Morreu Liliane Bettencourt, a mulher mais rica do mundo e herdeira da L'Oréal
A viúva de 94 anos era, segundo a Forbes, a mulher mais rica do mundo, com uma fortuna de mais de 37.000 milhões de euros.
A herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt, morreu aos 94 anos nesta quinta-feira, anunciou a família, avança a Euronews. “Liliane Bettencourt morreu esta noite em sua casa. Ela faria 95 anos a 21 de Outubro. A minha mãe morreu em paz”, escreveu a filha, Françoise Bettencourt-Meyers, num comunicado.
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A herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt, morreu aos 94 anos nesta quinta-feira, anunciou a família, avança a Euronews. “Liliane Bettencourt morreu esta noite em sua casa. Ela faria 95 anos a 21 de Outubro. A minha mãe morreu em paz”, escreveu a filha, Françoise Bettencourt-Meyers, num comunicado.
Segundo a revista Forbes, a herdeira da L'Oréal era a mulher mais rica do mundo, com uma fortuna na casa dos 37 mil milhões de euros. No entanto, na lista dos mais ricos, Liliane Bettencourt ficava em 14.ª posição.
Liliane Bettencourt herdou a empresa em 1957, quando o pai morreu. Eugene Schueller fundou a L'Oréal, inicialmente chamava-se L'Auréale, em Paris, em 1907. Se o pai foi um pequeno fabricante de tintas para o cabelo que descobriu uma fórmula que não era tóxica — a empresa começou a ganhar fama quando mulheres como Coco Chanel decidiram pintar o cabelo —, a filha tornou a L'Oréal uma das maiores empresas do mundo — com produtos que vão da coloração do cabelo à maquilhagem, passando pelos cuidados da pele e protecção solar. E com marcas que vão das mais acessíveis e à venda no supermercado, como a Garnier ou a Maybelline, às mais caras, como a Lancôme ou a Balmain. A L'Oréal está em 140 países e emprega mais de 75 mil pessoas.
A viúva do ex-ministro conservador Andre Bettencourt era detentora de um terço da L'Oréal, e os últimos anos da sua vida, desde que o marido morreu em 2007, foram passados em guerras judiciais com a sua única filha, Françoise Bettencourt-Meyers (na foto com a mãe, em 2016). Desde que Liliane Bettencourt abandonou a direcção da multinacional, em 2012, raramente era vista em público, em parte por sofrer de demência. À frente da companhia ficou um dos seus netos.
A filha sempre alegou que a mãe se encontrava doente e, por isso, deveria ser considerada inimputável, sobretudo depois de ter oferecido a um amigo — François-Marie Banier, escritor, actor e fotógrafo —, ao longo de vários anos, cerca de mil milhões de euros em dinheiro, seguros de vida e presentes, entre eles obras de arte de Picasso, Matisse, Mondrian, Delaunay, Léger e Man Ray. Em 2007, depois da morte do pai, Françoise Bettencourt-Meyers fez uma queixa contra Banier (em baixo), acusando-o de explorar a mãe, sendo aberto um processo de investigação que durou dois anos. O tribunal pediu a Liliane Bettencourt que se submetesse a exames médicos para avaliar o seu estado, mas esta sempre recusou. Banier chegou a estar no testamento de Liliane, mas foi retirado em 2010. Em Maio de 2015, o artista foi condenado a três anos de cadeia, com seis meses de pena suspensa, a pagar 250 euros à família Bettencourt e a devolver 15 milhões de euros.
Em consequência desta relação, assim como de outros escândalos — nomeadamente do alegado financiamento da campanha presidencial de Nicolas Sarkozy e das perdas de investimento no esquema Ponzi de Bernard Madoff —, em 2011 a justiça francesa nomeou Françoise Bettencourt-Meyers e os seus dois filhos responsáveis por Liliane.
Colar rótulos nas férias
Liliane Schueller nasceu em 1922 e cedo ficou orfã de mãe, conta o Le Monde, por essa razão foi interna para um convento dominicano em Lyon, onde cresceu, enquanto o pai pesquisava e fazia crescer a empresa criada em 1907 – a L'Oréal é conhecida pela investigação e também por premiar as mulheres na área da ciência.
Tal como muitos outros herdeiros, Liliane aprendeu o ofício a partir de baixo. Aos 15 anos e durante as férias, o pai envia para uma das fábricas para colar rótulos nas embalagens de champôs. Aos 27 anos casa com Andre Bettencourt, um conhecido político conservador que era muito amigo de François Mitterrand. O casal tem uma única filha, Françoise Bettencourt-Meyers, nascida em 1953.
A L'Oréal ficou marcada pela "ambivalência" do seu fundador, refere o Le Monde. Por um lado, Schueller simpatizava com o regime nazi, os seus pais eram alemães, e apoiou um grupo extremista e anti-semita francês durante a Segunda Guerra. Por outro, protegia os seus trabalhadores de origem judaica.
O casamento de Françoise causa alguma celeuma porque o escolhido é Jean-Pierre Meyers, judeu e neto de um rabi morto em Auschwitz. A neta de Schueller decide, depois de casada educar os seus filhos como judeus.