A ciência e a Terra cabem num arroz de pato
A iniciativa Cientistas no Palácio vai permitir o contacto de alunos e professores com gentes muito diferentes entre si que têm em comum a paixão de perguntar.
A ideia foi fazer uma série de conversas sobre a forma como a ciência pode contribuir para a sustentabilidade do planeta. Os falantes foram convidados a discutir com duas ou três turmas do ensino secundário aquilo que para eles tem mais graça na sua profissão de especializações científicas. Não irei como patologista mas sim como um tipo interessado na evolução das espécies.
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A ideia foi fazer uma série de conversas sobre a forma como a ciência pode contribuir para a sustentabilidade do planeta. Os falantes foram convidados a discutir com duas ou três turmas do ensino secundário aquilo que para eles tem mais graça na sua profissão de especializações científicas. Não irei como patologista mas sim como um tipo interessado na evolução das espécies.
Irei mostrar slides para mostrar o modo como o homem e os seus primos mais ou menos afastados podem contribuir para preservar ou para destruir o planeta. Irei pegar na encíclica do Papa Francisco Laudato si [Louvado Sejas – Sobre o cuidado da Casa Comum] para discutir como podemos e devemos cuidar da nossa Casa Comum usando a ciência, o bom senso e o respeito pelos outros seres vivos.
Iniciativas como estas são importantíssimas pelo seu carácter exemplar. A ideia de que há cientistas interessados em discutir com alunos (e professores) questões relacionadas com a sua prática seria sempre uma excelente ideia. Se, tal como acontece neste casos, a discussão incidir sobre a repercussão das suas actividades científicas para o planeta, o interesse é reforçadíssimo. A cereja no cimo do bolo é conduzir essas conversas no Palácio que serve de casa à Presidência da República, acentuando que a sustentabilidade do planeta é um objectivo fundamental.
A melhor forma de “explicar” ciência é através do desafio posto por perguntas. Os cientistas só são claros para os outros, grandes ou pequenos, se forem capazes de fazer perguntas simples e dar respostas positivas ou negativas, que possam ser compreendidas por pessoas sem formação científica especial. Temos de melhorar a literacia e numeracia da população em relação à ciência.
Esta melhoria só será possível se pusermos a tónica na necessidade de aprender a fazer perguntas. A iniciativa Cientistas no Palácio vai permitir o contacto de alunos e professores com gentes muito diferentes entre si que têm em comum a paixão de perguntar. Vai ter muita graça ver como os diferentes falantes encaram a forma como poderemos proteger o nosso planeta em termos de água, energia, clima, solo arável, biodiversidade… isto é, como a ciência poderá ajudar a cuidar da nossa Casa Comum.
Pela minha parte, vou procurar que os miúdos percebam como é que o Homo Sapiens se tornou um predador horroroso. E talvez consiga convencê-los de que quando comem arroz de pato estão a comer dois primos – um afastado (o pato) e outro muito afastado (o arroz).