faço o que digo". Rui Rio também não escondeu o seu pensamento sobre a mediatização da sua estratégia, dizendo que “não anda a trabalhar” para os jornalistas.

Depois da sessão, que aconteceu durante as jornadas parlamentares do PSD, e na qual também interveio, uma hora antes, o outro candidato Pedro Santana Lopes, a frase e a ideia de Rui Rio foi motivo de conversa entre os deputados. Até porque Santana Lopes já adiantou as linhas do seu programa – políticas sociais, reorganização do território – sem colocar a consolidação das contas públicas como prioridade. Rui Rio já defendeu entretanto que, se fosse primeiro-ministro, neste momento o défice era “zero”.