As eleições e os tabus de Santana Lopes

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Santana Lopes volta a sentir o apelo eleitoral Miguel Manso

A disputar a liderança desde 2000

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A disputar a liderança desde 2000

No congresso de Viseu, no ano 2000, a nova geração do PSD dividiu-se em três candidaturas à liderança. Durão Barroso (então líder), Pedro Santana Lopes e Marques Mendes defrontaram-se numas eleições que foram ganhas pelo primeiro, com 50,3% dos votos. Santana teve 33,6% e Mendes 16,1%. Dois anos depois, Durão chegaria a chefe do governo, de onde saiu em 2004 passando o testemunho a Santana a quem, em Viseu, havia designado por “um misto de Zandinga e Gabriel Alves”.

Apesar de ter ficado à frente do partido e do executivo por designação de Durão, Santana foi a votos no partido em Novembro de 2004 e foi eleito líder do PSD. Nesse congresso, apoteótico, ouviu-se o hino do “menino guerreiro”. Foi em Barcelos e não houve oposição.

Em 2008, Santana voltou a avançar quando já estavam na corrida Pedro Passos Coelho, Neto da Silva, Patinha Antão e Manuela Ferreira Leite. Teve 29,8%, o que lhe garantiu o terceiro lugar nas eleições internas atrás de Ferreira Leite (37,6%) e Passos Coelho (31,7%).

Tabus e desistências

Por duas vezes, Santana deixou o partido à sua espera e, depois de muito reflectir, optou por não ir a votos. No início de 2015, a direita ainda não tinha candidato presidencial e Santana fazia questão de se manter na corrida. Na altura, falava-se também em Rui Rio (que acabaria por se pôr de parte) e em Marcelo Rebelo de Sousa (actual Presidente). Perante tamanha concorrência, Santana chegou a propor que se realizassem eleições primárias para escolher o candidato. “Por que não se faz como em França e não vão candidatos de centro-direita à primeira volta? A ideia de que pode só ir um não tem cabimento”, sugeria.

Meses depois, quando ganhava forma a ideia de que Marcelo avançaria, Santana desfez o tabu: “Não serei candidato à Presidência da República nas próximas eleições. Tomei esta decisão, considerando os meus deveres enquanto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, também, as minhas responsabilidades profissionais.”

O argumento seria recuperado em Dezembro de 2016, depois de ter deixado o PSD durante meses em suspenso à espera da sua decisão sobre uma eventual candidatura à câmara a capital. “Não serei candidato a Lisboa”, anunciou ao Expresso.

Vitórias e derrotas no terreno

No terreno, Santana Lopes teve duas grandes vitórias eleitorais e duas grandes derrotas. A maior vitória foi mesmo a da Câmara da Figueira da Foz, que conquistou em 1997 com 59,88% dos votos, mas a que lhe deve ter sabido melhor foi ganhar Lisboa a João Soares por 0,30% (856 votos) em 2001.

Depois vieram as derrotas. Perdeu com estrondo as legislativas de 2005 – concorria na posição de primeiro-ministro efémero, cargo que ‘herdou’ de Durão Barroso mas cujo mandato foi interrompido pelo Presidente Jorge Sampaio, obtendo apenas 28,77% contra os 45% que deram a primeira maioria absoluta do PS, então liderado por José Sócrates. Quatro anos depois, Santana tenta reconquistar Lisboa, mas nem em coligação PSD/CDS/PPM consegue fazer frente a António Costa, que conquista a maioria absoluta com 44% (a diferença de votos foi pequena, 1,7%, mas os socialistas conseguiram os nove mandatos necessários para governar sozinhos).   

Desde então Santana afastou-se, ficou a andar por aí, até que foi nomeado em 2011 provedor da SCML pelo anterior governo e reconduzido por António Costa em 2016 para outro mandato de três anos. Agora, volta a sentir o apelo.