E se a legalização da cannabis ajudasse a pagar um rendimento básico para todos?
Os impostos provenientes de uma eventual legalização da cannabis no Canadá poderiam ajudar a pagar o rendimento básico no país, sugere investigadora da Universidade de Manitoba, que está em Lisboa.
Evelyn Forget é uma economista canadiana, investigadora da Universidade de Manitoba. Participou em vários projectos-piloto de rendimento básico no Canadá e noutros países. Nesta segunda-feira foi uma das oradoras do primeiro dia do Congresso A Implementação de um Rendimento Básico, organizado pela Associação Rendimento Básico Incondicional Portugal, em parceria com várias universidades portuguesas, o PAN e o movimento Unconditional Basic Income Europe (UBIE).
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Evelyn Forget é uma economista canadiana, investigadora da Universidade de Manitoba. Participou em vários projectos-piloto de rendimento básico no Canadá e noutros países. Nesta segunda-feira foi uma das oradoras do primeiro dia do Congresso A Implementação de um Rendimento Básico, organizado pela Associação Rendimento Básico Incondicional Portugal, em parceria com várias universidades portuguesas, o PAN e o movimento Unconditional Basic Income Europe (UBIE).
Como podem os países financiar um rendimento básico?
Depende sempre da forma como este rendimento é definido. No contexto canadiano, as experiências mostram que [um rendimento básico para adultos trabalhadores] custaria o mesmo que outros programas sociais financiados pela Segurança Social. Custa menos do que os programas de assistência a idosos, um pouco mais do que os programas para apoio de crianças. É uma política razoável. Como pagamos por isto? Temos impostos que geram imenso dinheiro. No Canadá, temos o imposto sobre o carbono [conhecido como carbon tax] que vai gerar imenso dinheiro e falamos, também, de legalizar a cannabis, o que vai encher os cofres do Estado. Trata-se ainda de questionar algumas das vantagens fiscais de pessoas com grandes rendimentos.
Há uma discussão sobre se a criação de um rendimento básico fortalece ou enfraquece a cultura de trabalho. Qual é a sua opinião?
Já sabemos que algumas pessoas vão trabalhar menos. Pessoas no início e no fim das suas carreiras vão provavelmente trabalhar menos. Mas a maioria das pessoas tiram satisfação dos trabalhos que fazem. O trabalho é de facto bastante importante para as pessoas e, muitas vezes, uma realização pessoal.
Acho que não nos devemos preocupar. Algumas vão enveredar por actividades de solidariedade, em prol da comunidade, ou trabalhos até agora considerados informais. É uma forma de justiça social para os trabalhos não renumerados que beneficiam a comunidade. Não é apenas o trabalho formal que contribui para o esforço comum e para a sociedade. Há outras formas que hoje não são reconhecidas com nenhum rendimento.
Considera que é uma questão de liberdade?
Sim, sem dúvida. Se temos segurança económica, temos a liberdade de tomar as nossas decisões.