FC Porto reduz perdas mas cai para capitais próprios negativos

“Dragões” apresentaram relatório e contas de 2016-17, com prejuízo de 35,3 milhões de euros. Estádio está totalmente pago.

Foto
fvl fernando veludo n/factos

Há boas e más notícias no relatório e contas que reflecte a actividade financeira do FC Porto na época 2016-17. No primeiro prato da balança surgem a diminuição do prejuízo registado face ao ano anterior, o cumprimento total do project finance do Estádio do Dragão e a entrada nos carris face às exigências da UEFA; no segundo caem um resultado líquido negativo de 35,3 milhões de euros e o capital próprio também no vermelho: 9,1 milhões de euros.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há boas e más notícias no relatório e contas que reflecte a actividade financeira do FC Porto na época 2016-17. No primeiro prato da balança surgem a diminuição do prejuízo registado face ao ano anterior, o cumprimento total do project finance do Estádio do Dragão e a entrada nos carris face às exigências da UEFA; no segundo caem um resultado líquido negativo de 35,3 milhões de euros e o capital próprio também no vermelho: 9,1 milhões de euros.

O FC Porto vive tempos de correcção orçamental, especialmente impostos pela obrigatoriedade de cumprir o fair-play financeiro da UEFA, que já lhe custou uma multa de 700 mil euros e um acompanhamento apertado do organismo. Nessa medida, a trajectória traduzida pelo último exercício, apresentado nesta quinta-feira, é de progressivo reequilíbrio das contas, uma tendência que deverá acentuar-se em 2017-18, altura em que serão mais visíveis os esforços já efectuados.

Depois de um resultado líquido negativo de 58,4 milhões de euros em 2015-16, os “azuis e brancos” baixaram a fasquia para os actuais 35,3 milhões negativos. Uma melhoria explicada por um esforço cruzado: não só os proveitos operacionais subiram dos 75,8 milhões para os 99 milhões, como os custos operacionais baixaram dos 124,4 para os 121,9 milhões — a redução de 2,5 milhões na massa salarial foi o principal combustível para esta quebra.

Apesar dos sinais promissores, a Sociedade Anónima Desportiva portista não fugiu a um resultado operacional (antes de contabilizados os custos e proveitos financeiros, os resultados de investimento e os impostos sobre o rendimento) negativo de 18,4 milhões, ainda assim bem abaixo dos anteriores 41,5.

Olhando para a contabilidade geral, o FC Porto apresenta hoje um activo total de 378,4 milhões de euros (subiu 3,4 milhões) e um passivo de 387,6 milhões (cresceu 38,4 milhões), o que perfaz um capital próprio negativo de 9,135, que contrasta com os anteriores 25,9 positivos. Para encontrar um resultado pior é preciso recuar a 2013-14, período em que a diferença entre o activo e o passivo se encontrava no vermelho no montante de 28,2 milhões.

Com uma mudança de agulha na política de ataque ao mercado — “O que a administração decidiu foi, num determinado mercado de transferências, só comprar na medida em que se for vendendo”, explicou o administrador Fernando Gomes —, o FC Porto tenta agora satisfazer os requisitos do acordo firmado com a UEFA. E os actuais resultados não violam esse pacto porque, para a temporada 2016-17, o compromisso era de não ultrapassar os 30 milhões negativos, mas neste bolo não entram os custos com a formação, as amortizações ou os impostos sobre o rendimento.

Quando o programa chegar ao fim, em 2019-20, os “dragões” terão de ter atingido o break-even (equilíbrio financeiro, sem lucros ou prejuízos) e, a partir de agora, podem apagar uma das rubricas da folha de pagamentos: o project finance do Estádio do Dragão, que ficou totalmente pago neste exercício.