Deixar um Uber à espera vai custar dez cêntimos por minuto

Empresa lança novas funcionalidades na aplicação dos motoristas.

Fotogaleria

Um utilizador que chame um motorista através da plataforma Uber e que o deixe à espera – porque está distraído a conversar com amigos, porque afinal se tinha esquecido do porta-chaves noutro lado qualquer – vai começar a pagar uma taxa pelo tempo de espera que está a impor ao motorista. Caso este tenha de esperar mais de dois minutos no local de recolha até que o utilizador esteja pronto a viajar, começará a receber um valor de espera fixo de 0,10 euros por minuto. E ao utilizador que decida cancelar uma viagem mais de dois minutos depois de a ter feito (e não a partir dos cinco minutos como até agora), ser-lhe-á cobrada uma taxa de cancelamento de 2,5 euros. Estas são apenas algumas das medidas que a Uber vai introduzir a partir desta segunda-feira, e que se inserem num pacote de iniciativas mais amplo com vista a melhorar a experiência, a flexibilidade e o rendimento dos motoristas que querem trabalhar com a plataforma Uber.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Um utilizador que chame um motorista através da plataforma Uber e que o deixe à espera – porque está distraído a conversar com amigos, porque afinal se tinha esquecido do porta-chaves noutro lado qualquer – vai começar a pagar uma taxa pelo tempo de espera que está a impor ao motorista. Caso este tenha de esperar mais de dois minutos no local de recolha até que o utilizador esteja pronto a viajar, começará a receber um valor de espera fixo de 0,10 euros por minuto. E ao utilizador que decida cancelar uma viagem mais de dois minutos depois de a ter feito (e não a partir dos cinco minutos como até agora), ser-lhe-á cobrada uma taxa de cancelamento de 2,5 euros. Estas são apenas algumas das medidas que a Uber vai introduzir a partir desta segunda-feira, e que se inserem num pacote de iniciativas mais amplo com vista a melhorar a experiência, a flexibilidade e o rendimento dos motoristas que querem trabalhar com a plataforma Uber.

Estas iniciativas foram apresentadas pelo director-geral da Uber para a Ibéria, Rui Bento, nesta segunda-feira no Porto durante a inauguração do segundo espaço físico de apoio especializado destinado a receber os motoristas e parceiros, o novo Greenlight Hub do Porto, que já tem as portas abertas no espaço empresarial da Lionesa, em Leça do Balio, Matosinhos. A ideia, explica Rui Bento, passa sempre por melhorar a experiência de quem usa a aplicação que chegou a Portugal há cerca de três anos – tantos dos utilizadores como dos motoristas.

Há um milhão de utilizadores da plataforma Uber em Portugal – pelo menos é esse o número de descargas da aplicação para dispositivos móveis. E há cerca de três mil motoristas e parceiros, que oferecem o serviço de transporte de passageiros através da aplicação nas cidades de Lisboa, Porto e na região do Algarve. Mas o ano de 2017 foi, para a Uber em Portugal, o “ano do motorista”, uma forma de a empresa mostrar que coloca em primeiro lugar a comunidade de motoristas. Rui Bento explica que durante este ano ouviram muitos profissionais desta área e a própria direcção da Uber fez muitas viagens pelas cidades portuguesas, para melhor perceber de que se queixam os motoristas e como pode ser melhorada também a experiencia destes.

Por isso, Manuel Pina, director de operações, organiza em três segmentos o tipo de medidas hoje anunciadas: “as que melhoram a flexibilidade, os rendimentos e a segurança e a expêriencia que tem o motorista”. Para além da cobrança de taxas aos utilizadores que cancelem as viagens depois dos motoristas já estarem a caminho, ou os façam estar à espera mais do que dois minutos (e estas medidas inserem-se no pacote destinado a melhorar a rentabilidade dos motoristas), a aplicação começará a partir de hoje a permitir uma troca de mensagens gratuita entre motorista e utilizador (um chat), de forma a melhorar a comunicação entre ambos e a agilizar a eficácia na recolha do passageiro.

Para melhorar a flexibilidade dos motoristas que usam a aplicação – e sublinhando que muitos deles não usam a plataforma da Uber em exclusivo como fonte de rendimento, e que têm compromissos pessoais e profissionais a cumprir -  os motoristas passaram a ser avisados de quando têm pela frente uma viagem longa (de modo a poderem recusá-la se já estiverem com horário apertado), e passam a poder definir o local e a hora em que precisa de desligar a aplicação da Uber.

No pacote de medidas para melhorar a segurança e a experiência de viagem dos motoristas, estes passam a poder partilhar a localização e o estado da viagem com familiares e amigos. E a partir desta segunda-feira será accionado um mecanismo de protecção da pontuação dada pelos utilizadores aos motoristas. “Quando há uma pontuação mais baixa, nós perguntamos aos utilizadores a que se deveu, de forma a distinguirmos o que foi o comportamento do motorista de outros constrangimentos e factores que ele não pode controlar, como obras numa rua, por exemplo”.

A questão da pontuação dada a motoristas e a utilizadores é muito relevante, explica Rui Bento, porque é ela que permite banir aqueles que não estão a manter a qualidade do serviço nos padrões que a Uber defende. Sem quantificar os casos, Rui Bento admite que a plataforma já baniu, isto é, “criou limitações específicas ao acesso e utilização da plataforma” tanto a utilizadores, como a motoristas.

Questionado pelos jornalistas acerca da possibilidade de estender a utilização da aplicação a outras cidades do país, Rui Bento respondeu que essas questões estão sempre em avaliação, e que o objectivo da plataforma é dar sempre a melhor resposta possível, aos utilizadores e aos motoristas. Por serem “realidades muito dinâmicas”, e por não existir “propriamente um padrão” entre o número de motoristas, as horas de trabalho e a respectiva rentabilidade, Rui Bento recusou-se a responder qual seria o número óptimo de motoristas em cada cidade, a rentabilidade média que cada um aufere, ou mesmo as taxas de crescimento na adesão à plataforma até agora (bem como as previsões de desenvolvimento).

O que é certo, diz Rui Bento, é que a proximidade com a comunidade dos motoristas é "fundamental" e prioritária, justificando a criação destes espaços físicos (onde em conjunto, em Lisboa e no Porto, trabalham nove pessoas) para atender presencialmente todos os motoristas interessados em aderir à plataforma e conhecer os programas com condições especiais para aquisição, por exemplo, de viaturas, seguros ou combustível, que a Uber Portugal negociou com fornecedores e parceiros. Ou mesmo para tirar qualquer dúvida operacional. Desde o início do ano a Uber já prestou mais de 6500 horas de apoio especializado e presencial em Portugal, no Greenlight Hub de Lisboa.

Sobre a discussão na especialidade das propostas para regulação do sector das plataformas electrónicas para transporte de passageiros, Rui Bento disse estar a aguardar os desenvolvimentos "com expectativa", apesar de não ter havido nenhuma novidade recente. E admitiu que os momentos de tensão com taxistas não têm ocorrido com tanta frequência.