Como assim, o PSD vai renascer?
O tombo nas autárquicas foi de tal ordem que agitou até a matriz e o alinhamento ideológico do partido.
As autárquicas do passado dia 1 de Outubro tiveram, pelas mãos de quem manda, o povo português, a aptidão de colocar o PSD numa posição de grande fragilidade politica em termos nacionais. Perdido nas penumbras da busca de um novo líder e com o objetivo claro e assumido de se recentrar na matriz da social-democracia, a todos nos baralha entre aquilo que foi, aquilo que é e ainda aquilo que assume querer ser. O tombo foi de tal forma que agitou até a matriz e alinhamento ideológico.
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As autárquicas do passado dia 1 de Outubro tiveram, pelas mãos de quem manda, o povo português, a aptidão de colocar o PSD numa posição de grande fragilidade politica em termos nacionais. Perdido nas penumbras da busca de um novo líder e com o objetivo claro e assumido de se recentrar na matriz da social-democracia, a todos nos baralha entre aquilo que foi, aquilo que é e ainda aquilo que assume querer ser. O tombo foi de tal forma que agitou até a matriz e alinhamento ideológico.
O espaço ideológico da social-democracia é um espaço politico do Partido Socialista e não do PSD, que de social-democrata tem apenas o nome. Em Portugal, pertencendo ao Partido Socialista o espaço ideológico e eleitoral da social-democracia, e querendo o PSD resgatar esse espaço ideológico para si, poderemos então presumir que o CDS de Assunção Cristas arrisca preencher futuramente, sozinho, o espaço ideológico da direita?
Será que podemos presumir que o PSD aspira a ser o PS, já que pretende ocupar o seu espaço ideológico? Não me espantaria! É que, há falta da chegada do Diabo, com a saída próxima de Passos Coelho, estando à vista uma nova fase de preparação para as legislativas de 2019 e com a “geringonça” a funcionar, é natural que a todos nos queiram baralhar.
Não será fácil renascer das cinzas. Rui Rio, que acaba de formalizar a sua candidatura à liderança do PSD, serpenteia entre os apoios que vai alcançando e o desejo de outros tantos que preferem o partido morto e enterrado a vê-lo e tê-lo como líder.
Por outro lado, Santana Lopes reuniu com Marcelo antes de ele próprio anunciar que também é candidato. Terá ou não obtido a bênção para o novo desafio?
De uma forma, de outra ou até entrando André Ventura na corrida à liderança do partido, de uma coisa todos temos a certeza: o trilho, a ideologia, o pensamento e a prática politica do PSD sempre foi neoliberal e o país ainda sofre na pele os resquícios da sua governação conjunta com o CDS.
Recentrar o PSD na social-democracia é um delírio fantasioso em momentos de pré-congresso nacional, do qual emanarão os detentores do poder interno.
Ainda assim, e percebendo os argumentos da viragem à esquerda do PSD centro-direita, não auguro bons momentos futuros. A máquina está programada para triturar — resta saber apenas quem vai carregar no botão.
A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico