Gio Rodrigues, o designer das noivas

O nome salta à vista quando o assunto são vestidos de noiva, mas o designer do Porto também faz sucesso com os vestidos de cerimónia, as linhas Bags & Shoes e as joias.

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Gio Rodrigues é conhecido por ser o designer das noivas. É a partir do edifício da Rua 31 de Janeiro, na Baixa do Porto, que concretiza o sonho das mulheres que querem subir ao altar com um vestido de arrasar. Quase a completar 42 anos, também esboça vestidos de cerimónia, joias e sapatos. “Mas se não houver paixão e não estiver feliz, não consigo desenhar nem uma peça”, diz rodeado dos vestidos da nova colecção de noivas, apresentados recentemente, no Porto.

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Gio Rodrigues é conhecido por ser o designer das noivas. É a partir do edifício da Rua 31 de Janeiro, na Baixa do Porto, que concretiza o sonho das mulheres que querem subir ao altar com um vestido de arrasar. Quase a completar 42 anos, também esboça vestidos de cerimónia, joias e sapatos. “Mas se não houver paixão e não estiver feliz, não consigo desenhar nem uma peça”, diz rodeado dos vestidos da nova colecção de noivas, apresentados recentemente, no Porto.

O designer vai buscar inspiração às mulheres que passam pela sua vida, que o marcam pela sua forma de estar, conta. Foi o que aconteceu com a colecção de 25 vestidos de noiva, uma linha “romântica, mais inocente, mas provocante e sensual”. Esta é desprovida de cristais, ao contrário da anterior que era mais vistosa, e destaca-se pelas sedas e rendas de bilros.

A colecção foi apresentada no Pátio das Cardosas e, na noite anterior, o profissional tinha dormido apenas três horas e, desde a véspera, que andava a supervisionar tudo. Havia que ter os nomes dos convidados direitinhos nas cadeiras, os penteados dos modelos num brinco, os charriots com os vestidos prontos a serem usados. E os fatos dos noivos a assentar que nem uma luva.

O nervoso miudinho já não é mesmo das primeiras vezes, quando em 1999, fez o primeiro desfile, numa discoteca portuense, logo depois de criar a marca Gio Rodrigues. Mas tem de estar tudo perfeito. “Agora estou mais seguro. Os desfiles que faço são equivalentes a um Portugal Fashion, porque monto as estruturas sozinho, preparo tudo”. É uma azáfama tal e quando menos espera, o espaço ao ar livre enche-se. Há gente de pé para assistir ao desfile. No final, as palmas e o sucesso vão com ele para casa, assim como a adrenalina que sabe que não o deixará dormir de imediato.

A avó modista era de Lisboa

Mas voltando às mulheres, porque são a sua inspiração, a primeira foi a avó modista de Lisboa. Era ainda um miúdo “reguila e sonhador” que queria ser bombeiro e polícia, mas também designer. O convívio com a avó ajudou-o na escolha: ela costurava vestidos de cerimónia para casamentos. Gio Rodrigues também o faz agora: “As noivas trazem sempre familiares para vestir”. Mas já em pequeno tinha rasgo para o desenho: “Desde que me lembro que desenho roupa e gostava de moda. Mas não gostava de brincar com bonecas”, diz entre risos, enquanto atira: “Não sei coser. Sei desenhar e criar tendências”.

Em pequeno ainda chegou a morar em Viseu, depois foi para o Porto tirar o curso de arte e design e estudar moda. A estatura de 1,90 metros abriu-lhe portas para o mundo da moda. Desfilou ao lado de Sofia Aparício, David Simões e outros. “Mas não tinha jeitinho para aquilo. Era tímido e até cheguei a cair na passerelle”, conta entre risos.

Amealhou experiência e algum dinheiro para, mais tarde, abrir uma loja multi-marcas, no Porto, com peças de José António Tenente, Anabela Baldaque e Luís Buchinho. Fechou-a para abrir, em 1999, uma em nome próprio. Nascia assim a marca Gio Rodrigues, primeiro com uma linha para homem, com calças curtas e malhas. “Tive muito sucesso com umas calças brancas que fiz”, recorda, e sobretudo entre a comunidade gay que “adoptou a colecção por ser mais extravagante”. Cinco anos depois estava a desenhar roupa para mulher – “mais clássica, sensual e elegante, ao contrário da linha de homem que era mais arrojada”. O vestido de noiva da ex-mulher foi o primeiro que desenhou. “Era curto num rosa pálido”, recorda.

Pouco a pouco, começou a ter cada vez mais clientes. “As pessoas procuram-me mais pelas noivas. Sou o melhor em Portugal. Nem é falta de modéstia, porque sou bom mesmo”, assegura. “Tenho sempre 50 modelos prontos. Estou ao nível de qualquer marca internacional.” Diz que é, por isso, que vende nas melhores lojas de Barcelona e de Madrid. O vestido mais caro da nova colecção custa cerca de quatro mil euros.

Gio Rodrigues tornou-se mediático, frequentou muitas festas, fez muitos desfiles e viajou pelo mundo inteiro. Por estes dias, deve lançar uma colecção de joias com a marca espanhola Nava Joalheiros, de venda online. Uma linha de ouro e diamantes e outra mais comercial, em prata. Há seis anos já tinha desenhado a Gio Rodrigues Diamons & Gold, que teve como embaixadora a actriz Maria de Medeiros. Tinha joias que custavam 30 mil euros. Mas já desenhou peças de mobiliário, sapatos, carteiras, etc. Quer projectar uma linha de sapatilhas brancas e rosa pastel para aquelas noivas que querem casar com os pés confortáveis. 

Apesar do sucesso, o profissional “é um insatisfeito por natureza, um sonhador que quer ser feliz", auto-define-se. "Sou a pessoa mais difícil de dar prendas, porque não quero nada. E não é que tenha tudo…”