Bispos condenam polémico acórdão sobre violência doméstica

O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa refere que a utilização da Bíblia por parte do relator do acórdão do Tribunal da Relação do Porto para atenuar a violência doméstica com o adultério, está "incorrecta ou incompleta".

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“Na Bíblia podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte”, refere o acórdão da Relação do Porto ADRIANO MIRANDA

O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) condenou a utilização da Bíblia no polémico acórdão do Tribunal da Relação do Porto relativo a um caso de violência doméstica, referindo até que as referências bíblicas utilizadas pelo relator, o juiz Neto de Moura, sobre o adultério estão incorrectas.

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O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) condenou a utilização da Bíblia no polémico acórdão do Tribunal da Relação do Porto relativo a um caso de violência doméstica, referindo até que as referências bíblicas utilizadas pelo relator, o juiz Neto de Moura, sobre o adultério estão incorrectas.

Em declarações à Agência Ecclesia, o padre Manuel Barbosa diz que existiu um “uso incorrecto ou incompleto” da Bíblia para fundamentar a atenuação da violência doméstica com a prática do adultério: “Neste caso há uso incorrecto ou incompleto [da Bíblia], pois no episódio do encontro de Jesus com a mulher adúltera, ele pede àqueles que não têm pecados para atirarem a primeira pedra. Eles acabam por se afastar, simplesmente”.

“Na Bíblia podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte”, refere o acórdão da Relação.

Além disso, o secretário da CEP cita ainda várias afirmações do Papa Francisco condenando a violência doméstica, afirmando que “não se pode atenuar qualquer tipo de violência, no caso, a violência doméstica, mesmo em caso de adultério”.