Não foi o cancro que matou Pablo Neruda, mas terá mesmo sido envenenado?

A investigação iniciada pela justiça chilena em 2011 descobriu uma nova toxina no corpo do poeta e concluiu que não foi o cancro da próstata a vitimá-lo, mas não conseguiu ainda determinar a verdadeira causa da morte.

Foto
Pablo Neruda morreu dia 23 de Setembro de 1973, aos 69 anos DR

Em 2011, 38 anos depois da morte de Pablo Neruda, o seu antigo motorista, Manuel Araya, afirmou-se convicto de que o poeta chileno fora envenenado a mando do regime de Pinochet. As declarações de Araya motivaram, nesse mesmo ano, a abertura de uma investigação por parte da Justiça chilena. As primeiras conclusões, agora reveladas, deixam uma certeza: ao contrário do que ficou registado na certidão de óbito, não foi o cancro da próstata de que padecia o Prémio Nobel da Literatura de 1971 a vitimá-lo. Mas não conseguiu ainda comprovar que a morte se tenha devido a  envenenamento.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em 2011, 38 anos depois da morte de Pablo Neruda, o seu antigo motorista, Manuel Araya, afirmou-se convicto de que o poeta chileno fora envenenado a mando do regime de Pinochet. As declarações de Araya motivaram, nesse mesmo ano, a abertura de uma investigação por parte da Justiça chilena. As primeiras conclusões, agora reveladas, deixam uma certeza: ao contrário do que ficou registado na certidão de óbito, não foi o cancro da próstata de que padecia o Prémio Nobel da Literatura de 1971 a vitimá-lo. Mas não conseguiu ainda comprovar que a morte se tenha devido a  envenenamento.

“Não temos comprovado que tenha havido efectivamente a intervenção de terceiros [na morte], mas temos a possibilidade de que possa ter existido realmente a intervenção de terceiros”, declarou o responsável pela investigação, juiz Mario Carroza, citado pelo El País.

O corpo de Pablo Neruda foi exumado em 2013 e os exames a que foi sujeito permitiram identificar a presença de uma nova toxina num dos molares. No entanto, serão necessários mais exames bacteriológicos para determinar se a toxina foi a responsável pela morte e se a bactéria que a produziu fui cultivada em laboratório, o que comprovaria o envenenamento.

Pablo Neruda morreu a 23 de Setembro de 1973 durante um internamento na Clínica Santa Maria, em Santiago do Chile, doze dias depois do golpe militar de Pinochet contra o governo socialista liderado por Salvador Allende. Segundo Eduardo Contreras, advogado do Partido Comunista Chileno, de que Neruda era militante e organização que pediu em 2011 o início da investigação em curso, a morte de Neruda ocorreu poucas horas antes de uma planeada viagem para o México, de onde o poeta planearia apoiar um movimento de resistência ao regime de Pinochet.

Pablo Neruda morreu na mesma clínica onde, anos depois, em 1982, faleceu Eduardo Frei Montalva, presidente do Chile entre 1964 e 1970, e cuja família, escreve o El País, suspeita ter sido vítima de envenenamento por parte do regime.