Mais de metade das 64 vítimas estava a fugir de casa
A maioria das vítimas tinha entre 20 a 59 anos e metade residia na região. Restantes estavam de visita.
Os resultados dramáticos do incêndio de Pedrógão Grande atingiram um elevado número de famílias e retiraram a vida a 64 pessoas (incluindo um bombeiro). Não obstante o predomínio de idosos nas diversas aglomerações rurais daqueles concelhos, o facto já referido de os acontecimentos terem tido lugar num fim-de-semana coincidiu com um número elevado de visitantesa nesses aglomerados, revela o relatório conhecido esta quinta-feira. O documento é composto por quase 300 páginas e foi elaborado por técnicos independentes (aqui pode ler o relatório na íntegra).
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Os resultados dramáticos do incêndio de Pedrógão Grande atingiram um elevado número de famílias e retiraram a vida a 64 pessoas (incluindo um bombeiro). Não obstante o predomínio de idosos nas diversas aglomerações rurais daqueles concelhos, o facto já referido de os acontecimentos terem tido lugar num fim-de-semana coincidiu com um número elevado de visitantesa nesses aglomerados, revela o relatório conhecido esta quinta-feira. O documento é composto por quase 300 páginas e foi elaborado por técnicos independentes (aqui pode ler o relatório na íntegra).
A maioria das vítimas mortais integra o segmento etário dos 20 aos 59 (cerca de 50% do total). As vítimas jovens (menos de 20 anos de idade) foram nove. As restantes vítimas têm idades superiores a 60 anos (cerca de 35%).
Metade das vítimas eram residentes na região, embora pudessem ter a primeira residência nas vilas sedes de concelho, e 12% eram visitas regulares, porventura com ligações familiares à região. Esta distribuição, maioritariamente composta por pessoas com fortes ligações à região (residentes ou visitas regulares), poderia indiciar um outro comportamento na convivência com o fogo: aguardar dentro das habitações que o fogo passasse, como era habitual. Apenas a violência do fogo, o brutal ruído gerado pelo vento e as projecções perigosas e assassinas fizeram com que as pessoas optassem por sair de suas casas e procurar abrigo nas sedes de concelho. Note-se que 70% das vítimas mortais estavam em fuga das respectivas casas, que acabariam por não arder.
Cerca de três quartos das vítimas morreram no interior das respectivas viaturas ou na proximidade delas.
A destruição de património e de bens patrimoniais foi considerável. Arderam cerca de 490 habitações, embora apenas cerca de um terço fossem primeiras habitações. As restantes eram segundas habitações (40%) ou mesmo casa devolutas (24%).
Quase meia centena de unidades industriais de diversos sectores foram atingidas, perdendo-se equipamento e infra-estruturas diversas.
Como se afirmou anteriormente, o cumprimento das medidas de prevenção estrutural, abrangendo vias rodoviárias e aglomerações populacionais tinha sido muito deficiente. Em certos casos, a vegetação cumpria alguns daqueles requisitos devido à expansão de parcelas agrícolas junto ao edificado. Mas raramente se verificou o cumprimento integral das normas legalmente instituídas. Contudo, não existem provas que permitam associar as mortes ocorridas em espaço aberto ou dentro das viaturas ao não cumprimento das referidas medidas de gestão.