Dos pioneiros às novas referências das electrónicas no Semibreve

Começa esta sexta-feira, com os americanos Visible Cloaks e o projecto alemão Gas, a sétima edição do festival de Braga. Aqui passarão, ao longo dos próximos três dias, nomes fundadores das electrónicas como Beatriz Ferreyra, de 80 anos, e figuras que se impuseram recentemente como a japonesa Kyoka.

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Inúmeras estreias em Portugal. Um conjunto de nomes credíveis da música electrónica abstracta, exploratória ou ambiental de todo o mundo, numa mistura de personalidades fundadoras e novas referências. Espectáculos audiovisuais no Theatro Circo, no GNRation e na Capela Imaculada do Seminário Menor; conversas e oficinas no Mosteiro de Tibães e na Casa Rolão. E um público ávido de descobrir novas sonoridades. Eis o que se espera da sétima edição do festival Semibreve, que decorre em Braga, entre esta sexta-feira e domingo, aprofundando aquele que é já um projecto consolidado.

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Inúmeras estreias em Portugal. Um conjunto de nomes credíveis da música electrónica abstracta, exploratória ou ambiental de todo o mundo, numa mistura de personalidades fundadoras e novas referências. Espectáculos audiovisuais no Theatro Circo, no GNRation e na Capela Imaculada do Seminário Menor; conversas e oficinas no Mosteiro de Tibães e na Casa Rolão. E um público ávido de descobrir novas sonoridades. Eis o que se espera da sétima edição do festival Semibreve, que decorre em Braga, entre esta sexta-feira e domingo, aprofundando aquele que é já um projecto consolidado.

É pelas 21h30 desta sexta-feira, no Theatro Circo, que a música e as imagens desta edição começam a dar-se a conhecer através da dupla americana Visible Cloaks, uma das boas surpresas do corrente ano no campo das electrónicas mais ambientais, através do álbum Reassemblage, composto de baladas futuristas cujo borbulhar digital cria um organismo vivo de experiência sensorial. De seguida haverá Gas, ou seja o projecto do histórico alemão Wolfgang Voigt, figura essencial para se perceber a ascensão do tecno minimal de Colónia a partir dos anos 1990. Em 2017 lançou Narkopop, 17 anos depois do seu último álbum como Gas: um tratado de electrónica densa, parecendo repetir-se incessantemente, mas mostrando-se sempre diferente, com o batimento cardíaco de um tecno em câmara lenta revestido de camada ambiental, num todo planante e hipnótico.    

Manipulando um sistema de difusão de oito canais, a compositora electroacústica argentina Beatriz Ferreyra, de 80 anos, encerrará a sessão no Theatro Circo; a primeira noite acabará depois no GNRation, com a japonesa Kyoka e a americana Karen Gwyer, para abordagens que têm tanto de experimental como de dançável.

No sábado, a Capela Imaculada do Seminário Menor deverá encher-se para o espectáculo audiovisual do americano Steve Hauschildt, ex-membro do grupo Emeralds, que utiliza nas suas composições sintetizadores, computadores e processamento digital para subverter as normas dos sons electrónicos. Horas depois, no Theatro Circo, atenções viradas para o neozelandês Fis, criador de uma electrónica física, vibrante e exploradora, e para o projecto norueguês Deathprod, do compositor Helge Sten, que trabalha texturas e um minimalismo granular, profundamente atmosférico, explorando as mais ínfimas partículas do som. A aventura Blessed Initiative, do músico e artista sonoro Yair Elazar Clotman, sediado em Berlim, as combinações imprevisíveis do músico libanês Rabih Beaini, que vão do tecno ao krautrock, ou as deambulações expansivas do duo português Sabre completarão o cardápio da segunda noite.  

No domingo, o compositor e artista australiano Lawrence English, com um vasto corpo de trabalho, entre produções próprias e colaborações, irá questionar as relações estabelecidas entre som, harmonia, distorção e estrutura, a partir de momentos sonoros evocativos. Por sua vez, o compositor e produtor islandês Valgeir Sigurdsson, que já colaborou com nomes como Björk, Sigur Rós ou Feist, tendo criado bandas-sonoras para cinema ou composições para teatro, dança ou instalações, irá mostrar algum do seu trabalho a solo, marcado por uma sonoridade tão eloquente quanto inquietante, com a colaboração visual do artista Yannick Jacquet.

Além da música

Para além dos espectáculos audiovisuais, o Semibreve incluirá conversas e oficinas com alguns dos artistas participantes. Serão os casos do workshop The Radical Listener, de Lawrence English, no Mosteiro de Tibães, que passará por recolha, escuta e análise de sons, ou da conversa com Beatriz Ferreyra, em torno da sua longa carreira, a ter lugar na Casa Rolão – ambos marcados para sábado. No domingo à tarde, na Casa Rolão, haverá uma conversa com Fis e Rabih Beaini sobre o lugar da performance na música electrónica actual.

Entre as diversas instalações artísticas que constam do programa, destaque para a composição da americana Laurie Spiegel para o vídeo Maya Deren: Prelude to Generating a Dream Palette, do já falecido realizador Peter Schmideg. Hoje com 72 anos, Spiegel, que foi uma das pioneiras da nova música electrónica nova-iorquina nos anos 1970, influenciando sucessivas gerações, acaba por expor um dos sintomas da sétima edição do Semibreve: um compromisso que faz da programação um cruzamento entre figuras tutelares das electrónicas e agentes emergentes, na sua maior parte prontos para actuar em estreia em Portugal.