Suzanne Cotter assumirá a direcção do Mudam, no Luxemburgo, quando deixar Serralves

A curadora que liderou o museu portuense nos últimos cinco anos entrará em funções a 1 de Janeiro de 2018.

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Suzanne Cotter em Maio, na inauguração da exposição Colecção de Serralves: 1960-1980 Nelson Garrido

Já se sabe qual o convite que levou Suzanne Cotter a abandonar a direcção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, para a qual fora nomeada há cinco anos. A curadora nascida em Melbourne, de dupla nacionalidade australiana e britânica, será a partir de Janeiro de 2018 directora do Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean (Mudam), no Luxemburgo, onde sucederá a Enrico Lunghi. A notícia foi avançada pela Paperjam, publicação luxemburguesa dedicada à economia, e confirmada nas suas páginas por Laurent Loschetter, administrador encarregado da gestão quotidiana da instituição.

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Já se sabe qual o convite que levou Suzanne Cotter a abandonar a direcção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, para a qual fora nomeada há cinco anos. A curadora nascida em Melbourne, de dupla nacionalidade australiana e britânica, será a partir de Janeiro de 2018 directora do Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean (Mudam), no Luxemburgo, onde sucederá a Enrico Lunghi. A notícia foi avançada pela Paperjam, publicação luxemburguesa dedicada à economia, e confirmada nas suas páginas por Laurent Loschetter, administrador encarregado da gestão quotidiana da instituição.

Contactada pelo PÚBLICO, Suzanne Cotter apontou a posição central do museu no contexto europeu como um dos motivos que a levaram a aceitar o cargo. "Há um tremendo trabalho a fazer [no Mudam] e, tratando-se de um museu jovem – tem apenas dez anos –, terei a oportunidade de fazer a diferença no que diz respeito ao seu futuro", acrescentou ainda, em resposta enviada por email. A presença no Luxemburgo de uma significativa comunidade portuguesa, de resto, é um factor que não a deixa indiferente, após cinco anos de proximidade com a cena artística nacional: "O Luxemburgo tem algo como 180 nacionalidades representadas pelas pessoas que ali vivem e trabalham. A portuguesa é a maior destas diferentes comunidades culturais, e portanto um público importante para o museu – isso alegra-me imenso, dado o privilégio que me foi concedido de adquirir um conhecimento tão rico da cultura portuguesa aqui em Portugal. Pretendo certamente manter um diálogo com artistas portugueses e com este fantástico meio artístico. Isso inclui um diálogo com as instituições e Serralves, espero, será uma delas!".

A 29 de Setembro, Suzanne Cotter dizia ao PÚBLICO que a decisão de não renovar contrato com Serralves fora "muito difícil", mas que, depois do conseguiu atingir no museu portuense, “é tempo de fazer outras coisas”. Sobre a nova instituição e as funções que aí representaria, afirmou apenas que lhe permitiriam “expandir” a sua “carreira profissional”.

O Mudam, para cuja direcção Cotter foi seleccionada entre 44 candidatos, é uma instituição que a curadora já conhece bem, dado que integra desde 2016 o comité de avaliação de novas aquisições do museu. Dedicado à arte contemporânea, foi inaugurado na cidade do Luxemburgo em 2006 e está instalado num edifício assinado por I.M. Pei, o arquitecto sino-americano distinguido com o Pritzker em 1983. Do comité de selecção que escolheu Cotter fizeram parte a directora da Tate Modern, Frances Morris, Catherine Grenier, da Fundação Giacometti, e Hans-Peter Wipplinger, director do Museu Leopoldo, em Viena.

Em comunicado publicado no site do Mudam, a grã-duquesa herdeira do Luxemburgo, Stéphanie de Lannoy, que preside ao Conselho de Administração do museu, enaltece as qualidades de Suzanne Cotter, sublinhando que "a clareza da sua visão, a formidável experiência que adquiriu na Europa e nos Estados Unidos e o seu reconhecimento internacional farão dela uma excelente directora". Durante o mandato da curadora em Serralves, enfatiza o comunicado, o museu portuense apresentou um "programa de exposições audaciosas e projectos maiores em colaboração com artistas como Julie Mehretu, Philippe Parreno, Wolfgang Tillmans, Helena Almeida, Theaster Gates e Monir Farmanfarmaian".

Suzanne Cotter entrará em funções a 1 de Janeiro de 2018, cumprindo os dois primeiros meses a tempo parcial, uma vez que ao longo desse período assegurará simultaneamente, em Serralves, a transição para a nova direcção. A Fundação de Serralves anunciou já que fará um concurso internacional para escolher o nome que liderará a sua quarta direcção, depois do espanhol Vicente Todolí, de João Fernandes e de Suzanne Cotter.

Em declarações ao Paperjam, Laurent Loschetter diz que a nova directora se foi revelando a “candidata ideal” desde o início do processo de selecção. “O seu caderno de interesses é muito consequente, e ela soube transformar os museus por onde passou, integrando-os de uma forma muito marcante nas suas cidades, algo que nos interessa muito. Gosta muito de trabalhar no exterior, nos parques e jardins, e tem um forte espírito de equipa, valores que são interessantes para a nossa instituição”. O contrato assinado entre Cotter e o Mudam dará liberdade total à curadora na gestão do museu, escreve o Paperjam.

Na supracitada conversa com o PÚBLICO, Suzanne Cotter fez o balanço da sua passagem por Serralves, iniciada em Janeiro de 2013. A curadora acredita que voltou “a pôr o museu no mapa internacional”: “Toda a gente fala de Serralves e os artistas querem colaborar connosco. Dei-lhe uma maior visibilidade internacional ao ser capaz de colaborar e conseguir que as exposições circulem pelo mundo." Destacou também, como marcos da sua acção nestes cinco anos, a profissionalização da infraestrutura do museu e a institucionalização da arquitectura como parte do programa de Serralves.