Vem descrito como “comédia”, mas não há razão para rir
Vem descrito como “comédia”, mas não há razão para rir num filme assim, realizado em estilo de telefilme desenxabido e pleno de personagens formatadas.
Vem com as melhores recomendações do outro lado do Atlântico (98% no Rotten Tomatoes, o que faz dele um dos melhores filmes de todos os tempos — e conseguimos escrever este parêntesis sem nos rirmos) mas é uma xaropada que não se acredita.
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Vem com as melhores recomendações do outro lado do Atlântico (98% no Rotten Tomatoes, o que faz dele um dos melhores filmes de todos os tempos — e conseguimos escrever este parêntesis sem nos rirmos) mas é uma xaropada que não se acredita.
A clássica história de amor intercultural, ela americana (Zoe Kazan, neta de Elia), ele paquistanês imigrado (Kumail Nanjiani, aparentemente célebre como cómico de stand up e a fazer de si próprio, entre o stand up do início e o stand up da cena final), boy meets girl, loses girl, etc etc etc num mar de dificuldades, obstáculos e preconceitos culturais ou religiosos, a que nem falta a intervenção do acaso biológico (uma doença rara) para empatar a vida dos apaixonados.
Vem descrito como “comédia”, e Judd Apatow até é um dos produtores, mas não há razão para rir num filme assim, realizado em estilo de telefilme desenxabido e pleno de personagens formatadas. Claro: corresponde a uma ideia social bonita e a uma vitória sobre as diferenças culturais num momento em que elas são o foco de inúmeras tensões, mostra “um mundo de acordo com os nossos desejos” e isso hoje, sobretudo para as bandas da América, é supremamente importante. Mas é o tipo de cinema chá & bolinhos, limado de qualquer violência ou tensão (até romântica, até dramática...), que não tem interesse nenhum uma vez extraída a “mensagem” sóciopolítica.