Pilotos da Ryanair rejeitam pagamento adicional para trabalhar nos dias de folga
Pilotos da companhia aérea irlandesa dizem que não vão trabalhar mais do que está determinado no contrato de trabalho.
Um grupo de pilotos da Ryanair rejeitou a oferta da companhia aérea que lhes oferecia um pagamento adicional se voassem durante os dias de folga. A proposta da companhia irlandesa surge como forma de evitar mais cancelamentos e atrasos nos voos, depois de a Ryanair ter anunciado o cancelamento de 50 voos por dia até ao fim do mês de Outubro.
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Um grupo de pilotos da Ryanair rejeitou a oferta da companhia aérea que lhes oferecia um pagamento adicional se voassem durante os dias de folga. A proposta da companhia irlandesa surge como forma de evitar mais cancelamentos e atrasos nos voos, depois de a Ryanair ter anunciado o cancelamento de 50 voos por dia até ao fim do mês de Outubro.
Numa carta, a que o jornal britânico The Guardian teve acesso, os pilotos recusam a oferta monetária e alertam que não vão trabalhar mais para além do que está estabelecido no contrato de trabalho.
“Gostaríamos de avisar que, com efeito imediato, os pilotos dos aeroportos listados em baixo rescindem a boa vontade que tiveram ao longo dos anos pela companhia aérea”, afirmam os pilotos, considerando que “a oferta não é adequada”.
A companhia aérea anunciou esta semana que iria oferecer um pagamento adicional aos pilotos – 12.000 euros aos comandantes e 6000 euros para co-pilotos – que trabalhassem dez dias de folga entre 15 de Setembro deste ano e 31 de Outubro de 2018. Segundo a BBC, a carta foi assinada por pilotos de 30 dos 80 aeroportos onde a companhia trabalha, incluindo da Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Suécia.
Já esta sexta-feira, a Ryanair anunciou que os pilotos que auxiliem a companhia aérea a combater a falta de tripulantes vão receber um aumento salarial de 10.000 euros anuais. Citado pela agência Reuters, o presidente-executivo da companhia aérea, Michael O'Leary, explica que a oferta foi feita para os pilotos do aeroporto de Londres, Dublin, Berlim e Frankfurt, os maiores aeroportos onde a companhia actua. O responsável acrescenta ainda que existe a possibilidade de a oferta ser alargada a outros aeroportos, porém, é necessário que estes tenham pilotos adicionais.
Na segunda-feira, Michael O'Leary assegurou que o cancelamento de voos não se deve à falta de pilotos, mas sim a um "erro" na distribuição de férias, pelo qual assumiu "toda a responsabilidade pessoal". "Houve uma falha na distribuição das férias e não temos uma reserva de pessoal suficiente para enfrentar os transtornos sofridos”, explicou o responsável da empresa.
Os pilotos que aceitarem a proposta da companhia devem completar mais de 800 horas de voo durante 12 meses, até Outubro do próximo ano. Os trabalhadores estão ainda proibidos de terem mais do que quatro faltas autorizadas.
Contudo, a grande maioria dos pilotos nunca completou 800 horas de voo num período de um ano. “Os pilotos analisaram os seus registos de voo e muitos deles nunca completaram 800 horas de voo num período de 12 meses”, explicam os trabalhadores.
Segundo o jornal Financial Times, a companhia aérea afirmou que este assunto seria debatido nesta quinta-feira, durante o encontro anual da companhia aérea, em Dublin.
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) acusou a companhia aérea de desrespeitar os direitos dos passageiros afectados pelo cancelamento dos voos, alertando que os lesados podem pedir uma indeminização que pode chegar aos 400 euros.
A partir desta quinta-feira até ao final do mês de Outubro, a companhia aérea vai cancelar 346 ligações – 173 voos – de e para Portugal. Os aeroportos de Lisboa e do Porto serão os mais afectados no país. No início da semana houve o registado de 20 voos cancelados no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto.