Aptoide quer angariar 24 milhões de euros com nova criptomoeda

Loja de aplicações portuguesa marcou lançamento para as datas da Web Summit.

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Os escritórios da Aptoite, em Lisboa LM MIGUEL MANSO

A portuguesa Aptoide, que desenvolve uma loja de aplicações para Android, criou uma nova moeda digital – chamada AppCoin – para ser usada neste tipo de lojas, começando pela sua. Vai ser lançada durante a Web Summit. O objectivo é facilitar e acelerar as transacções entre criadores de aplicações, anunciantes e utilizadores finais, ao eliminar o envolvimento de terceiros, como instituições bancárias. 

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A portuguesa Aptoide, que desenvolve uma loja de aplicações para Android, criou uma nova moeda digital – chamada AppCoin – para ser usada neste tipo de lojas, começando pela sua. Vai ser lançada durante a Web Summit. O objectivo é facilitar e acelerar as transacções entre criadores de aplicações, anunciantes e utilizadores finais, ao eliminar o envolvimento de terceiros, como instituições bancárias. 

“Termos uma moeda própria acelera tudo. E é mais transparente porque permite um fluxo directo entre quem desenvolve as aplicações e o canal de distribuição”, diz ao PÚBLICO Álvaro Pinto, co-fundador e director da Aptoide. Além disso, permite que a geração mais nova – geralmente incapaz de fazer pagamentos digitais – possa ganhar criptomoedas ao usar aplicações com publicidade associada. “O dinheiro passa directamente de uma carteira digital para outra, independentemente de onde se esteja no mundo.”

O protocolo das novas AppCoins assenta na tecnologia de blockchain – uma base de dados distribuída que regista todas as transacções – e está aberto a qualquer loja de aplicações. Se a moeda tiver sucesso, poderá ser utilizada para fazer transacções em outras lojas de aplicações noutros sistemas operativos (por exemplo, no iOS).

“Isto ajuda-nos a dar mais expressão à nova moeda”, frisa o director da Aptoide. "Há cada vez mais projectos financiados através da tecnologia da blockchain." Para obter financiamento, a empresa marcou uma oferta inicial de moedas (ICO), entre os dias 6 e 9 de Novembro. Querem angariar cerca de 28 milhões de dólares (24 milhões de euros) durante o evento, que coincide com a realização da feira tecnológica Web Summit, em Lisboa.

A escolha das datas não foi acidental. “Ao promover a ICO no nosso stand da Web Summit, esperamos conseguir um bom interesse global da parte dos visitantes”, diz Álvaro Pinto. Para participar na pré-venda, basta ter uma conta com mais de 24 horas na loja de aplicações da Aptoide.

A compra das AppCoins não dá acesso a uma parte do capital da startup portuguesa. Apenas a moedas que podem ser utilizadas, mais tarde, na plataforma. Em 2017, a loja já conta com 200 milhões de utilizadores registados em todo o mundo, com o mercado brasileiro e indiano a liderar. Para Pinto, a ICO só deve aumentar a notoriedade do serviço.

Neste momento não temos objectivos específicos para a quantidade de AppCoins vendidas em Portugal, porque a compra está aberta a utilizadores em todos os países onde se pode participar em operações de ICO”, diz o director da Aptoide. “Os utilizadores vão também poder ganhar moedas ao jogar a jogos associados a um determinado produto. O tempo dos utilizadores e a atenção é valorizado.
Este género de operações ganhou popularidade recentemente, mas foi proíbido na China e na Coreia do Sul. Muitas instituições financeiras vêem as ICO, e todo o sistema de divisas digitais associado, como uma ameaça, com a falta de regulamentação a apresentar uma oportunidade para esquemas de lavagem de dinheiro. Recentemente, o banco central da Rússia também avisou que vai bloquear o acesso a sites que oferecem transacções de divisas virtuais.

Álvaro Pinto não se preocupa. “É tecnologia”, resume. “Há pessoas que a usam para coisas boas, e outras para coisas más. Como em tudo, tem de haver um maior controlo do mercado, o que para já é difícil porque se trata de uma tecnologia embrionária. Não acho que os países que estão a restringir estejam a tomar uma decisão definitiva. Estão a dizer que é preciso tempo para a perceber melhor.”

Limitações 

As novas criptomoedas da Aptoide ainda vão demorar a chegar ao mercado depois do período de oferta inicial. “É preciso um compasso de espera que é típico das ICO”, diz Álvaro Pinto, confirmando que ainda há limitações na tecnologia. “Um desafio de muitos projectos é a dificuldade em fazer muitas transacções em simultâneo.”

É um problema que a Aptoide espera ver resolvido antes de lançar as AppCoins para venda ao público em geral. Pinto estima que as novas criptomoedas comecem a circular na Aptoide dentro de seis meses, e sejam norma em várias outras lojas de aplicações online dentro de um ano.

A nova moeda da Aptoide pode ser comprada, entre os dias 6 e 9 de Novembro, a 30% de desconto com outras criptomoedas ou com dinheiro convencional. Com dez dólares (cerca de 8,50 euros) conseguem-se comprar 100 AppCoins. A pré-venda também está aberta a investidores de criptomoedas, parceiros da startup, e criadores de aplicações registados na Aptoide e na loja de aplicações do Google.