Está a gastar energia a mais? Esta plataforma mostra-lhe onde está o problema
Dispositivo deverá ser colocado online no próximo ano e resulta de uma investigação nacional no âmbito da parceria MIT-Portugal. Políticos também vão poder usá-la.
A conta da energia pode ser uma dor de cabeça mensal para os consumidores. Mesmo que se faça um esforço por usar equipamentos elétricos menos dispendiosos ou se opte por soluções de poupança, nem sempre se consegue deixar de gastar mais energia do que o desejado. O problema pode ser do próprio edifício e a solução pode ser mais simples do que imagina. Por exemplo, trocar as janelas de casa. Essa é uma das alternativas que propõe o Suscity Building Dashboard, um projecto desenvolvido por um consórcio de instituições de ensino superior nacionais no âmbito da parceria MIT-Portugal (que resulta de um contrato para cinco anos firmado entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Massachusetts Institute of Technology, dos EUA), que faz um diagnóstico dos consumos de energia dos edifícios, tentando torná-los mais sustentável.
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A conta da energia pode ser uma dor de cabeça mensal para os consumidores. Mesmo que se faça um esforço por usar equipamentos elétricos menos dispendiosos ou se opte por soluções de poupança, nem sempre se consegue deixar de gastar mais energia do que o desejado. O problema pode ser do próprio edifício e a solução pode ser mais simples do que imagina. Por exemplo, trocar as janelas de casa. Essa é uma das alternativas que propõe o Suscity Building Dashboard, um projecto desenvolvido por um consórcio de instituições de ensino superior nacionais no âmbito da parceria MIT-Portugal (que resulta de um contrato para cinco anos firmado entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Massachusetts Institute of Technology, dos EUA), que faz um diagnóstico dos consumos de energia dos edifícios, tentando torná-los mais sustentável.
Os autores chamam-lhe dashboard. Chamemos-lhe painel de controlo, uma das traduções possíveis desse termo para português. Nessa plataforma digital, os utilizadores podem “fazer um diagnóstico do consumo de energia nestes edifícios e ver qual é que é o impacto do ponto de vista ambiental”, explica Cláudia Sousa Monteiro, investigadora do Instituto Superior Técnico, que coordenou a investigação sobre os edifícios que está na base da construção desta plataforma.
O painel de controlo não serve apenas para diagnóstico. Para os cidadãos e consumidores, a sua mais-valia é principalmente o facto de propor soluções que possam ajudar a reduzir os consumos de energia das habitações ou a adaptá-los a uma utilização mais sustentável.
A substituição de janelas é uma das soluções propostas. Mas também pode ser a instalação de um ar condicionado mais adaptado às condições do edifício ou a instalação de painéis fotovoltaicos, em casas com a orientação solar ideal. A plataforma sugere as alternativas mais adaptadas às condições dos edifícios e ainda ajuda a fazer uma contabilidade importante contrapondo o custo estimado nesse investimento e a poupança esperada face a essa solução.
Nas cidades, os edifícios são a principal fonte de desperdício de energia. A plataforma não se destina apenas a cidadãos, mas também a decisores políticos, que podem fazer opções com base nos indicadores urbanos apresentados. Para já, a investigação concentrou-se na zona do Parque das Nações e dos Olivais, em Lisboa. Uma escolha que se prendeu com a heterogeneidade daquela área da capital, quer em termos da população, quer do tipo de construção, combinando edifícios muito antigos e outros recentes, e também de diferentes tipologias, das habitações unifamiliares a grandes blocos de apartamentos.
A partir dos dados recolhidos para essa área, a equipa construiu um modelo urbano que simula o consumo energético de cada edifício e o seu impacto em termos ambientais a partir de consumos reais. No entanto, e apesar de a plataforma digital estar preparada para receber dados em tempo real, devido a restrições para garantir a privacidade dos consumidores, trabalha com estimativas, com base nas características construtivas dos edifícios ou no utilizador-tipo do edifício, por exemplo. “Cada pessoa poderá ajustar os vários indicadores na plataforma para se ajustar ao seu perfil”, explica Cláudia Sousa Monteiro
O Suscity Building Dashboard está na fase final da investigação – o projecto, que é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem conclusão prevista no final do ano. Depois disso, está previsto que o painel de controlo seja tornado público durante o próximo ano, através de um website onde qualquer pessoa pode ter acesso a um mapa da cidade, com informações sobre os edifícios e as sugestões de correcção de consumos. Numa primeira fase, estarão apenas disponíveis os dados sobre a área do Parque das Nações e Olivais, mas a plataforma pode ser estendida a outras zonas de Lisboa ou a outras cidades. Bastará para isso aplicar ao modelo agora desenvolvido os dados reais de cada área a estudar.
A plataforma foi também desenhada de modo a que os dados gerados pelo projecto possam ser disponibilizados ao público num sistema de acesso livre. “Os cidadãos podem depois usar esses dados para tomar as suas decisões e enviar as suas próprias informações ao sistema, tornando-os acessíveis a outros cidadãos, continuando assim a alimentar sucessivamente a plataforma”, explica Maribel Santos, que coordena a equipa que, na Universidade do Minho, está a desenvolver o painel de controlo.
Além do Instituto Superior Técnico, que fez a investigação sobre os consumos de energia dos edifícios, e da Universidade do Minho, que desenvolveu a plataforma, estão envolvidas no consórcio que desenvolveu o projecto Suscity a Universidade de Coimbra e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, bem como outros parceiros fora do meio académico, como a Câmara Municipal de Lisboa ou a EDP Distribuição.
Os edifícios são apenas um de três temas em que se centrou a atenção do Suscity. O consórcio, desenvolvido no âmbito da parceria MIT-Portugal, desenvolveu outros dois projectos: um na área dos Transportes e Mobilidade – estudando rotas, consumos e emissões – e outro sobre distribuição de energia, tentando antecipar os impactos das cidades inteligentes e do previsível crescimento do número de veículos eléctricos nas redes eléctricas.