Governo desvaloriza Dijsselbloem "mais um mês ou dois" à frente do Eurogrupo

Para Portugal o mais importante é "escolher um presidente que tenha as características e o perfil para unir o Eurogrupo", disse Ricardo Mourinho Félix

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Ministro holandês está quase de saída do Eurogrupo LUSA/JULIEN WARNAND

O Governo português desvalorizou o facto de o Eurogrupo ter apoiado nesta segunda-feira, sem vozes contra, a continuidade de Jeröen Dijsselbloem até final do seu mandato, considerando secundário que o holandês, cuja demissão defendeu, continue "mais um mês ou dois".

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O Governo português desvalorizou o facto de o Eurogrupo ter apoiado nesta segunda-feira, sem vozes contra, a continuidade de Jeröen Dijsselbloem até final do seu mandato, considerando secundário que o holandês, cuja demissão defendeu, continue "mais um mês ou dois".

Após Dijsselbloem ter anunciado, no final da reunião de hoje do Eurogrupo, no Luxemburgo, que recebeu o apoio unânime do fórum de ministros das Finanças da zona euro para terminar o mandato (que acaba em 13 de Janeiro de 2018) - apesar de quase certamente já haver um novo ministro das Finanças holandês em funções até final de Outubro -, o secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix indicou que não expressou "nenhuma opinião em relação à possibilidade de o senhor Dijsselbloem continuar ou não".

"Neste momento, mais do que a continuação (de Dijsselbloem) por mais um mês ou dois, o que é importante é escolher um presidente que tenha as características e o perfil para unir o Eurogrupo, para ter uma liderança forte e que permita unir os países em torno daquilo que é o aprofundamento da União Económica e Monetária. Portanto, não é a questão de um mês ou dois que se vai pôr aqui. Foi a decisão do Eurogrupo fazer a eleição a 4 de Dezembro, não estamos assim tão longe dessa data", argumentou o secretário de Estado, que substituiu o ministro Mário Centeno.

Apontando que Dijsselbloem "já tinha expressado a sua vontade (de completar o mandato) e não tinha havido da parte da generalidade dos países nenhuma oposição", Mourinho Félix sublinhou que "neste momento abre-se um novo processo para escolha do novo presidente", considerando por isso que "esse mês adicional será importante para que esta discussão se faça com tranquilidade, com ponderação das diversas alternativas".

"Não houve ninguém que tivesse dito claramente que não queria que ele continuasse mais um mês, e, como digo, parece-me que esse mês é bastante importante para que esta discussão, que dura agora até Dezembro, possa evoluir de uma forma calma, de uma forma tranquila", declarou.

O secretário de Estado reiterou por outro lado que, em sua opinião, e do Governo português, o ministro Centeno "tem um conjunto de características que o tornam elegível, caso assim seja o interesse também dos outros países".

"Não existe nenhuma candidatura. Existe uma disponibilidade para contribuir para o projecto europeu, para discutir o projecto europeu e, para caso seja essa a vontade de uma massa crítica de países, poder desempenhar essas funções", apontou, insistindo que, nesta altura, não há nem candidatura nem "nenhuma corrida", mas sim "contactos, conversas e discussões" sobre o perfil do futuro presidente do Eurogrupo.

Após anunciar que recebeu o "apoio unânime" dos da zona euro para concluir o seu mandato, Dijsselbloem indicou que o novo (ou nova) presidente iniciará funções na reunião do Eurogrupo de Janeiro próximo, "mas a eleição deverá realizar-se na reunião de Dezembro", podendo os candidatos apresentar-se até duas semanas antes dessa reunião, agendada para 4 de Dezembro.

O Eurogrupo, fórum informal de ministros das Finanças da zona euro, é presidido desde 2013 por Dijsselbloem, que termina o seu (segundo) mandato à frente do fórum de ministros das Finanças da zona euro a 13 de Janeiro de 2018.

Na sequência da sua polémica entrevista, em Março passado, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, na qual afirmou, referindo-se aos países do sul da Europa, que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda", o Governo português reclamou a sua demissão do cargo, mas Dijsselbloem recusou abandonar o posto antes do final do seu mandato.