Nesta Frutaria, o campo chegou e instalou-se na cidade
Pedro Oliveira quis criar um espaço onde a fruta é protagonista em saladas, sumos, smoothies ou sandes. Com inspiração de gente do mundo que vai passando pelo seu hostel ou pelas mesas da Frutaria.
À frutaria vai buscar o ambiente fresco, mas rústico, as cores da fruta acabada de colher e do sumo espremido na hora. Da fruta ao pequeno-almoço, ao almoço e ao lanche. Da fruta que une à volta da mesa e que é saudável. Dos pratos que bebem de experiências de gente do mundo que passa por Lisboa e deixa um pouco de si. Do campo que chegou, para ficar, na cidade e na Frutaria.
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À frutaria vai buscar o ambiente fresco, mas rústico, as cores da fruta acabada de colher e do sumo espremido na hora. Da fruta ao pequeno-almoço, ao almoço e ao lanche. Da fruta que une à volta da mesa e que é saudável. Dos pratos que bebem de experiências de gente do mundo que passa por Lisboa e deixa um pouco de si. Do campo que chegou, para ficar, na cidade e na Frutaria.
Esta história podia ter sido contada por um engenheiro mecânico, se um casal alemão não tivesse vindo para Portugal fazer surf e não tivesse desafiado Pedro Oliveira a “mudar de ares” e a ir para Alemanha trabalhar na cadeia de hostels de que eram donos. 2010 estava a chegar ao fim, o curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico já não lhe enchia as medidas, por isso, Pedro diz que não teve nada a perder. Duas semanas depois do convite fez as malas e partiu para Berlim.
Foi “um bocado sem pensar”, admite Pedro, hoje com 28 anos. Afinal, o trabalho “não era nada de especial”. “Ajudava nos pequenos-almoços, lavava louça, preparava comida”, mas o facto se sentar à mesa com gente do mundo inteiro, conhecer “tantas pessoas diferentes em tão pouco tempo”, fê-lo perceber que havia muito mais para lá do tamanho dos seus sonhos.
“A ideia não era ficar lá”, conta, por isso voltou para Portugal, na expectativa de ainda regressar ao Técnico. Nesse tempo de espera, acabou por arranjar trabalho noutro hostel, onde ficou um ano. A dada altura percebeu: “É mesmo isto que quero fazer”.
No final de 2012, começou a tratar de fundar o próprio hostel. A Engenharia Mecânica ficou pelo caminho. Sem arrependimentos, confessa. “Entretanto, passaram-se cinco anos”, recorda. Por isso, talvez estivesse na hora de um novo desafio. Desceu uns andares do hostel para criar uma cafetaria rústica que traz o campo à cidade, à Baixa e ao 269 da rua dos Fanqueiros.
A Frutaria nasceu para ser um espaço para quem tomar um bom pequeno-almoço, com uma oferta diferente das tradicionais pastelarias. Dica dos muitos turistas que passavam pelo hostel e lhes pediam indicações de um espaço assim. Então, por que não criar um?
Abriu no dia 20 de Agosto num local que foi, durante décadas, um pronto-a-vestir. Fechou no início do ano, na mesma altura em que a Frutaria começou a ser pensada.
“Quisemos trazer para o centro o ar de campo, para que transmita a frescura dos produtos”, diz Pedro. Ali, todos os detalhes foram pensados ao pormenor, confessa-nos. Do charme da madeira nas paredes e no balcão, aberto o suficiente para se dar uma espreitadela e acompanhar a confecção do prato, à horta vertical utilizada para tirar ervas aromáticas que vão directamente para os sumos e para as saladas, feitas com as frutas e vegetais que chegam todas as manhãs do Mercado da Ribeira. “É tudo feito na hora”, garante.
Quis criar um menu diferente do tradicional e, sobretudo, saudável. O resultado foi uma carta toda pensada à volta da fruta, onde dá para tomar o pequeno-almoço, almoçar ou lanchar.
Há saladas, combinações improváveis com frutas, convém não esquecer, mas que incluem também atum e quinoa (8,5 euros), bocconcini mozzarella e presunto (7,5 euros) ou pêssego e couscous (6,5 euros).
Mas há também espaço para os ovos, servidos em pão torrado, que podem ser mexidos ou escalfados. Com, por exemplo, abacate e feta (6,5 euros), espargos e presunto (7 euros), cogumelos, tomate cherry e parmesão (6 euros). Há também sandes (à volta dos 4 euros).
Quiseram agradar a turistas, claro, mas também aos vizinhos da rua. Por isso, há canja de galinha (3,5 euros), sandes de Queijo da Serra (4 euros), e já estão prometidos os pastéis de massa tenra. É também por isso que o nome se manteve em português.
O menu inclui também as bowls e os smoothies que em Portugal são “mais ou menos uma novidade”, diz Pedro. Pode pedir uma “Fix me açaí” que, além do fruto brasileiro, tem banana, morango, leite de côco, manga, granola e manjericão (5 euros).
Depois há as cups, que podem servir de pequeno-almoço ou de sobremesa. Há uma com chia, gengibre e laranja (4 euros). Para acompanhar há sumos, como o Purple Rain de maçã e beterraba (2,5 euros) ou o Pink Lady, com melancia, maçã e manjericão (3,5 euros).
E há espaço ainda para as tradicionais bebidas quentes (dos 0,90 aos 3,5 euros) e chás portugueses da Lisbon Tea Company (1,2 euros).
O menu brunch, para pequenos-almoços preguiçosos e tardios, é servido durante toda a semana, a qualquer hora. Custa 15 euros e pode ser uma combinação entre várias coisas: café ou chá, sumo, uma bowl e ovos ou panquecas.
“Estamos a dar os primeiros passos”, nota Pedro. Foi um trabalho feito em equipa onde ainda se afinam pormenores. Para já, têm-lhes batido à porta muitos turistas, mas também portugueses de todas as idades, diz.
É um espaço para quem quer comer e ir embora ou para quem quer ficar a ouvir música e ler um livro num cantinho confortável. Mas também para quem se senta com o computador a trabalhar (sim, tem wi-fi), na grande mesa redonda central, adornada com flores.
Agora, só falta começar a encher as bolsas de pano de fruta a granel, que começará a ser vendida mal chegue a balança encomendada. Para que a frutaria faça jus ao nome.