Líderes da UE debatem as crises mundiais e oferecem a May uma recepção simpática

As migrações continuam a ser matéria para divisões. A agenda mundial exige atenção. Em pano de fundo o “Brexit” mas também a Catalunha

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Angela Merkel e Emmanuel Macron dirigem a orquestra, que ao jantar ouve uma proposta de Theresa May Yves Herman/REUTERS

Mais uma vez, o jantar, reservado aos líderes e só a eles, é o local escolhido para a verdadeira discussão política dos temas urgentes que estão na agenda da União Europeia no Conselho Europeu desta quinta e sexta-feira. Theresa May pediu para falar ao jantar e levou uma proposta simpática sobre a sorte dos três milhões de europeus que vivem no seu país. Nesta quinta-feira, antes do início da cimeira, lembrou que “a defesa, a segurança, o terrorismo são questões comuns [aos dois lados] e o Reino Unido continuará a colaborar totalmente com a União Europeia”.

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Mais uma vez, o jantar, reservado aos líderes e só a eles, é o local escolhido para a verdadeira discussão política dos temas urgentes que estão na agenda da União Europeia no Conselho Europeu desta quinta e sexta-feira. Theresa May pediu para falar ao jantar e levou uma proposta simpática sobre a sorte dos três milhões de europeus que vivem no seu país. Nesta quinta-feira, antes do início da cimeira, lembrou que “a defesa, a segurança, o terrorismo são questões comuns [aos dois lados] e o Reino Unido continuará a colaborar totalmente com a União Europeia”.

Não se previam cedências para desbloquear já o impasse em que caíram as negociações, sobretudo por causa do dinheiro. Mas a palavra de ordem é não hostilizar a líder britânica, para que não saia de Bruxelas ainda mais enfraquecida.

Angela Merkel e Emmanuel Macron dirigem a orquestra. Até ver, os seus pares europeus não desafinam. A chanceler falou em sinais “encorajadores” para passar à segunda fase, das futuras relações comerciais, em Dezembro. Mariano Rajoy levou com ele a crise catalã e recebeu o apoio de ambos. “Apoiamos a posição do Governo espanhol”, disse a chanceler. Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu, acrescentou que não há espaço para qualquer intervenção europeia.

Caminho para a Jamaica

Este é o primeiro Conselho Europeu depois das eleições da Alemanha, mas só agora começaram as negociações para o próximo governo. “O caminho para a Jamaica é longo”, observou um diplomata europeu. As cores dos três partidos que podem integrar a nova coligação são as da bandeira da Jamaica. Ainda é difícil antecipar qual vai ser a margem de manobra da chanceler na política europeia, sobretudo no que respeita à reforma da zona euro.

O que se sabe é que o líder dos liberais, Christian Lindner, que quer substituir Wolfgang Schäuble nas Finanças, já criticou o seu antecessor por ter sido demasiado “brando” em relação à Grécia, porque cedeu demasiado a Merkel. Não é um bom augúrio.

De resto, a agenda é tão pesada quanto o são os problemas internacionais e europeus. Não há decisões previstas, mas haverá discussões fundamentais. A crise da Coreia do Norte é uma grande preocupação, aliás, ligada ao acordo nuclear com o Irão, do qual a Europa faz parte e que o Presidente americano ameaça rasgar. Seria, dizem os europeus, o pior sinal possível para Pyongyang. A mensagem para Washington é simples: a Europa não voltará atrás.

Nesta quinta-feira à tarde, os líderes debateram outro tema quente: as migrações. Elogiaram a Itália com o seu trabalho na Líbia para fixar os refugiados e imigrantes, ajudando a reduzir de forma significativa o fluxo registado este ano. Já em matéria de uniformização das leis do asilo, não houve qualquer entendimento. Mais uma questão adiada para o próximo ano.

O Conselho Europeu está a passar em revista a chamada “Agenda dos Líderes” para o próximo ano e meio, preparada por Donald Tusk e já discutida num encontro informal em Talin (Estónia), que deverá estabelecer um novo calendário de reformas para uma Europa a 27 e um mundo em ebulição. Essa agenda inclui migrações; segurança e defesa, que ocupa um lugar cada vez mais alto nas prioridades europeias; o orçamento plurianual para 2020-2027; as relações comerciais com terceiros (a Europa quer aproveitar a deriva proteccionista dos EUA); e, finalmente, a conclusão da reforma da zona euro, onde prevalecem ainda divisões profundas entre Paris e Berlim.