António Costa deixa aviso aos candidatos do PSD: bloco central, não obrigado
Primeiro-ministro diz que o país precisa de alternativas.
António Costa não comenta o momento eleitoral do PSD nem os candidatos que diz conhecer bem. Mas deixa, desde já, um aviso ao futuro líder social-democrata: não contem com ele como parceiro para um bloco central de governação.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
António Costa não comenta o momento eleitoral do PSD nem os candidatos que diz conhecer bem. Mas deixa, desde já, um aviso ao futuro líder social-democrata: não contem com ele como parceiro para um bloco central de governação.
“Não sou defensor da ideia de bloco central. Acho que o país precisa de escolhas, alternativas”, disse aos jornalistas após a sessão de lançamento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, na Culturgest, em Lisboa.
Para o primeiro-ministro, “uma das grandes riquezas da democracia é os portugueses poderem sempre dispor da liberdade de puderem escolher caminhos diferentes.”
“Outra coisa completamente diferente é perceber que, havendo divergências na área da governação, divergências quanto aos caminhos a seguir no curto prazo, há matérias relativamente às quais é que é sempre necessário haver consenso”, acrescentou.
António Costa afirmou ainda que “uma das coisas muito saudáveis que aconteceu nos últimos dois anos” foi ter ficado demonstrado que, “ao contrário do que era dito não havia um caminho único”.
O primeiro-ministro apontou depois para as consequências políticas nefastas que se verificaram nos países em que houve grandes coligações de Governo ou soluções tipo bloco central. "O resultado foi sempre o enfraquecimento dos espaços das forças governativas e a emergência de focos de radicalização. Prefiro que os portugueses tenham sempre escolhas claras em relação aos diferentes caminhos alternativos", insistiu.
Costa recusou comentar algumas das medidas que têm sido divulgadas como constando do Orçamento do Estado para 2018, mas questionado sobre se está confiante se ele será aprovado usou apenas duas palavras: “Com certeza.”
António Costa anunciou ainda que o Governo vai reunir-se no próximo dia 21 em Conselho de Ministros extraordinário para analisar e tomar medidas com base no relatório da Comissão Técnica Independente aos incêndios na região Centro, que será amanhã entregue na Assembleia da República pela Comissão Técnica Independente.
"Iremos ter um Conselho de Ministros extraordinário no próximo dia 21 exclusivamente dedicado à análise do relatório da Comissão Técnica Independente. Queremos passar das recomendações do relatório à prática", declarou o chefe do Governo.
Segundo António Costa, a partir do relatório, o Governo quer "executar as medidas que são necessárias não só para apurar as responsabilidades que devam ser apuradas em relação ao que ocorreu, como, mais importante, tomar as medidas que devam prevenir que no futuro não voltem a acontecer as tragédias" da dimensão das que se registaram no último Verão.
"Aguardamos com muita ansiedade os resultados desta comissão, que foi exemplar no seu processo de constituição e que conta com peritos de grande competência técnica, metade dos quais designados pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. De uma forma informada e cientificamente robusta, esse relatório permitir-nos-á olhar para o que se passou e para um desafio de fundo que tem pela frente", salientou.