Governo deixa cair medidas mais temidas pelos armadores da sardinha

Portugal deve baixar as capturas em 2018 mas já não haverá zonas de interdição da pesca, como chegou a ser anunciado pela ministra do Mar.

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A frota portuguesa vai pescar menos sardinha em 2018 Rui Farinha/NFactos

Os armadores do cerco encaram com tranquilidade a possibilidade de pescarem em 2018 menos do que as 17 mil toneladas de sardinha que descarregaram em lota este ano. Apesar de defenderem a manutenção da quota, os representantes do sector encararam positivamente o resultado da reunião mantida esta sexta-feira com o Governo, na qual foi posta de parte a criação de duas zonas de interdição de pesca, na costa portuguesa, uma medida que consideravam pior para o sector.

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Os armadores do cerco encaram com tranquilidade a possibilidade de pescarem em 2018 menos do que as 17 mil toneladas de sardinha que descarregaram em lota este ano. Apesar de defenderem a manutenção da quota, os representantes do sector encararam positivamente o resultado da reunião mantida esta sexta-feira com o Governo, na qual foi posta de parte a criação de duas zonas de interdição de pesca, na costa portuguesa, uma medida que consideravam pior para o sector.

O presidente da Associação Nacional das Organizações de Pesca do Cerco (ANOP-Cerco) afirmou ao PÚLICO que não saiu totalmente satisfeito deste encontro com a tutela, em que, além da ministra Ana Paula Vitorino e do secretário de Estado José Apolinário, estiveram representantes do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em todo o caso,  Humberto Jorge admitiu que os pescadores ficaram "um pouco animados e sobretudo mais tranquilos, porque foram colocadas de parte medidas mais radicais que poriam em causa a sobrevivência do sector”.

O dirigente associativo explicou que neste encontro foi analisada a proposta do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, em Inglês). Entre a recomendação de zero capturas e o nível máximo admissível no estudo, de cerca de 24 mil toneladas, Portugal e Espanha apontam para um total conjunto que rondará, no próximo ano, as 14 a 16 mil toneladas. Menos, por isso, do que as 17 mil descarregadas nos portos dos dois países este ano.  É um valor que, segundo o ICES, permite uma recuperação de 4,5 a 5% da biomassa deste recurso”, explicou Humberto Jorge, dando conta que tal quantidade permite que a frota se mantenha a trabalhar nos meses de Verão.

Além de temerem uma diminuição drástica da quota, que não acontecerá, os pescadores insurgiram-se esta semana contra o anúncio de criação de zonas de interdição, em duas áreas da costa, entre o Sado e o Tejo e entre a Foz do Mondego e Aveiro, conhecidas por serem áreas de alimentação de juvenis de sardinha. A medida acabou por ser posta de lado, como pediam, e em vez disso, o sector promete colaborar com o IPMA para a monitorização do movimento desses cardumes de peixe imaturo, de modo a criar, em tempo real, áreas de interdição temporária.

Para isso foi acordado também uma melhoria do acompanhamento da pesca por parte do IPMA. "Precisamos de informação fiável e rápida”, assinalou ao PÚBLICO Humberto Jorge, garantindo toda a colaboração do sector para a melhoria do plano de gestão deste recurso tão importante. O mesmo dirigente tinha já avançado que iria propor o alargamento de dois para quatro meses do período de defeso, respeitado em simultâneo por portugueses e espanhóis, e explicou que essa medida vai ser discutida pelos governos dos dois países na próxima reunião. A quota de 2018 e as alterações ao plano de gestão devem ficar definidas ainda em Novembro, explicou o presidente da ANOP-Cerco.