El Sur cantam Violeta Parra no exacto dia do seu centenário

Para celebrar o dia exacto do centenário de Violeta Parra, o grupo El Sur programou um concerto especial com vários convidados, entre eles Vitorino e Helder Moutinho. Esta quarta-feira na Voz do Operário, em Lisboa, às 21h30.

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El Sur, na sua formação actual: Rui Galveias, Rui Alves, Maria Joana Figueiredo, Francesco Fry di Carlo e Tiago Neo DR

Esta quarta-feira, dia em que se comemora o centenário do nascimento de Violeta Parra, será assinalada em Lisboa por um só concerto, o do grupo português El Sur. Formado em 2013 e actualmente um quinteto, convidou para o efeito vários outros cantores e músicos: Vitorino, Helder Moutinho, Joana Guerra, Pedro Sotiry, Florent Kouzmienko e Fabiola Moroni. O concerto está marcado para as 21h30 na sala da Voz do Operário.

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Esta quarta-feira, dia em que se comemora o centenário do nascimento de Violeta Parra, será assinalada em Lisboa por um só concerto, o do grupo português El Sur. Formado em 2013 e actualmente um quinteto, convidou para o efeito vários outros cantores e músicos: Vitorino, Helder Moutinho, Joana Guerra, Pedro Sotiry, Florent Kouzmienko e Fabiola Moroni. O concerto está marcado para as 21h30 na sala da Voz do Operário.

O El Sur começou há quatro anos como um duo, explica Rui Galveias, o seu fundador. “Eu já trabalhava em coisas pontuais com a Madalena Vitorino e noutros projectos, falei com a Telma Pereira, que foi a primeira vocalista do grupo, e começámos.” Entretanto as coisas mudaram e a vocalista também, entrando Maria João Figueiredo. E foi aí que o trabalho começou a ter algum impacto. “Começámos então a fazer concertos, guitarra eléctrica e voz, com uma sonoridade fora da caixa, e funcionou muito bem.” E o grupo foi crescendo. A Rui Galveias (guitarra eléctrica e acústica) e Maria Joana Figueiredo (voz) juntaram-se depois Francesco Fry di Carlo (acordeão) e Rui Alves (bateria). “Começámos a ensaiar, para reformular o projecto, e foi uma coisa mágica.” Mas logo ali perceberam que faltava algo: precisavam de um baixista. E entrou Tiago Neo. Foi assim que o duo foi crescendo até chegar a quinteto, que é a sua formação actual.

Uma ideia antiga

A ideia de um concerto comemorativo dos 100 anos de Violeta Parra é antiga, dizem. É anterior até ao concerto Canta Violeta Parra que encheu, em Abril, a sala do renovado cine-teatro Capitólio, no Parque Mayer, e onde participaram as cantoras Aline Frazão, Mísia, Lula Pena, Rita Redshoes e Señoritas. A este concerto viria, depois, a juntar-se um outro, o de Isabel e Tita Parra, respectivamente filha e neta de Violeta, no CCB. Mas para o exacto dia do nascimento da histórica cantora chilena não havia nada marcado. E esse era o projecto inicial dos El Sur, antes de saberem dos outros concertos. Fizeram a proposta a várias entidades, mas não obtendo resposta resolveram avançar sozinhos.

A insistência na celebração de Violeta Parra tem origem na própria génese do grupo. Porque o seu repertório é essencialmente latino-americano, e os primeiros temas que começaram a ensaiar foram os de Violeta Parra, seguidos dos de Victor Jara. No seu manifesto fundador, os El Sur escreveram que a América Latina “recolhe de todos os cantos do mundo pedaços de identidade: o mediterrâneo, o negro, o azul e o vermelho. Retoma sempre que pode a sua própria génese, as suas cores terra e os seus sabores intensos, o seu afã de liberdade e esperança. É aqui que mergulha El Sur. Na força de um continente e no génio dos seus autores, na fronteira entre o Pacífico e o Atlântico.”

Ocha, Viglietti, Jara

Para além dos temas de Violeta (e, entre estes, ouviremos na voz de Vitorino Gracias a la vida e Paloma ingrata; ou El Pueblo, na voz de Joana Guerra), o grupo interpretará também temas do seu filho Angel Parra, que morreu em Março deste ano (Milonga para la lluvia e Canción de amor, que se ouvirão na voz de Helder Moutinho), de Amparo Ochoa (Maldición de Malinche), Daniel Viglietti (Nocturna) e, claro, de Victor Jara. Os outros convidados são Fabiola Moroni, uma cantora chilena residente em Portugal, da área do jazz, que também toca charango; Florent Kouzmienko, um francês que tem andado pela América Latina e que toca saxofone; e Pedro Sotiry, teclista.

“Temos uma energia no grupo que não é a energia óbvia de reprodução deste tipo de música, fizemos uma reformulação muito eléctrica.” Ou seja: uma leitura própria de um cancioneiro universal. A Voz do Operário tem neste dia, com El Sur, a voz de Violeta.