Valérie, Milla, Inês, Vira, Filipa e as outras vencem o Doclisboa
Num palmarés quase inteiramente atribuído a realizadoras, o festival lisboeta premeia filmes que desafiam as fronteiras do documentário.
É, certamente, uma casualidade, dada a quantidade de filmes “no feminino” na selecção competitiva deste ano do Doclisboa. Mas, mais do que termos duas realizadoras a vencer os principais prémios da edição 2017 do Doclisboa, tratam-se também de histórias de mulheres. Em Milla, Grande Prémio da Competição Internacional, Valérie Massadian acompanha a passagem de uma jovem da adolescência à idade adulta, de namorada a mãe; em Vira Chudnenko, Melhor Filme da Competição Portuguesa, Inês Oliveira conta a história da imigrante ucraniana em Portugal que dá nome ao filme, morta em 2007 por quatro cães Rottweiler. Dois filmes que navegam igualmente as fronteiras tradicionais do documentário: Milla, co-produção portuguesa que saíra já de Locarno com o Prémio do Júri do concurso Cineasti del presente, porque é uma ficção que é também um documentário sobre uma jovem que aprende a ser mulher; Vira Chudnenko porque fala de um caso real de modo contra-intuitivo, através da voz de uma locutora russa que lê testemunhos das duas mulheres que encontraram o corpo sobre imagens dos locais onde o drama teve lugar.
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É, certamente, uma casualidade, dada a quantidade de filmes “no feminino” na selecção competitiva deste ano do Doclisboa. Mas, mais do que termos duas realizadoras a vencer os principais prémios da edição 2017 do Doclisboa, tratam-se também de histórias de mulheres. Em Milla, Grande Prémio da Competição Internacional, Valérie Massadian acompanha a passagem de uma jovem da adolescência à idade adulta, de namorada a mãe; em Vira Chudnenko, Melhor Filme da Competição Portuguesa, Inês Oliveira conta a história da imigrante ucraniana em Portugal que dá nome ao filme, morta em 2007 por quatro cães Rottweiler. Dois filmes que navegam igualmente as fronteiras tradicionais do documentário: Milla, co-produção portuguesa que saíra já de Locarno com o Prémio do Júri do concurso Cineasti del presente, porque é uma ficção que é também um documentário sobre uma jovem que aprende a ser mulher; Vira Chudnenko porque fala de um caso real de modo contra-intuitivo, através da voz de uma locutora russa que lê testemunhos das duas mulheres que encontraram o corpo sobre imagens dos locais onde o drama teve lugar.
Uma terceira mulher, a portuguesa Filipa César, assinou com Spell Reel, ensaio sobre a recuperação dos arquivos de cinema da Guiné-Bissau, o único filme a ser duplamente premiado: uma menção honrosa na Competição Internacional e o prémio transversal José Saramago para melhor filme falado maioritariamente em português.
O júri, este ano formado pela realizadora Cláudia Varejão (vencedora da Competição Portuguesa em 2016 com Ama-san), pela programadora Cecilia Barrionuevo, pelos cineastas Andrés Duque e Simplice Ganou e pelo programador Lorenzo Esposito, premiou ainda duas outras curtas-metragens no feminino: Why Is It Difficult to Make Films in Kurdistan? (Prémio SPA), onde a jovem realizadora curda Ebru Avci se encena a si própria a tentar convencer a família a ir estudar cinema enquanto os filma com a sua câmara, e Saule Marceau (Prémio transversal Jornal PÚBLICO/MUBI para Melhor Curta-Metragem), onde Juliette Achard filma a tentativa do seu irmão Clément reinventar a sua vida.
Na Competição Portuguesa, julgada este ano pela curadora Emília Tavares, pelo realizador Richard Brouilette e pelo programador Fernando Vilchez Rodriguez, a escolha de Melhor Filme recaiu sobre Vira Chudnenko, com o exercício de landscape cinema À Tarde de Pedro Florêncio a receber o prémio Kino Sound Studio. O mesmo júri escolheu a Melhor Primeira Obra, transversal a várias secções este ano, Those Shocking Shaking Days, primeira longa da bósnia Selma Doborac.
Outros filmes nacionais premiados foram I Don’t Belong Here de Paulo Abreu (Prémio Escolas da Competição Portuguesa) e Diálogos ou Como o Teatro e a Ópera se Encontram para Contar a Morte de 16 Carmelitas e Falar do Medo de Catarina Neves (Prémio do Público) – curiosamente ambos filmes que abordam os “bastidores” de produções de palco - e, na competição de filmes de escola Verdes Anos, as curtas Norley and Norlen de Flávio Ferreira (Melhor Filme) e Pesar de Madalena Rebelo (Prémio Especial do Júri). De destacar ainda o Prémio Prática, Tradição e Património patrocinado pelo INATEL, atribuído ao filme brasileiro Martírio, e o Prémio Arquipélago para Melhor Projecto em Desenvolvimento, no âmbito do programa de apoio à criação Arché, entregue ao projecto Folha 84, de Catarina Mourão (A Toca do Lobo).
Os filmes premiados poderão ser ainda vistos no domingo no São Jorge (16h00, premiados da Competição Portuguesa), Culturgest (21h30, premiados da Competição Internacional) e Ideal (22h00, premiados da Primeira Obra).
Palmarés 2017
Competição Internacional
Grande Prémio: Milla, de Valérie Massadian
Menção honrosa: Spell Reel, de Filipa César
Prémio SPA: Why Is It Difficult to Make Films in Kurdistan, de Ebru Avci
Competição Portuguesa
Grande Prémio: Vira Chudnenko, de Inês Oliveira
Prémio Kino Sound Studio: À Tarde, de Pedro Florêncio
Prémio Escolas: I Don’t Belong Here, de Paulo Abreu
Verdes Anos (curtas de escola)
Melhor Filme: Norley and Norlen, de Flávio Ferreira
Prémio especial do júri: Pesar, de Madalena Rebelo
Melhor Realizador: Ana Vijdea, por John 746
Prémios transversais
Prémio José Saramago: Spell Reel
Prémio Revelação / Primeira Obra: Those Shocking Shaking Days de Selma Doborac
Prémio PÚBLICO/MUBI de Curta-Metragem: Saule Marceau de Juliette Achard
Prémio do Público: Diálogos ou Como o Teatro e a Ópera se Encontram para Contar a Morte de 16 Carmelitas e Falar do Medo, de Catarina Neves
Prémio Prática, Tradição e Património: Martírio, de Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tatiana Barbosa