Porto Rico pode ficar às escuras durante meses depois do furacão Maria

Autarca da capital porto-riquenha apontou entre quatro a seis meses para o total restabelecimento da electricidade. Governador é mais cauteloso, mas as consequências para a frágil economia da ilha podem ser devastadoras.

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Reuters/CARLOS GARCIA RAWLINS

A estimativa foi dada pela autarca da capital de Porto Rico, Carmen Yulín Cruz, na semana passada à NBC News: o restabelecimento completo da electricidade da ilha que alberga cerca de 3,5 milhões de pessoas pode demorar entre quatro a seis meses, como consequência da devastadora passagem do furacão Maria. “A San Juan que conhecíamos já não existe”, dizia. O governador de Porto Rico não foi tão longe.

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A estimativa foi dada pela autarca da capital de Porto Rico, Carmen Yulín Cruz, na semana passada à NBC News: o restabelecimento completo da electricidade da ilha que alberga cerca de 3,5 milhões de pessoas pode demorar entre quatro a seis meses, como consequência da devastadora passagem do furacão Maria. “A San Juan que conhecíamos já não existe”, dizia. O governador de Porto Rico não foi tão longe.

As consequências económicas para a ilha, que se encontra numa profunda crise económica que obrigou, em Maio deste ano, a accionar os procedimentos semelhantes aos utilizados em casos de falências para conseguir reduzir a dívida, podem ser tão ou mais devastadoras do que o furacão em si.

Relata a Bloomberg que, na sexta-feira, o cenário no aeroporto de San Juan era o espelho daquilo que se passa um pouco por todo a ilha. Abandonado, sem electricidade – o que significa falta de ar condicionado, numa região tropical e no período mais quente do ano –, os tectos a ceder e o chão molhado. Para além disto, a inoperabilidade do aeroporto obriga a que centenas de pessoas estejam ainda à espera para deixar o território.

Toda a electricidade de Porto Rico está a cargo da Autoridade de Energia local, cujo sistema foi amplamente danificado pela passagem do Maria, encontrando-se totalmente fora de funcionamento. Calcula-se que mais de metade das torres de electricidade de todo o território tenham sido derrubadas, sendo que pelo menos 90% das suas linhas de distribuição devem ter sido danificadas ou completamente destruídas.

Em 32 anos de trabalho, Wendul G. Hagler II, membro da Guarda Nacional que está envolvido nas operações de recuperação da ilha, disse à Bloomberg, apesar de estar habituado a cenários de destruição, nunca viu estragos desta dimensão.

Segundo as contas da Bloomberg, o Maria poderá ter causado prejuízos que podem ir dos 40 aos 85 mil milhões de dólares (dos cerca de 33 aos mais de 71 mil milhões de euros) em todo o Caribe.

Apesar das projecções sobre o restabelecimento da electricidade da autarca de San Juan, o governador porto-riquenho, Ricardo Rosselo, é mais cauteloso. “É uma coisa gradual”, afirmou, explicando que é necessário “não alarmar as pessoas”.

No entanto, as linhas telefónicas e as ligações à internet também não funcionam em grande parte da ilha, o que dificulta os contactos entre os civis e os serviços de emergência, assim como entre familiares.

Esta segunda-feira, o Departamento de Energia dos Estados Unidos, que está a supervisionar a assistência na ilha, informa que existem duas centrais eléctricas a funcionar, embora não seja possível difundir a energia devido aos danos nos cabos e no sistema de transmissão por todo Porto Rico.

Outra fonte de energia sofreu igualmente graves danos: as centrais hidroeléctricas. No sábado à noite, Rosselo alertou, inclusivamente, que a qualquer momento pode rebentar a barragem de Guajataca, no noroeste da ilha. Cerca de 70 mil pessoas que vivem nas proximidades receberam ordens para abandonar as suas casas.

Começaram já a chegar à ilha navios e aviões transportando geradores, água, comida e telefones por satélite, bem como quatro mil reservistas do Exército norte-americano para acelerar as operações de auxílio. E mais meios chegarão nos próximos dias. O objectivo é restaurar a normalidade o quanto antes, mas, neste momento, a grande prioridade é levar electricidade a infra-estruturas críticas como o aeroporto, a distribuição de água potável e os hospitais.