Direitos dos europeus no Reino Unido "não vão ser diminuídos", diz Boris Johnson

Em visita a Lisboa, o MNE britânico deixa desafio a Portugal para "ajuda" a Londres nas negociações do "Brexit".

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Boris Johnson e Augusto Santos Silva sublinham uma relação antiga entre o Reino Unido e Portugal Rui Gaudêncio/PÚBLICO

As questões em cima da mesa são complexas, o tempo está a passar depressa nas negociações do "Brexit", mas em Lisboa o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, e o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, mostraram-se descontraídos e de bom humor em declarações à imprensa após uma reunião bilateral no Palácio das Necessidades.

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As questões em cima da mesa são complexas, o tempo está a passar depressa nas negociações do "Brexit", mas em Lisboa o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, e o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, mostraram-se descontraídos e de bom humor em declarações à imprensa após uma reunião bilateral no Palácio das Necessidades.

Sublinhando o muito em comum que têm os dois países com uma aliança antiquíssima, Boris Johnson dá um passo em frente e brinca: “No Tratado de Windsor há de certeza uma cláusula em que se diz que se houver negociações muito complicadas com a Europa um dos países irá em auxílio do outro”. E acrescentou: "Espero que o lado português siga essa parte do acordo".

Santos Silva falou, na sua declaração, da importância das discussões em relação aos direitos dos cidadãos europeus a viver no Reino Unido. “Se conseguirmos fechar este dossier com um resultado positivo, este seria um ponto de viragem e facilitaria imenso” as negociações mais gerais da saída do Reino Unido da União Europeia.

Os direitos dos cidadãos foram um dos primeiros temas mencionados por Johnson. “No Reino Unido somos beneficiários de 400 mil portugueses que contribuem para as nossas vidas, cultura e economia”, disse o ministro britânico. “Tenho a certeza de que conseguiremos proteger os seus direitos”, declarou, e reafirmou em reposta a uma questão de um jornalista: “É impensável que estes direitos sejam de qualquer forma diminuídos.”

“O que peço respeitosamente aos nossos parceiros europeus é que sigamos com estas negociações e as fechemos para seguir para a fase seguinte”, disse o britânico – de Londres há um sentimento de uma certa urgência. “É altura para avançarmos para a segunda fase”, de discussão de uma nova parceria económica. 

Questionado pelos jornalistas, Santos Silva disse que ainda estão em aberto pontos na negociação sobre os direitos dos cidadãos, a começar pela “exigência de que todos se registem de novo”, pedida pelas autoridades britânicas. Do ponto de vista de Portugal “parece redundante, por isso pedimos que reconsiderem”, afirmou. Há ainda a considerar o direito de reunificação familiar e a portabilidade dos direitos (de pensões ou subsídios, por exemplo, no caso de trabalhadores no Reino Unido que venham depois para Portugal), que o ministro português espera que possam ser fechados até Dezembro.

Johnson e Santos Silva insistiram nas boas relações entre os dois países desde tempos muito anteriores à União Europeia, e em várias semelhanças: “Somos ambos países crentes no comércio livre, atlantistas, que valorizam a liberdade”, disse Johnson; Santos Silva sublinhou posições convergentes “em termos de defesa e segurança”.

Portugal, sublinhou o ministro, está interessado em “ter a relação o mais próxima possível entre a União Europeia e o Reino Unido, algo que é do interesse da UE e do interesse nacional de Portugal”.