Dois candidatos contra o Bloco Central
Rio afasta o PSD da direita, Santana diz que cabem pessoas da direita, do centro e do centro-esquerda
Como candidato a preparar o terreno há vários meses, Rui Rio já desvendou algumas linhas do seu programa, em intervenções públicas e numa entrevista, ainda antes de iniciar a volta pelo país em encontros de militantes. Assumiu-se contra o Bloco Central – o PSD “não é muleta do poder” – e a favor de entendimentos com o Governo em matérias estruturais. Aí tem um ponto em comum com Pedro Santana Lopes como o próprio reconheceu este domingo.
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Como candidato a preparar o terreno há vários meses, Rui Rio já desvendou algumas linhas do seu programa, em intervenções públicas e numa entrevista, ainda antes de iniciar a volta pelo país em encontros de militantes. Assumiu-se contra o Bloco Central – o PSD “não é muleta do poder” – e a favor de entendimentos com o Governo em matérias estruturais. Aí tem um ponto em comum com Pedro Santana Lopes como o próprio reconheceu este domingo.
Logo na apresentação da candidatura há duas semanas – em Aveiro e não no Porto – Rui Rio quis desfazer uma ideia que lhe era associada – a de que estaria disposto a fazer uma aliança permanente com o Governo socialista. E garantiu que não seria número dois de António Costa ao dizer que “o PSD é um partido de poder, não uma muleta do poder”. O mesmo princípio ficou sublinhado na primeira entrevista que deu, na passada semana, na TVI, quando garantiu ser contra o Bloco Central, mas sim a favor de pactos de regime em matérias como a segurança social e a justiça. Já na passada sexta-feira, numa intervenção numa assembleia de militantes em Viseu, Rio defendeu que o PSD se deveria entender com o Governo na questão da prevenção e combate aos incêndios. São esses “pactos de regime” que Santana Lopes também defende. Quando anunciou a sua candidatura, na SIC, o ex-primeiro-ministro falou numa das questões que o primeiro-ministro tinha considerado como essencial para um entendimento com o PSD – ainda antes de se saber que Passos Coelho já não se candidataria a líder: as prioridades dos fundos estruturais comunitários.
Na sua apresentação em Aveiro, o antigo autarca do Porto defendeu que o PSD “não é um partido de direita, nem nunca será” e que deve estar ao “centro”, assumido-se o próprio como sendo mais de centro-esquerda. Santana Lopes, este domingo em resposta aos jornalistas, defendeu que no partido cabem “pessoas de direita, de centro, de centro-esquerda moderada”.
Sem se referir a questões de natureza pessoal, Rui Rio assumiu, na entrevista, que as diferenças com Santana Lopes são mais de “perfil” do que “ideológicas”. Uma das frases que mais ecoou entre os apoiantes de Santana foi a da necessidade de os políticos tomarem “um banho de ética” para ultrapassarem a falta de credibilidade. Santana Lopes respondeu este domingo quando se opôs a um PSD de “iluminados” e de “professores de ética”.