Há 32 anos que um partido no Governo não ganhava as autárquicas
É preciso recuar até 1985 para encontrar um partido que estava no governo e conseguiu ganhar mais câmaras
Desde 1985 que um partido no poder não ganhava as eleições autárquicas, sobretudo com tamanha diferença em relação ao segundo mais votado. António Costa, secretário-geral do PS, deu no domingo a primeira vitória eleitoral a António Costa, primeiro-ministro. Ou vice-versa.
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Desde 1985 que um partido no poder não ganhava as eleições autárquicas, sobretudo com tamanha diferença em relação ao segundo mais votado. António Costa, secretário-geral do PS, deu no domingo a primeira vitória eleitoral a António Costa, primeiro-ministro. Ou vice-versa.
O importante é que os números comprovam que em 2013, 2009, 2005, 2001,1993 e 1989 foi sempre o partido que estava na oposição a ganhar as eleições. Em 2001, inclusivamente, a derrota foi de tal modo acentuada, em número de câmaras, que o governo de António Guterres acabou por cair. Nos últimos 32 anos, só em 2017 o partido que governa ganhou as autárquicas. e em 1997 houve um empate.
Fazendo as contas de trás para a frente, enquanto foi primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho teve umas eleições locais e perdeu-as para o PS, que estava na oposição sob a liderança de António José Seguro.
José Sócrates atravessou, com derrotas, as autárquicas de 2005 e de 2009, nas quais o PSD obteve 158 presidências (contando com as coligações feitas à direita) e 139, respectivamente.
No caso de António Guterres, em cujos mandatos houve duas eleições (1997 e 2001), houve a grande derrota do "pântano", em 2001, em que o PSD teve 175 câmaras contra 113 do PS, e um empate a 128 câmaras, em 1997. A comparação é sempre feita entre socialistas e sociais-democratas coligados com o CDS.
É preciso recuar até 1985 para encontrar um partido que estava no governo e conseguiu ganhar mais câmaras. E aí, a vitória do PSD foi retumbante: 149 câmaras para o PSD e 79 para o PS (o mesmo resultado agora obtido pelo PSD sozinho, sem alianças). O primeiro-ministro era Cavaco Silva. Antes dele, outros sociais-democratas (Pinto Balsemão e Mota Pinto) tinham repetido a façanha.
Também esta leitura nacional das autárquicas será importante para o futuro do PSD, que perdeu as eleições locais estando na oposição.
No domingo voltou a confirmar-se que o partido que ganha a Câmara de Lisboa é, normalmente, o partido que acaba por conseguir mais presidências no país. Uma das excepções foi o ano de 2009, por exemplo, em que os sociais-democratas conseguiram 117 presidências sozinhos mais 22 com o CDS e/ou outros partidos, mas foi o PS que venceu em Lisboa. António Costa, mais precisamente, conseguiu ser reeleito e era José Sócrates quem liderava o Governo.