Facebook e Google ajudaram a promover campanha anti-refugiados nos EUA

As equipas de publicidade das empresas trabalharam com um grupo conservador norte-americano para definir o público-alvo de um vídeo que promovia o medo a imigrantes e refugiados, com a Mona Lisa de burca.

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As imagens queriam promover medo dos refugiados, ao mostrar imagens falsas dos refugiados em Paris Reuters/BENOIT TESSIER

Uma campanha publicitária, a criticar a vinda de refugiados para os Estados Unidos, foi promovida por trabalhadores do Facebook e do Google durante as eleições norte-americanas. Os vídeos mostravam a Mona Lisa coberta com uma burca e crianças francesas a treinar para lutar pelo califado para desenvolver um medo da vinda de mais imigrantes e refugiados para o país. A informação foi avançada, esta quarta-feira, numa investigação da Bloomberg.

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Uma campanha publicitária, a criticar a vinda de refugiados para os Estados Unidos, foi promovida por trabalhadores do Facebook e do Google durante as eleições norte-americanas. Os vídeos mostravam a Mona Lisa coberta com uma burca e crianças francesas a treinar para lutar pelo califado para desenvolver um medo da vinda de mais imigrantes e refugiados para o país. A informação foi avançada, esta quarta-feira, numa investigação da Bloomberg.

Ambas as empresas tecnológicas apoiam os refugiados publicamente: o Google doou mais de 20 milhões de dólares (cerca de 16 milhões de euros) a esforços para ajudar a crise dos refugiados e em 2015,e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, prometeu introduzir a internet nos campos de refugiados das Nações Unidas. Porém, as equipas de publicidade de ambas as empresas terão feito o contrário.

O grupo conservador norte-americano Secure America Now – que apoia políticas anti-refugiados – terá sido considerado um cliente de relevo pelas equipas de publicidade de ambas as empresas tecnológicas, recebendo atenção e recomendações personalizadas sobre como atingir o seu público-alvo em troca de milhões de dólares. No final, anúncios a avisar sobre a criação de um alegado Estado Islâmico, em França e na Alemanha, foram apresentados em locais como o Nevada e a Carolina do Norte na esperança de influenciar a votação a favor de Donald Trump.

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Imagem do vídeo da Secure America Now

O PÚBLICO tentou contactar o Google, o Facebook e o Secure America Now para esclarecimentos, mas apenas recebeu uma resposta do primeiro até à hora de publicação desta notícia. Num email breve sobre o assunto, a equipa do Google não comenta o caso específico, mas escreve que tem políticas rigorosas em vigor sobre publicidade: “Aplicamos estas políticas vigorosamente. Quando encontramos anúncios que violam estas políticas, reprovamo-los de imediato e paramos de os mostrar.” O Google terá eventualmente bloqueado vários anúncios da Secure America Now por violar as suas políticas, incluindo o vídeo sobre a transformação de França num Estado Islâmico.

Em declarações ao Guardian, o Facebook também recusa comentar a parceria, mas acentua que não trabalhou directamente com a Secure America Now, apenas com a agência de publicidade responsável pela campanha, a Harris Media. Segundo a Bloomberg, a rede social terá utilizado a campanha publicitária para testar o novo formato de vídeos verticais.

O trabalho do Facebook e do Google com a Secure America Now dá novo gás às polémicas que têm atingido ambas as empresas no que toca à disseminação de informação falsa, particularmente, através de conteúdo publicitário. No mês passado, o Facebook foi criticado por permitir publicidade direccionada a anti-semitas (que utilizavam temas como “ódio a judeus” para se descreverem na rede social) e ambas as empresas estão envolvidas numa investigação do Congresso Norte Americano sobre operadores russos, que gastaram dezenas de milhares de dólares em anúncios para serem difundidos no Google e no Facebook durante as eleições presidenciais norte-americanas.