Em Lisboa, há um festival para pensar a velhice desde tenra idade
A segunda edição de LisBoa Idade acontece na sexta e no sábado e quer pôr os lisboetas a pensar uma capital envelhecida que se quer para todas as idades.
Mudou-se da Estrela para a Graça, mas o objectivo continua o mesmo: fazer "uma festa para todas as idades". A segunda edição do Festival LisBoa Idade foi esta terça-feira apresentada, no Jardim da Graça, que será um dos palcos de um conjunto de iniciativas onde os mais velhos são protagonistas, mas que pretende pensar a velhice desde tenra idade.
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Mudou-se da Estrela para a Graça, mas o objectivo continua o mesmo: fazer "uma festa para todas as idades". A segunda edição do Festival LisBoa Idade foi esta terça-feira apresentada, no Jardim da Graça, que será um dos palcos de um conjunto de iniciativas onde os mais velhos são protagonistas, mas que pretende pensar a velhice desde tenra idade.
Depois da primeira edição, no ano passado, por onde passaram cerca de quatro mil pessoas, aponta a autarquia, é na Graça que será feito o debate entre diferentes gerações e lançado o desafio de pensar estratégias para vidas cada vez mais longas e que se querem cada vez mais activas.
Lisboa é, de resto, a capital mais envelhecida da União Europeia. Foi esta uma das conclusões de um inquérito europeu trabalhado pelo Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa, apresentado há um ano. A longevidade da população europeia tem aumentado e o foco da questão continua a ser a resposta aos problemas que daí advêm. Mas, salienta o vereador com o pelouro dos Direitos Sociais da câmara de Lisboa, João Afonso, a ideia aqui "não é criar respostas para o envelhecimento". É, antes, pensar a "cidade como um todo", o que pressupõe fazer um debate e uma reflexão "intergeracional".
Por isso, no sábado, entre as 9h30 e as 13h, na escola Gil Vicente, o Fórum LisBoa Idade vai reunir 40 participantes, sujeitos a inscrição no site da iniciativa, para que possam dar sugestões para a implementação das orientações da "Declaração de Lisboa", que foi aprovada na conferência das Nações Unidas sobre o envelhecimento activo, que decorreu na capital portuguesa a 21 e 22 de Setembro.
Tendo como embaixadores a actriz e apresentadora Cláudia Semedo, o chef de cozinha Hélio Loureiro e o apresentador Júlio Isidro, a iniciativa arranca na sexta-feira, às 14h30, na escola Gil Vicente, com diversos workshops. Mais tarde, às 19h, o Convento da Graça recebe um concerto dos pianistas Mário Laginha e Pedro Burmester.
Os dois dias estão reservados a formações sobre saúde, actividade física, comunidade, segurança ou alimentação, exposições, jogos, rastreios e tertúlias que são livres à participação de todos.
Preparar para envelhecer
De acordo com dados da câmara de Lisboa, há, na cidade, cerca de 132 mil pessoas com mais de 65 anos, que correspondem a 24% da população total. Dessas, mais de 50 mil têm mais de 75 anos. As freguesias mais envelhecidas são Olivais, Ajuda, Benfica, Alvalade e Alcântara, enquanto que Marvila, Arroios e Penha de França são as que têm maior "nível de vulnerabilidade".
A autarquia apresentou, em Julho, a Estratégia de Cidade para as Pessoas Idosas 2018-2026, que visa “pensar de forma organizada o que é esta questão do envelhecimento”, explicou João Afonso.
Em linhas gerais, referiu o responsável pela pasta dos Direitos Sociais, é preciso "pensar estrategicamente" a cidade, sendo necessário um plano integrado que contemple questões como a mobilidade, cultura, participação e cidadania, educação, assim como a “adequação dos serviços que vão desde o espaço público à casa de cada um” para que seja possível “viver autonomamente o máximo de tempo possível” nas próprias habitações.
Depois da habitação, a gestão dos serviços aparece à cabeça. Por isso, está a ser pensada a criação de um "Balcão do Idoso" para disponibilizar informação sobre os serviços que estão disponíveis para os mais velhos. A abertura está prevista para o segundo trimestre de 2018 na Loja do Cidadão do Mercado 31 de Janeiro, mas a ideia, notou João Afonso, é que esse balcão possa ser também disponibilizado nas juntas de freguesia.
Além disso, a autarquia está a preparar um serviço de teleassistência “universal” para toda a cidade, que se espera estar operacional no "fim de 2018, início de 2019", e que poderá chegar a 20 mil pessoas com mais de 65 anos.
“Estamos a falar de propostas para o envelhecimento, mas serão tão importantes como as respostas para a infância, a necessidade de criar creches e centros comunitários, de ter uma escola plena ou programas de habitação a custos acessíveis”, explicou o vereador dos Direitos Sociais, considerando que só assim se conseguirá fixar a população mais jovem em Lisboa.