UE acena com milhões para travar imigração
Itália quer que 28 aumentem apoios à Líbia e aos países subsarianos, assegurando que a sua colaboração com Trípoli está a dar resultados.
Passado o pior da crise dos refugiados, a União Europeia aposta no dinheiro como solução para travar a imigração. É assim que mantém vivo o acordo com a Turquia (ao mesmo tempo que corta fundos associados ao processo de adesão por causa da repressão política) que quer convencer a Líbia a lutar contra o tráfico de pessoas ou promete investimentos nunca vistos nos países africanos de origem dos imigrantes.
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Passado o pior da crise dos refugiados, a União Europeia aposta no dinheiro como solução para travar a imigração. É assim que mantém vivo o acordo com a Turquia (ao mesmo tempo que corta fundos associados ao processo de adesão por causa da repressão política) que quer convencer a Líbia a lutar contra o tráfico de pessoas ou promete investimentos nunca vistos nos países africanos de origem dos imigrantes.
Em discussão nesta cimeira europeia estará também um novo mecanismo para redistribuição dos milhares de refugiados que chegaram à Europa. Não seria já o sistema de quotas obrigatórias criado em 2015 (a que o grupo de Visegrado se opôs) mas uma proposta feita pela presidência estónia, e citada pela Reuters, prevê que os Estados-membros continuem a ter de aceitar refugiados em momentos de crise – uma escassa partilha de esforços que promete ser insuficiente para a Grécia e Itália, na linha da frente desta crise.
Mais prováveis são os elogios ao Governo italiano, que face à pouca solidariedade europeia, tomou a iniciativa de trabalhar com a Líbia para travar as travessias no Mediterrâneo, prometendo milhões de euros a Trípoli para combater os contrabandistas e apoiando a guarda costeira nas acções de intercepção.
A ONU e várias ONG dizem que, por causa destas acções, milhares de migrantes, incluindo mulheres e crianças, enfrentam “sofrimentos e abusos a uma escala chocante” nos centros de detenção líbios, sem qualquer perspectiva de chegar à Europa ou garantias de regresso a casa.
O primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, garante, no entanto, “estar orgulhoso do bom exemplo” dado pelo país, que conseguiu reduzir as mortes no Mediterrâneo e as chegadas à Europa. Diz, por isso, que Itália tem mais peso para exigir solidariedade à UE, a quem pede fundos para melhorar as condições de vida nos centros de detenção líbios, financiar os programas de regresso dos migrantes e de investimento nos países de origem. “A ideia de que só alguns países devem carregar o peso da imigração vinda de África ou dos países do Médio Oriente é eticamente errada e uma completa ilusão a nível político”, afirmou Gentiloni ainda antes de partir para Bruxelas.
No entanto, escreve a Reuters, muitos países continuam relutantes em entregar somas avultadas ao Africa Trust Fund, o instrumento criado pelos 28 para coordenar os programas de desenvolvimento nos países de origem dos imigrantes. Afirmam que vários dos projectos apresentados não estão directamente relacionados com os desincentivos à imigração ou temem que o dinheiro acabe por alimentar a corrupção naqueles países.