Autores “tradicionais” (Lobo Antunes incluído) dominam apostas para o Nobel da Literatura

A canadiana Margaret Atwood, o japonês Haruki Murakami e o queniano Ngugi wa Thiong'o são alguns dos nomes apontados como favoritos, a par do romancista português.

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António Lobo Antunes ENRIC VIVES-RUBIO

Margaret Atwood, Haruki Murakami e Ngugi wa Thiong'o são os autores mais citados pelas casas de apostas como possíveis vencedores do Prémio Nobel da Literatura de 2017, a atribuir nesta quinta-feira pela Real Academia Sueca.

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Margaret Atwood, Haruki Murakami e Ngugi wa Thiong'o são os autores mais citados pelas casas de apostas como possíveis vencedores do Prémio Nobel da Literatura de 2017, a atribuir nesta quinta-feira pela Real Academia Sueca.

De acordo com a imprensa internacional, este não será um ano propício a escolhas audazes, após a razoavelmente polémica atribuição do galardão ao cantor e compositor Bob Dylan em 2016, o que leva a crer que o prémio fique reservado a um escritor “tradicional” e já incluído em listas anteriores.

A partir dos rankings das principais casas de apostas, o jornal britânico The Guardian e a revista norte-americana The New Republic admitem como muito provável que a escritora canadiana Margaret Atwood seja a escolha da Academia Sueca, depois de a adaptação televisiva da obra A História de Uma Serva (1985) ter conquistado oito Emmys, na cerimónia de 17 de Setembro, entre os quais o de melhor série dramática, melhor argumento (Bruce Miller), melhor realização (Reed Morano) e melhores actrizes principal e secundária (Elisabeth Moss e Ann Dowd), respectivamente.

No primeiro lugar no pódio dos favoritos das casas de apostas continua, porém, a estar o queniano Ngugi wa Thiong'o, traduzido em Portugal desde a década de 1970, aquando da publicação de Não Chores, Menino (1964), Um Grão de Trigo (1967) ou Pétalas de Sangue (1979) pelas editoras Caminho e Edições 70, e dado também como principal favorito pela Ladbrokes no ano passado. Segue-se-lhe, ainda antes de Margaret Atwood, o japonês Haruki Murakami, um favorito recorrente, autor de títulos como Kafka à Beira-mar (2002) ou 1Q84 (2010)

António Lobo Antunes é o único português que volta a constar da presente lista de apostas, ainda que não nos lugares cimeiros: aparece na décima posição, após o israelita Amos Oz, o sírio Adónis, o chinês Yan Lianke, o italiano Claudio Magris, o norte-americano Don DeLillo e o espanhol Javier Marías. O nome do romancista português foi ontem apontado à AFP por Bjorn Wiman, editor da secção de Cultura do diário sueco de referência Dagens Nyheter, que o considerou uma aposta provável a par do albanês Ismaïl Kadaré: “O que aconteceu no ano passado foi bastante invulgar. Este ano, creio que [o vencedor] será um romancista ou um ensaísta do sexo masculino com raízes na Europa, exactamente o contrário de Bob Dylan”, disse, citado pela agência noticiosa francesa. Caso a sua vitória se concretize, Lobo Antunes irá juntar-se a José Saramago, escolhido em 1998, na diminuta lista de autores de língua portuguesa a merecer a distinção. 

A personalidade vencedora do Prémio Nobel da Literatura de 2017 será conhecida nesta quinta-feira às 12h (hora de Lisboa).