Ambientalistas querem explicação do Governo sobre “sondagens” no mar entre Sines e Aljezur

Associações questionam presença de barcos estrangeiros na Costa Alentejana.

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Mario Lopes Pereira

Os movimentos Climáximo e Alentejo Litoral pelo Ambiente (ALA) "exigem" do Governo um "esclarecimento" acerca de alegadas "sondagens" feitas este mês no mar entre Sines e Aljezur e sobre o estado dos contratos de prospecção de hidrocarbonetos.

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Os movimentos Climáximo e Alentejo Litoral pelo Ambiente (ALA) "exigem" do Governo um "esclarecimento" acerca de alegadas "sondagens" feitas este mês no mar entre Sines e Aljezur e sobre o estado dos contratos de prospecção de hidrocarbonetos.

"Fomos consultar o registo de tráfego marítimo internacional que está disponível online e é público, e encontrámos a embarcação que estava registada como estando a fazer sondagem 'offshore' saindo de Sines na direcção de Aljezur", disse nesta quarta-feira, em declarações à agência Lusa, João Camargo, da Climáximo.

O ambientalista refere-se ao navio italiano "Vos Purpose" que, segundo divulgaram a Climáximo e o ALA num comunicado conjunto enviado à agência Lusa, terá feito "operações de sondagens no mar, partindo do Porto de Sines em direção à região do mar de Aljezur".

"É um sinal de alarme para os movimentos contra a exploração de petróleo e gás a poucos dias das eleições autárquicas", consideram os ambientalistas no mesmo documento, em que lembram ainda estarem em vigor providências cautelares da Associação de Municípios do Algarve, da Câmara Municipal de Odemira e da Plataforma Algarve Livre de Petróleo.

A Climáximo e o ALA afirmam que, "nos dias 2 e 9 de Setembro, segundo os registos de tráfego marítimo internacional, o navio italiano 'Vos Purpose' esteve a realizar sondagens a partir do Porto de Sines, tendo-se dirigido à zona onde seria realizado o furo de Aljezur".

"Esta informação contradiz as notícias do início do mês, nomeadamente no jornal Expresso, que davam conta de que o furo de Aljezur tinha caducado, com declarações do secretário de Estado da Energia, Jorge Sanches, que estão agora claramente em causa", argumentam os ambientalistas.

Para João Camargo, a situação suscita "muitas dúvidas" sobre "o objectivo das sondagens", e sobre "quais as empresas que estão a fazê-lo", uma vez que "o navio não está identificado como estando associado à Eni ou à Galp".

"Ficamos com bastantes dúvidas porque têm vindo a público algumas notícias contraditórias de que haveria caducado o contrato da Eni/Galp no Algarve e, nesse sentido, ficamos bastante apreensivos, porque é totalmente incoerente a existência dessas notícias com a existência de sondagens", disse à agência Lusa.

Outro dado que preocupa o ambientalista é o facto de não terem encontrado registo das sondagens em questão, que João Camargo admitiu que "até poderiam ser para outra actividade qualquer".

"Estas sondagens não estão registadas em lado nenhum", afirmou, referindo que deveria haver registo na Direcção-Geral dos Recursos Marítimos ou na Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis.

No comunicado divulgado hoje, os dois movimentos ambientalistas apontaram ainda como motivo de preocupação que "o navio de perfuração Saipem 12000, contratado pela ENI e pela GALP para o furo de Aljezur", tenha saído "de Walvis Bay, na Namíbia", deslocando-se "na direcção de Portugal".

A petrolífera italiana Eni detém uma participação maioritária de 70% na parceria com a Galp (30%) para a prospecção de petróleo na costa alentejana, onde detém três concessões, denominadas Lavagante, Santola e Gamba, que abrangem uma área total de aproximadamente 9.100 quilómetros quadrados.

Em conferência de imprensa, no final do mês de Julho, o presidente da Galp Energia, Carlos Gomes da Silva, disse que o consórcio tem "tudo preparado para avançar" com o furo exploratório no mar, a 46 quilómetros ao largo de Aljezur e a 80 quilómetros de Sinesno próximo ano.