"Operação camião-cisterna” em marcha para garantir água no concelho de Viseu
Município de Viseu está a usar camiões-cisterna para ir buscar água a captações fora do concelho. Uma operação “complexa” para que os 75 mil habitantes servidos pela rede pública não fiquem com as torneiras secas. Sem chuva e sem água, Barragem do Fagilde está com os níveis “mais baixos de sempre”.
Vinte e sete camiões-cisterna farão diariamente o transporte de água para abastecer a população de Viseu. As viaturas vão buscar a água a estações de tratamento que estão a dezenas de quilómetros de distância para depois encher os reservatórios.
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Vinte e sete camiões-cisterna farão diariamente o transporte de água para abastecer a população de Viseu. As viaturas vão buscar a água a estações de tratamento que estão a dezenas de quilómetros de distância para depois encher os reservatórios.
No Viso Norte, o vai-e-vem dos camiões é constante. Chegam, despejam a água e partem de novo para mais uma viagem entre Viseu, Tondela e Lamego. Uma viatura faz mais do que uma descarga e transporta 25 mil litros de cada vez. No final do dia são três mil metros cúbicos de água injectados na rede pública para que não falte a água nas torneiras.
Esta é considerada uma das mais complexas operações de abastecimento de água no país. Arrancou nesta segunda-feira e, nas próximas semanas, vai continuar a permitir que centenas de descargas sejam feitas, todos os dias, nos três reservatórios que abastecem os 75 mil habitantes do concelho de Viseu que estão na rede pública. Uma medida para fazer face à seca extrema que atingiu a capacidade da Barragem de Fagilde que, além de Viseu, serve ainda os municípios de Nelas, Mangualde e Penalva do Castelo.
“Estamos a transportar 3 mil e 300 metros cúbicos de água por dia. São 112 cargas. Isto equivale, mais ou menos, a um comboio de camiões-cisterna de 2,5 quilómetros”, descreve Almeida Henriques, presidente da autarquia viseense. Os camiões foram alugados a empresas com frota disponível.
Com esta operação, a Câmara Municipal de Viseu está a contar gastar meio milhão de euros, mas garante que a factura ao consumidor não vai ser afectada. “A medida está a custar à autarquia 10 vezes mais do que aquilo que cobra aos seus munícipes. Está a custar cerca de cinco euros por metro cúbico quando nós facturamos 50 cêntimos. Vamos manter o preço que está contratado”, esclarece o autarca.
Almeida Henriques assegura que não há populações sem água no concelho de Viseu e que mesmo os serviços públicos têm alternativas e estão a ser monitorizados. Confirma ainda que a qualidade também “não é afectada”, uma vez que a água vem de estações de tratamento e está a ser avaliada pelos serviços da Administração Regional de Saúde.
Segundo o autarca, a água transportada nos camiões-cisterna é retirada da estação de tratamento de Balsemão (Lamego) e dos reservatórios da Águas do Planalto (Tondela). “Assim, estamos a garantir que vamos consumir menos água da Barragem de Fagilde que, desta maneira, fica mais disponível, mesmo com os parcos recursos que ainda tem, para abastecer os outros municípios”, afirma.
A Barragem de Fagilde está a 15% da sua capacidade de armazenamento, o nível “mais baixo de sempre”, diz, e serve uma população de cerca de 110 mil habitantes.
Comboio de água entre Trancoso e Mangualde
Nos concelhos vizinhos, o recurso ao transporte de água por camiões-cisterna também está a acontecer, nomeadamente em Mangualde. Segundo o presidente da autarquia local, João Azevedo, o transporte está a ser feito quer com veículos de empresas privadas, quer da própria câmara e dos bombeiros. “A autarquia garantiu atempadamente o abastecimento de água. Temos um plano de contingência brutal que reduziu em cerca de 40% o consumo. Se tivermos de ir mais longe, também há soluções”, refere.
Autarcas e Governo, nas reuniões que já tiveram nas semanas anteriores, ponderam a hipótese de recorrer a um comboio diário que transporte 500 metros cúbicos de água de Trancoso para Mangualde.
“Nunca pensei passar por isto. Esta é claramente a situação de seca mais extrema que já tivemos em Portugal e esta operação é para garantir que as pessoas tenham sempre água na torneira para fins alimentares e higiénicos”, desabafa, por seu lado, Almeida Henriques.
Esta operação de abastecimento com recurso a camiões-cisterna poderá manter-se durante um mês, mesmo que a chuva apareça.
Almeida Henriques aguarda que as promessas deixadas pelo Governo para alargamento da capacidade de armazenamento da Barragem de Fagilde se concretizem. “Espero que consigamos chegar a um acordo para ainda fazermos esta obra a tempo de encher a barragem e ter um Verão de 2018 mais tranquilo."