Os recreios da escola têm pouca qualidade

Um estudo concluiu que as escolas apresentam "índices baixos de espaços verdes por criança, têm uma elevada exposição solar durante o período quente e uma quase total inexistência de elementos que promovam o conforto bioclimático no recreio".

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Pedro Cunha

Um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) critica a qualidade dos recintos escolares que conclui terem espaço insuficiente, poucas zonas verdes por criança e onde os estímulos naturais estão a ser substituídos pelos digitais.

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Um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) critica a qualidade dos recintos escolares que conclui terem espaço insuficiente, poucas zonas verdes por criança e onde os estímulos naturais estão a ser substituídos pelos digitais.

O estudo desenvolvido pela UTAD, localizada em Vila Real, debruçou-se sobre o planeamento do recreio escolar, contou com a colaboração do Instituto da Criança e foi divulgado nesta segunda-feira, em comunicado.

"O jardim-escola já não é jardim e os recreios das escolas têm sido transformados em pátios inertes e acéticos, qual presídio", alertou o investigador da UTAD, Frederico Meireles.

O também arquitecto paisagista e director do mestrado em arquitectura paisagista da academia transmontana afirmou que "os recintos escolares não são providos de espaço suficiente, nem tão pouco de diversidade de elementos".

"Os ambientes de brincadeira e de estudo estão mais próximos e contidos do que nunca e a variedade de estímulos no ambiente natural está a ser substituída por outros, de natureza digital, limitando as oportunidades para a actividade física", acrescentou.

O estudo concluiu que as escolas apresentam "índices baixos de espaços verdes por criança, têm uma elevada exposição solar durante o período quente e uma quase total inexistência de elementos que promovam o conforto bioclimático no recreio".

Apontou ainda que "os elementos construídos são insatisfatórios quanto ao desempenho no desenvolvimento das capacidades e competências da criança, revelando insuficiências notórias, quer quanto ao número de equipamentos, quer face às necessidades dos utilizadores, o que, no final, se traduz numa baixa capacidade de fomentar o desenvolvimento de novas actividades e brincadeiras".

Frederico Meireles lembrou a recente decisão do Governo em aumentar os tempos de intervalo no 1.º ciclo e assinalou o paradoxo de "os programas escolares negligenciarem repetidamente as actividades lectivas no exterior, preferindo um controlo sobre a criatividade".

"Os próprios projectos de requalificação das escolas vêm descurando a importância do espaço exterior na educação social, estética e ecológica", sustentou.

Num estudo anterior, a UTAD avaliou os espaços exteriores de 20 escolas secundárias intervencionadas pelo programa Parque Escolar e concluiu que "a área total de recreio nas escolas secundárias nacionais é muito reduzida, apresentando um défice de cerca de 80% inferior ao cenário ideal".